Antes de voltar pra casa, fiquei dando voltinhas de carro pela cidade. No som só tocava músicas bad, como "Skayscraper", "Warrior", "Don't Forget", "Stone Cold"... Depois passei em um posto de gasolina para abastecer o carro e, ao perceber que já estava escurecendo, pego meu celular do bolso e olho as horas. Arregalo os olhos ao ver que já são 19:45H. Eu não me lembro de ter ficado tanto tempo andando assim... Enfim, é melhor eu ir pra casa rápido. Milene já deve ter chegado e deve estar se perguntando onde eu me meti. Ciumenta do jeito que é, aposto que está pensando no pior.
***
Do lado de fora do meu apartamento, ouço um som abafado vindo do lado de dentro, acompanhado por várias outras vozes. Encosto meu rosto na porta para ver se o som realmente vem de onde eu moro. Ah, não! Milene aproveitou que estava fora pra chamar o pessoal do acampamento e dar uma festa na minha residência. Ela já fez isso antes, e eu não gostei nada. Mas parece que não adiantou dizer isso pra ela.
Fecho os olhos, respiro fundo e abro a porta. O som fica tão alto que faz a minha dor de cabeça piorar. Pessoas andam para lá e para cá com copos recicláveis nas mãos, nem percebendo que o verdadeiro dono da casa chegou. Entro e fecho a porta atrás de mim com força para ver se alguém me nota. Mas o som está tão alto que eles não ouvem, e as pessoas conversam gritando umas com as outras.
Ando pela a sala da minha casa e, quando passo pelo sofá, vejo dois casais quase fazendo filhos ali mesmo. Eles se beijam com uma intensidade tão grande que parecem engolir o parceiro. Nojo! Continuo andando, até chegar no som, e logo aperto o botão de "off". Tudo para junto com a música: as vozes, os passos, os beijos... Todos paralisados me olhando. Parece até que eu apertei o botão "off" do Planeta Terra. (Seria meu sonho?) Mas eu não ligo nenhum pouco com aqueles olhares confusos e raivosos em cima de mim, afinal, eles estão dentro da minha casa. Eu mando aqui.
A minha cabeça está girando, parece até que eu bebi umas doses alcoólicas. Minha sinusite resolveu atacar mesmo. Não preciso dizer mais nada, eu sei que eles entenderam que a festa acabou assim que desliguei o som. Só espero que eles sejam rápidos para saírem daqui. O que penso agora é em dormir e esquecer esse dia.
Passo pela sala de estar até o corredor, e ali, vejo mais casais agarrados, mas eles não estão se beijando, e sim me encarando. Mas não ligo. O estranho mesmo é que quando chego na porta do meu quarto, o casal se entreolham nervosos. Abro a porta com tudo, e ver Milene beijando um rapaz ruivo e alto faz meu estômago embrulhar.
Ela empurra o garoto para longe e lança um tapa em sua cara.
- Seu idiota! – Milene grita. – Você sabe que eu tenho namorado, e mesmo assim me beija a força? – Ela cospe as palavras com ferocidade no rapaz.
Milene daria uma ótima atriz. Que atuação incrível!
Eu quero gritar com ela, quero descontar a raiva que estou sentido em alguém. Quero gritar para Milene que está tudo acabado entre nós. Mas não tenho estruturas para mais nada hoje. A minha cabeça só sabe pensar em cabelos loiros e mais nada.
O garoto ruivo passa por mim e esbarra com força em meu ombro, e Milene me olha com incredulidade.
- Você não vai fazer nada? – Ela pergunta entre dentes cerrados. – Dylan, aquele menino me beijou a força. E você não via fazer nada?
Milene, por favor, não piore as coisas.
Fecho a porta do quarto e caminho calmamente até a minha cama. Tiro meus sapatos e minha camisa e despenco no colchão, respirando profundamente.
- Você não vai falar nada? – Milene insiste.
- Só manda esse bando de bêbados embora da minha residência agora! – Digo em tom casual, mas firme.
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Diz que você me ama (COMPLETO)
RomanceUma história que se passa no Brasil, numa cidade chamada Lagoa da Prata, bem no interior de Minas Gerais. Dylan Sakamoto tem 23 anos e é de descendência japonesa. Ele namora há três anos, e faz planos pra se casar no ano seguinte com Milene. Mas al...