Diz que você me ama (COMPLETO)

CAPÍTULO 31

- Milene. – Resmungo entre dentes.

Por que ela me seguiu até aqui? Porra! Eu estava prestes a ir para longe e esquecer tudo! Mas essa mulher insiste fazer da minha vida um inferno!

Olho para Karine, que também me encara. Suas pupilas estavam dilatadas.

- Fique aqui. – Digo para ela.

Assim que abro a porta do carro, o ar frio me pega desprevenido. O vento estava tão forte que parecia chicotadas em meu rosto.

Encarei Milene, e, meu Deus! Ela estava tão... Balancei a cabeça. Não queria elogia-la, mesmo nos meus pensamentos. Mas ela estava vestida com roupas de grife e caras. O carro também era caro... Onde ela tinha arrumado dinheiro para essas coisas?

Não importa. Não quero saber.

- O que você está fazendo aqui? Por que me seguiu, Milene? Eu estava prestes a acabar com tudo. Esquecer tudo de uma vez por todas. Mas você insiste em vir atrás de mim! Por quê? – As minhas palavras eram como veneno em minha boca. Cada uma mais afiada que a outra.

Os cabelos de Milene estavam cacheados e maiores desde a última vez que a vi. O vento lançava-o sobre seu rosto. Eu nunca a vi tão bela com aquelas roupas de couro e botas até o joelho. Os faróis do meu carro iluminavam a silhueta de Milene e, por um instante, até pareceu um anjo; tão bela... Mas tão vil!

- Desde a primeira vez que você se encontrou com aquela loira, Dylan. – Começou Milene, a cabeça levemente curvada para o lado. Sua voz era casual. – Eu comecei a segui-lo desde a primeira vez. Vi a evolução do amor de vocês dois. Da paixão que emanavam quando estavam perto um do outro. Mas não quis falar nada, pois queria ver se você era fiel mesmo a mim...

- Você está errada! – Interrompo-a. Meu sangue fervendo, apesar do frio. – Eu considerava Karine como uma amiga até descobrir tudo sobre você. Foi aí que me deixei levar pelos sentimentos. – Minha voz abaixou. – Se você fosse mesmo uma pessoa boa, Milene, pode ter certeza que eu nunca teria ficado com Karine.

Aquilo pegou até eu mesmo de surpresa. O que será que Karine, que ainda estava dentro do carro, estava pensando sobre essas palavras? Então me apressei a continuar:

- Mas acho que as coisas acontecem da forma como tem que acontecer. – Respiro fundo. – Se você não sabe, Karine tem vários problemas psicológicos, vários traumas. Passou por perdas terríveis e situações piores ainda. E, como ela disse, não fosse por mim...

Paro de falar quando Milene ri com escárnio.

- Blá... Blá... Blá... – Ela diz cada sílaba pausadamente, e se aproxima um pouco mais. Mas ainda está longe. – Esse papo de uma menina meiga, bonitinha, sensível com vários traumas não me engana. Eu li o diário dela quando você o guardou debaixo do nosso colchão. – Os lábios dela se curvam em um sorriso. – Eu me emocionei, não vou mentir. E a admiro que ainda esteja viva depois de tudo. Mas não me deixei levar pelo meu emocional porque eu também passei por coisas terríveis. Eu fiquei trancada minha vida inteira e...

- Mas ao contrário de Karine, você foi internada por fazer maldades desde criança. – Vi horror em seu rosto. – Me diz, Milene, que criança empurra a outra do quarto andar de um prédio. Você era, e ainda é louca. Você tem um ciúme que ultrapassa o nível máximo.

- CALA BOCA! – Milene ruge com olhos arregalados, e tira um revólver de dentro de seu casaco, apontando-o diretamente para meu coração.

- NÃO! – A porta do carro se abre, e logo sou esmagado em um abraço.

- Oh, aí está você. – Vejo Milene rir sobre o ombro de Karine. – Estava começando a me perguntar quando você apareceria.

Karine encara Milene com lágrimas nos olhos, mas seu queixo estava erguido e sua postura ereta.