CAPÍTULO 14

174 29 14
                                    

"Acordei em um quarto onde tudo era completamente branco, inclusive a minha pele, que eu vi em um espelho em frente a maca onde eu estava, minha pele pálida como nunca... O lugar era tão branco que me cegava e, por alguns instantes, antes de me acostumar a visão, eu achei estar no céu; até um homem de roupas brancas vir até mim e colocar um metal frio sobre o meu coração, checando os batimentos."

"- Onde estou? – Pergunto ao moço, tentando me levantar em seguida. Mas falho, pois sinto dor em todo o meu corpo."

"É quando eu percebo que a minha perna esquerda e ao redor das minhas costas estão enfaixadas. Minha cabeça se apoia em um amontoado de travesseiros e, quando levanto um pouco o pescoço, vejo, pelo espelho, alguns hematomas roxos sobre o meu rosto. Uma bandagem foi colocada em minha bochecha."

"- Opa, é melhor você não se mexer, mocinha. – Lembro de o doutor falar, e me deita novamente na maca. – Você quebrou uma perna e fraturou a costela; é melhor descansar. Seus pais estão bem ali, e eles te responderam o que quiser. – Ele aponta para o outro lado da sala, onde uma parede com um painel de vidro separa os meus pais e Kaio de mim. Não vejo Katrina, o que não faz diferença."

"Minha mãe não parava um minuto de chorar. Meu pai com o braço ao redor do ombro dela também chorava. E Kaio me olhava triste, como que se ele tivesse culpa do que aconteceu comigo. Bom... Naquela época eu ainda o culpava por ter contado para a minha mãe. Eu achava que ele tinha me traído, mas hoje eu vejo que ele só queria me ajudar."

"O doutor sai da sala, abrindo passagem para minha família. Minha mãe é a primeira a entrar, corre em minha direção e me esmaga em um forte abraço. Não queria, mas acabo soltando um gemido de dor, fazendo com que ela se afaste."

Dou um pulo de susto quando meu celular começa a tocar, atrapalhando minha leitura. E eu já sei quem é antes mesmo de olhar para a tela: Milene, óbvio. Desligo, pois não estou a fim e nem em condições de falar.

Karine ainda está ao meu lado, chorando e olhando atentamente para mim.

Eu ainda estou perplexo com tudo o que a Karine fez e passou, e eu nem cheguei na metade do diário ainda. Cada página virada é como um chute no estômago. Vai piorando a cada palavra lida.

"Ver a minha família..."

Meu celular toca novamente, mas desligo.

"Ver a minha família ali..."

Outra vez ouço meu celular tocar.

- Droga, Milene! – Solto.

Enterro meu rosto sobre as mãos. Estou cansado, exaurido, destruído, acabado. Respiro fundo e tento contar até 10 para tentar me acalmar. Milene não me deixa em paz um minuto sequer.

Coloco o caderninho sobre a cama e levanto-me. Ao olhar para Karine, vejo que o meu cansaço e os olhos inchados não é nada comparado a ela.

- Tenho que ir, Karine. – Digo baixinho. – Alguma coisa deve ter acontecido para Milene estar me ligando assim, sem parar.

Meu celular toca novamente e, revirando os olhos, nego a chamada e coloco o aparelho no modo silencioso.

- Mas não é melhor você atender? – A voz de Karine sai arranhada.

- Nesta situação que se encontra a minha voz, só daria motivos para Milene desconfiar.

- Desconfiar do que, exatamente?

- Eu não sei. A minha namorada é completamente louca.

E depois te tanto choro e tanta tensão, consigo fazer Karine rir, apesar de ser um simples sorriso, já é o bastante.

Diz que você me ama (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora