CAPÍTULO 8

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Os dias se passam em um flash, e quando percebo, quase um mês se passou. Os dias se passaram completamente tediosos, e sempre repetitivos: Levanto cedo para trabalhar, volto pra casa, tomo um demorado banho, sento na minha cama e leio algum livro. No outro dia, faço as mesmas coisas.

Eu não tinha o hábito de ler, mas como ficava sem nada para fazer – e não gosto de assistir televisão –, eu resolvi comprar alguns livros, até que montei uma estante de madeira e coloquei-a do lado da janela do meu quarto. Ela está quase cheia. Quase todos os livros ali são de fantasia ou romance sobrenatural, que são os meus gêneros favoritos. O hábito de leitura foi mais para ficar dentro do meu quarto e evitar Milene.

Ela ainda está morando comigo, mas está dormindo no sofá e continua ajudando com as despesas. Se ela for embora, quero que vá por conta própria, pois, conhecendo Milene como conheço, ela chegaria às pessoas dizendo que eu mandei-a embora, e como moramos em uma cidade não muito grande, eu seria mal falado.

Hoje é sábado, e mais cedo recebi uma ligação do Otávio dizendo que teria uma festa no All Black, uma das baladas mais famosas da cidade. Ele me perguntou se eu estaria a fim de ir. Pensei um pouco antes de responder, mas como não estou fazendo nada, e esses últimos dias foram completamente tediosos, resolvi aceitar. Otávio disse também que passaria aqui em casa junto com Sarah – sua namorada – para pegar carona comigo às 20H, pois o seu carro estragou.

***

Depois do banho, ao entrar no meu quarto, vejo Milene só de calcinha e sutiã pretos, o mesmo que a dei porque na época eu tinha gostado dos detalhes de renda. Ela estava parada em frente ao espelho da porta de correr do guarda-roupa fazendo baby liss em seu cabelo que batia um pouco abaixo dos ombros. Pego-me com uma vontade enorme de pergunta-la para onde ela está indo, mas me lembro de que não estamos conversando, e deixo pra lá. Afinal, a vida é dela, e ela faz o que bem quiser.

Paro atrás de Milene, que me encara pelo espelho. Solto uma tosse falsa, e ela logo entende o que eu quis dizer. Ela se afasta. Abro a porta do guarda-roupa e, lá dentro, há várias camisas penduradas em cabides. Me pego um pouco surpreso, pois eu mesmo tinha me esquecido de quanta roupa de sair eu tinha. Passo um tempinho pra escolher uma blusa e, do espelho, vejo Milene revirar os olhos e bufar de tédio; aquilo tira um risinho dos meus lábios. Acabo escolhendo uma blusa azul-escuro que tem botões na frente e detalhes brancos nos pulsos e na gola-polo.

Visto uma calça jeans, calço uma bota masculina marrom e abotoo a blusa.

- Vai a algum lugar? – Milene me pega de surpresa.

Ela, agora, está passando maquiagem. Seus cachos estão prontos, impecáveis.

- Sim. – Digo, sem parar de abotoar a minha blusa. – E você?

- Uhum...

A conversa termina ali. Por mais que tenham sido poucas palavras, foi a primeira conversa que tivemos há dias. Eu não sei se devia, mas fiquei feliz por aquilo. Mas fui invadido por um pouco de ciúmes também, fiquei com vontade de pergunta-la aonde ela iria. Mas me contive.

Após terminar de me arrumar, sento-me no sofá à espera de Otávio e Sarah. Mas logo tenho que me levantar novamente, pois o interfone é tocado. Ao atender, a pessoa do outro lado diz "sou eu", mas eu sei que são eles, então destravo o portão principal para que eles possam entrar.

Já dentro do meu apartamento, cumprimento o casal, e depois nos sentamos no sofá, só pra colocar o papo em dia.

- Então, como estão seus estudos? – Pergunto para o Otávio.

Diz que você me ama (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora