CAPÍTULO 25

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O pai de Milene está morto, e sua mãe não mora na cidade. Então só tem um lugar que ela pode ter ido...

Otávio rapidamente me atende.

- Dylan. – Ele para abruptamente com olhos arregalados ao olhar por cima do meu ombro, onde dois policiais se encontram.

Desta vez consegui convencer Karine de ficar em casa. Não queria que ela vivenciasse toda a cena que está por vir; seja o que for.

- Milene está? – Pergunto sem perder tempo. Eu ainda estou com aquela raiva que estava sentindo na delegacia, e pronunciar o nome dela faz meu sangue ferver ainda mais. Sinto meu maxilar rígido, assim como toda a minha feição.

Otávio hesita um instante por trás dos seus óculos.

- Milene? – Sua voz solta um agudo na última sílaba pronunciada. – Na... Não. Por que estaria?

Baixo a cabeça levemente para soltar uma risada debochada.

- Eu sei que está mentindo, Otávio. E se não quiser me deixar entrar, eles irão te obrigar. – Aponto para os policiais atrás de mim, como se fossem meus guardas particulares.

Otávio levanta os óculos e funga ferozmente o nariz. Seu rosto branco começa a ficar vermelho. Medo? Fúria? Não sei dizer bem. Mas consigo perceber seus lábios em uma linha fina e rígida de nervoso. Eu estou colocando medo nele.

- Milene? – Ele grita com a cabeça ligeiramente virada para dentro da casa. – Ela não está. Milene não está. – Ele grita novamente.

- Eu sei o que está fazendo, seu desgraçado. – Digo com raiva, então o empurro e entro na casa; os policiais atrás de mim. A primeira coisa que faço é olhar de um lado para o outro na sala conjugada com a cozinha da casa de Sarah e Otávio. Mas quando não encontro nada nem ninguém, viro-me em direção ao dono da casa e o pego rapidamente pelo colarinho da camisa, jogando-o com força contra a parede ao lado da porta. Meu rosto a centímetros do seu. – Sabe que se Milene estiver aqui dentro você estará encrencado, não sabe?

Antes que ele possa responder ou simplesmente menear a cabeça em concordância, um policial se aproxima de mim e diz:

- E se você não solta-lo, será você quem estará encrencado.

Solto uma lufada de ar no rosto de Otávio, mas logo o solto.

Os policiais continuam vasculhando a casa. Eu vou para o corredor em direção ao quarto de hóspedes – lugar onde eu ficava quando dormia aqui. Tento abrir a porta, mas a encontro trancada. Eu sabia.

- Aqui! – Grito para os policiais enquanto tento arrombar a porta de madeira pesada com o ombro.

Um dos policiais me ajuda e, juntos, abrimos a porta com um estrondo. Entro de supetão, e logo ergo a cabeça para ver Sarah se virar, assustada, para nós. O que ela estava olhando na janela?

- Fique onde está! – Grita um dos policiais com a arma apontada direto para Sarah, que solta um gritinho e levanta as mãos para o alto em sinal de rendição.

Corro para o parapeito da janela, onde Sarah estava antes de entrarmos. Olho para baixo, a tempo de ver uma forma feminina correr com uma mochila nas costas. Não reconheci de imediato, mas ela cometeu o terrível erro de olhar para trás – para ver se Sarah ainda estava na janela, provavelmente. Milene acelera ainda mais os passos ao perceber que sou eu na janela. Meu sangue ferve de tanto ódio ao vê-la correr para um beco entre dois prédios à frente de onde estou.

- POR ALI! MILENE FOI POR ALI! – Grito muito alto, indo em direção à saída.

Não olho para trás, mas sei que um dos policiais teve que ficar na casa de olho em Sarah e Otávio.

- Por ali. Eu a vi entrando ali. – Indico o beco umas duas esquinas à frente para o policial, que sai correndo com a mão sobre a arma em sua cintura.

Eu sei muito bem onde aquele beco vai dar, e o policial não conseguirá alcança-la correndo. Vou para o meu carro, dou meia volta e sigo a rua paralela à casa de Otávio. Assim que viro a esquina, vejo uma silhueta feminina correndo sem olhar para trás. Ela está um pouco longe, mas eu estou em vantagem, pois estou de carro. Aperto o pé no acelerador, mas antes que o carro consiga pegar uma velocidade, tenho que parar de supetão quando o policial surge do beco e para bem na frente do capô. Ele corre para a porta do passageiro e entra.

- Corre! Corre! – Ele grita, e eu acelero. Desta vez o carro pega velocidade.

Eu ainda consigo ver Milene, apesar de parecer que ela está mais longe agora. Aperto ainda mais o pé no acelerador, firmo minhas mãos no volante, cerro meus olhos e, quando vejo, Milene está pouco mais de 500 metros de longitude.

400 metros...

300 metros...

200 metros...

Ela para e coloca as mãos no joelho que, creio eu, é para pegar um pouco de fôlego.

100 metros...

Infelizmente Milene olha para trás, e, quando vê que eu a estou seguindo, ela começa a correr novamente.

50 metros...

Mas eu não paro. Ela vai perder. Não tem como ela correr mais que um carro.

30 metros...

A raiva que eu sinto de Milene é tão grande que nem percebo quando subo com o carro na calçada, e várias pessoas começam a se afastar, assustadas, para não serem atropeladas por mim.

- O que pensa que está fazendo? – O policial ruge ao meu lado.

20 metros...

- Para esse carro agora! – Ele ruge novamente.

Mas eu estava totalmente fora de mim. Eu só tinha um objetivo: passar por cima de Milene.

E acabar com tudo isso de uma vez.

- PARA ESSE CARRO AGORA, DYLAN!

10 metros...

Diz que você me ama (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora