CAPÍTULO 20

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Esse capítulo está pequeno, então resolvi posta ele mais cedo! :)

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- Dylan, calma. Eu posso explicar, por favor, deixe-me falar.

A raiva que eu estava sentindo de Milene era tão grande que eu tinha vontade de sair quebrando tudo na minha casa para não fazer coisa pior. Nunca senti minha respiração tão pesada em meu peito. Minhas mãos estavam cerradas na lateral do corpo, as unhas arranhando tão forte as palmas das minhas mãos que saía sangue.

Como não consegui dizer nada, Milene prosseguiu:

- Eu também não sabia que eu era estéreo, juro por tudo que é mais sagrado. – Os olhos dela brilhavam com lágrimas, e seu tom de voz era desesperado; eu quase acreditei que era verdade. – Só descobri naquele dia no hospital, quando o Dr. Daniel me disse.

- E por que não me disse, Milene? – Eu não conseguia me conter, eu estava gritando. – Por que falar que estava grávida, quando nunca esteve?

As lágrimas que Milene lutava para segurar começam a escorrer pelas bochechas. Eu sei que não deveria, mas aquelas lágrimas me pareceram sinceras mesmo.

- Você estava com raiva de mim, Dylan. Você não conversa mais comigo.

- Milene, você beijou um garoto dentro do nosso quarto, se lembra disso? – Eu não conseguia esconder a incredulidade. – Eu estava com raiva sim.

- Foi por isso que eu inventei que estava grávida. Eu sabia que se eu falasse isso, você voltaria a conversar comigo.

Coloco as mãos sobre o rosto.

- Meu Deus. Como você teve coragem? – Eu sussurrava. Afasto as mãos do rosto e encaro-a. – Mas a sua barriga estava crescendo. Eu percebi isso.

- Eu... Eu tive que começar a engordar.

Solto uma risada debochada.

- Eu não acredito no que estou ouvindo. VOCÊ LOUCA, GAROTA! LOUCA!

- Não, eu não sou louca. – O tom de Milene agora era afiado. – Você sabe por que eu beijei aquele garoto? Sabe, Dylan?

A verdade é que eu não queria saber, por isso não respondi. Ela, então, prosseguiu:

- Lembra quando eu fui para o acampamento e você ficou? No domingo, o dia de voltar, eu resolvi vir embora mais cedo. E por ironia do destino eu passei em frente à padaria Prado, onde você estava com aquela garota loira. – Milene fala as últimas palavras como se tivesse nojo. – É aquele ditado: chifre trocado não dói, não é mesmo?

Eu me lembro deste dia. Foi a primeira vez que me encontrei com Karine, mas não é nada disso o que Milene está pensando. Isso é uma coisa que eu sempre odiei nela; ela sempre presume as coisas, nunca tem certeza.

Eu estava suando de tanto ódio.

- LOUCA! VOCÊ É LOUCA! – Voltei a gritar. – Não é nada disso do que você tá pensando. Eu não estava te traindo, Milene. Karine é só uma amiga...

- Uma amiga? – Milene solta em um tom que eu acho ser zombeteiro. Ela cruza os braços sobre o peito. – Sei...

Olho-a com olhos cerrados. Se eu não conhecesse Milene, diria que ela está escondendo alguma coisa de mim. Mas não quero saber. Fecho os olhos e respiro fundo.

- Olha, eu não quero saber mais de nada. Faça suas malas e vá embora. Você tem dez minutos. – A minha voz sai tão firme que eu mesmo me surpreendo.

- O quê? – Milene deixa os braços se soltarem nas laterais do corpo e me olha com incredulidade. – Mas eu não tenho para onde ir. Você sabe...

- O que eu sei é que eu não quero mais ver você aqui nunca mais. – Saio do quarto e, antes de fechar a porta atrás de mim, grito: – Dez minutos!

***

Os dez minutos foram realmente contados. Quando eu vi – pelo relógio de parede acima do painel da TV – que o tempo tinha se esgotado, levantei-me do sofá e fui em direção ao meu quarto. Mas antes que pudesse colocar a mão na maçaneta da porta, ela se abriu, e Milene saiu com uma mochila nas costas, e ela puxava uma mala de rodinhas. Seu cabelo estava tão bagunçado que parecia que ela tinha acabado de acordar de um longo coma. Sua maquiagem completamente borrada por causa das lágrimas. É como se ela tivesse chorado em silêncio dentro do quarto, desamparada. Aquela cena doeu bem no lugar mais profundo do meu coração.

Por que, Milene? Por quê? Eu te amava. Mas você me traiu e mentiu para mim no momento mais difícil da minha vida, onde eu ainda estou tentando superar a morte dos meus pais.

Ela passa por mim, olhando para o chão. Ouço um soluço saído do fundo da garganta, como se ela estivesse engolindo lágrimas, impedindo-as de sair.

Sem dizer mais um 'A', Milene caminha até a sala, em direção à saída. Ela chega a abrir a porta, mas antes que ela possa sair, digo com dificuldade:

- Milene. – Ela para e, vagarosamente, se vira para mim, mas sem me encarar. – As chaves, por favor.

Ainda sem dizer nada, ela coloca a mão dentro do bolso da calça, e de lá tira um punhado de chaves juntas em um chaveiro. São as chaves de todas as portas do meu apartamento. Milene levanta o braço e as estende em minha direção. Pego-as com cuidado, as chaves tilintando no ar.

Milene se vira para a saída novamente, mas desta vez a deixo sair, ainda com aquela dor no coração. Pois é difícil ver uma pessoa ir embora quando você esteve com ela quase quatro anos. A porta se fecha atrás dela com suavidade.

E então me ajoelho no chão, e deixo as lágrimas jorrarem. Tapo a boca com as mãos para abafar os gritos. Deito-me no chão, cubro meu rosto com as mãos. Tá doendo muito. O meu coração. Alguém faz parar?

É quando ouço alguém bater na porta. Respiro fundo e solto um soluço, engolindo o choro. Deitado de costas no chão, fico encarando o teto. Seja quem for, eu não vou atender. Não tenho forças para levantar daqui.

Mais batidas na porta. Fecho os olhos com força, querendo que a pessoa do outro lado pare. É quando a pessoa fala:

- Dylan, sou eu, Karine. Abra aporta. Eu sei que está aí.

Diz que você me ama (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora