Capitulo 4

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S/n Evans Point of View

Se eu disser que sou o assunto da escola INTEIRA, acredite! Eu sou.

Não sei quantas pessoas vieram falar comigo, me sinto uma celebridade. Me perguntam sobre isso e eu as vezes nem sei como reagir.

"Isso" que eu digo, é minha interssexualidade. Estou pouco me fodendo sobre o que as pessoas acham disso e até porque, não me afeta mais em nada.

Agora estou no intervelo, entrando no refeitório.

Uma menina da minha sala que senta à minha frente puxou assunto comigo durante as aulas, ela disse que luta no time da escola e que seremos colegas. Emendamos numa conversa bacana.

Ela é bem legal e nos demos super bem, seu nome é Hailee e ela é gata.

Hailee nos guiou até uma mesa com umas oito garotas, nos sentamos e ela me apresenta.

— Gente, como todas devem saber essa é S/n e ela vai andar com a gente a partir de agora. - Todas sorriem para mim dizendo "Oi". — Ela se cadrastou no time e vai fazer o teste. Ah, S/n, essas são as demais lutadores que eu te falei.

— Nem precisava dizer, a gente já tem a ficha dela completa, se boboear, temos até o número do CPF . - Diz uma menina ruiva, de forma divertida — Eu sou Liz, muito prazer. - Acenou e eu sorri em comprimento.

Logo todas se apresentaram e iniciamos uma conversa que durou o intervalo inteiro.

[...]

— Anda logo Normani, eu quero ir embora - Digo impaciente vendo Normani se despedir de suas amigas. Ela faz amizades tão rápido...  — Mãe, buzina aí, ela está demorando muito. - Mamãe nem me dá atenção.

Normani enfim encerra a conversa e vem andando lentamente até o carro.

— Apressa o passo, porque tem que enrolar tanto? Odeio esperar. - Digo impaciente.

Depois de enrolar na pequena caminhada até o carro ela entra e me olha debochada.

— Parece que o feitiço se virou contra o feiticeiro. Acho que o jogo virou não é mesmo? - Reviro os olhos.

— Há há há que engraçado. - me dá língua.

Normani e mamãe batem um High Five e zombam de mim. A mais mais velha dá partida seguindo o caminho de volta para nossa casa.

— E então, como foi a manhã de vocês? Gostaram da escola nova? - Pergunta enquanto presta atenção na rua.

— Eu gostei, as pessoas são legais. - Normani conta dando de ombros. — S/n virou o assunto da escola, todos falam dela, mal chegou e já está famosa. Celebridade que fala, não é mana? - Diz rindo e eu reviro os olhos.

— Como assim "virou assunto" - A mais velha pergunta preocupada me dando uma rápida olhada pelo retrovisor. Mesmo depois de toda a minha superação, ela continua se preocupando com esse tipo de coisa.

— Não sei como, mas descobriram que ela tem uma tromba e estão comentando, tipo, a escola TODA sabe. Incluindo o fato de que também sabem que ela provavelmente vai ser a nova integrante do time de MMA da escola. - Normani abre a boca falando até os cotovelos.

— Ai meu Deus! Como foram descobrir?! Filha, você está bem? Eles disseram coisas maldosas ou alguém chegou a implicar com você? Está tudo bem? -  Minha mãe me bombardeia de perguntas freando o carro bruscamente. Meu corpo é jogado para frente então seguro a porta e olho para ela assustada.

Normani olha com os olhos arregalados por ser pega de surpresa com a freada maldita.

— Diz alguma coisa! - Grita ansiosa.

— Mãe, para de berrar no meu ouvido, eu estou do seu lado! Eu estou bem, não precisa ficar preocupada. E não, eles não disseran coisas maldosas, não na minha frente... - Olho para trás vendo as árvores. Pelo menos não vinha carro atrás.

— Você pode por favor dar partida, se acalmar  e então irmos pra casa? - Falo e ela respira fundo e liga o carro logo saindo do lugar. — E foi eu mesma que disse que sou interssexual. - Digo dando de ombros.

— Ah sim. - Ela diz e logo arregala os olhos. — O que que?! Você que disse? - Pergunta gritando novamente me olhando.

Eu estou do lado dela, me diz, pra que gritar? Por Deus.

Balancei a cabeça positivamente.

— Responde com a boca. - Me repreende.

— Com a boca. - Respondo prendendo o riso.

— Sua idiota, deixe de gracinhas e conversa comigo direito. - Fala impaciente.

— Eu disse que sim oras. - Dou de ombros, sem achar isso grandes coisas.

— Balançar cabeça não é resposta, ainda mais quando eu estiver dirigindo, você sabe que não posso ficar te olhando toda hora. - Resmunga brigando comigo.

— Eu já entendi... - Me encolho no banco sabendo que ela não vai parar de falar.

— Se eu tirar os olhos do caminho pra olhar pra você posso bater, é em fração de segundos que um acidente acontece... - Ela continuava a falar sem parar.

— Certo mã-

— Quando eu estiver falando é pra você ficar c-a-l-a-d-a. Tem que escutar mesmo e escutar quieta, ouviu bem? - Balanço a cabeça que sim me sentindo entediada.

Suspiro fundo e revirei os olhos, sem ela ver, claro.

— Voltando ao assunto, foi eu que disse sim. - Comento, para cortar suas palavras já que ela não parava de brigar comigo.

— E por quê disse? - Normani pergunta

— Porque sim oras. Vocês sabem que eu não escondo mais isso, e além do mais, de um jeito ou de outro eles iam ficar sabendo. É melhor sair da minha boca do que da dos outros. - Na minha cabeça faz sentido.

— E como você contou? - Questiona a mais velha.

— Isso é um interrogatório? Porquê eu me sinto como se estivesse em um interrogatório - Digo arqueando uma sobrancelha.

— É sim, agora fale.

— Não foi nada de mais, a professora me pediu para me apresentar e eu o fiz caramba. - Dessa vez, sou eu a que fala impaciente.

— Então tá... - As duas falam juntas.

[...]

— Quando o almoço estiver pronto eu te aviso - Mamãe diz e eu viro e falo "ok" para logo em seguida continuar a subir a escada.

Entro no meu quarto e penduro minha mochila, vou me despindo e quando me encontro completamente nua entro no banheiro para tomar um banho.

Saio do box indo até o closet e pego algumas roupas. Termino de vestir um top e uma cueca e me jogo na cama, olho para o teto me lembrando das horas anteriores em que passei na escola.

Foi bem louco!

Não me senti incomodada em momento algum, mesmo com olhares grosseiros que recebi, poucos, mas assim mesmo recebi.

Não observei quase ninguém dentro da sala, só uma garota que me chamou atenção. Quando eu estava me apresentando, falei que sou brasileira e uma garota gritou do nada que ama brasileiras. Foi justamente essa garota que me chamou atenção.

Eu não tinha a visto ali antes do que ela disse, como falei, não reparei em ninguém, mas depois que ela se manifestou eu comecei a prestar mais atenção nela.

Mesmo de longe é visível o quão bela ela é.

Não sei o que me deu mas no meio da aula, virei para trás para ver se conseguia visualizá-la melhor e, justo naquela hora que eu olhei, ela também olhou para mim.

Ela é muito linda, imagina quando eu ver de perto.

Céus...

Amar Você (Camila/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora