PRÓLOGO

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Não sei se era por causa da tensão e do medo que eu estava sentido, mas aquela parecia a noite mais gelada do ano. Mesmo no frio, minha testa escorria suor sem parar. As árvores ao nosso redor balançavam com o vento de agosto. A brisa gelada batendo em meu rosto como água bate em rocha. Eu estava tremendo tanto, quase não conseguia parar em pé. Meu rosto completamente sujo de barro; assim como as minhas roupas, antes brancas, agora estão completamente encardidas.

Continuo jogando terra em cima do corpo que está no buraco cavado por mim. Olho para a garota que está sentada e escorada em uma árvore com os braços ao redor do joelho. Ela não para de chorar. Seus cabelos estão emaranhados e sua roupa também está encardida. Ela olha para mim. Ao ver seu rosto em prantos, não consigo me conter. As bordas dos meus olhos começam a arder, e lágrimas quentes descem pela minha bochecha gelada.

Quando o buraco – cova – está completamente tapado, jogo a pá de lado e, sem estruturas, cambaleando, vou até a garota escorada na árvore. Sento-me ao seu lado. Ela, então, coloca sua cabeça sobre meu ombro e começa a chorar ainda mais. Passo minha mão suja de barro em seu rosto, que está gelado.

Abraço-a, e, ali, no meio da noite mais fria do ano, entre as árvores que não param de balançar com o vento, eu e a garota que está ao meu lado enterramos uma pessoa.

Diz que você me ama (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora