CAPÍTULO 10

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No caminho à casa dos meus pais, passo em frente à padaria onde eu e Karine nos encontramos pela última vez. Uma bad toma conta de mim por causa da lembrança. Fiquei dias sem nem pensar nela, e por um instante eu me esqueci de sua existência. A tristeza se abate ainda mais. Foram tantos problemas casuais e amorosos que não me lembrei realmente de Karine. Aquilo me doeu de verdade, pois Karine tem problemas depressivos. Ela precisa de ajuda.

Ai, Deus. Como ela deve estar agora?

Ao bater à porta da casa dos meus pais, ela é aberta imediatamente. Uma senhora de pele escura sai, seguida por minha mãe.

- Ah, oi meu filho. – Eu ainda rio pela minha mãe não saber falar corretamente o "lh" por causa do sotaque japonês.

- Quem era? – Pergunto, apontando para a senhora que acabara de sair.

- Só mais uma cliente querendo se dar bem na vida amorosa. Entre.

Assim que entro, sou invadido pelo cheiro de essências extremamente forte; ainda mais forte que da última vez que estive ali. E a lembrança daquele dia me vem à mente, e sinto um arrepio na espinha com a imagem da minha mãe com os olhos revirados. Sinto calafrios ao sentir a mesma presença que senti naquele dia, quando mãos fortes me fizeram sentar a força.

- É sério? – Pergunto com as sobrancelhas erguidas. – Aquela senhora parece ter uns... Sei lá. Setenta e cinco anos.

- Setenta e sete. – Minha mãe responde, sentando-se no sofá.

- O quê? Isso é sério? – Sento-me ao seu lado.

- E por que não seria?

- Se eu estivesse sozinho com setenta e sete anos, já teria desistido há muito tempo de procurar minha alma gêmea. – Minha mãe me encara com uma cara de boche. – Que foi?

- Não seja tão fraco. A vida é curta e temos que aproveita-la da melhor maneira possível. Independente da sua idade.

Concordo com a cabeça, pois ela tem toda razão.

- Então. – Começo. – Já que estamos falando sobre a vida. Vamos falar sobre a minha.

Meu sorriso vai de uma orelha à outra. Minha mãe sempre quis ser avó, mas me pego com medo da sua reação. Será que ela vai dizer que estou novo demais?

- Por que tá sorrindo desse jeito, igual o Coringa?

Começo a rir, mas logo me recomponho.

- Mãe... Você vai ser vovó.

Falo naturalmente e calmamente. Mas por dentro parecia que fogos de artifícios estavam sendo estourados no meu estômago.

Minha mãe inspira com ferocidade e coloca a mão sobre o coração, e paralisa naquela posição.

- Mãe? – O sorriso do meu rosto se esvai.

- Eu não acredito. – Ela fala tão baixo que quase não ouço.

Mas então ela se levanta.

- EU NÃO ACREDITO QUE VOU SER VOVÓ! – Minha mãe grita com os braços abertos. – AAAAAAAAH!

Sou esmagado por um abraço. Eu acho que ela gostou da notícia. Só acho mesmo... O sorriso volta ao meu semblante, desta vez ainda mais largo.

Diz que você me ama (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora