Capítulo 17.

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Ainda não entendendo, eu estava sentada no sofá da sala escura, ao lado de Lana.

Eu não prestava atenção no filme, e ele nem parecia ser bom o suficiente. Eu só prestava atenção em um coisa: Finn.

Eu o via olhando pra mim, e ele tirava as mãos de Lydia de seu cabelo. Ele não gostava quando ela o tocava, mas eu tinha certeza que ele estava fazendo aquilo pra eu não ficar com "raiva" ou algo assim.

-Lana, onde é o banheiro? - Eu perguntei, sussurrando.

-Ah, é lá em cima, é a terceira porta. - Ela disse.

Eu me levantei, olhando pra Finn. Ele desviou o olhar, quando me viu olhando. Eu apenas subi aquelas escadas, vendo todos lá embaixo.

Eu entrei na porta em que Lana havia me falado, e a fechei.

Eu me olhei no espelho, e naquele momento eu senti vontade de chorar, mas eu sabia que não podia chorar, e os meus olhos não me obedeceram, porque eu senti muitas lágrimas quentes descendo pelo meu rosto, enquanto eu soltava as tranças do meu cabelo.

O meu rosto ficava todo vermelho quando eu chorava, e isso sempre atrapalhou o fato de eu querer chorar escondido, porque as pessoas sempre notavam que eu estava chorando.

E eu chorei demais.

Até que alguém bateu na porta.

-Maddy? - Era Finn.

Eu não o reconheci pela voz, porque ele sussurrou baixinho demais, eu o reconheci porque só ele me chamava daquele jeito.

-O que você quer? - E a minha voz me entregou completamente.

-Ai meu Deus, você tá chorando.

-Vai embora. - Eu disse, mesmo querendo dizer pra ele ficar.

-Maddy, abre aqui, por favor. - Ele falava baixinho demais. -Se não abrir eu conto pra todo mundo que você estava chorando no banheiro da Lydia.

Eu me olhei no espelho outra vez, pensando em abrir.

E foi o que eu fiz, o vendo encostado nas paredes.

-Você nem tem amigos pra contar. - Ele sorriu quando eu disse isso.

Ele entrou, e eu fechei a porta.

-Por que você tá chorando? - Ele sentou na enorme pia.

-Porque eu tô. - Eu disse, coçando o nariz, o que o fez sorrir de lado.

-Ninguém chora sem motivos.

-Era pra eu dizer isso pra você, não você pra mim... e você sabe porque eu tô chorando.

-Você tá toda vermelha.

-Eu sei. - Eu disse, sentado no chão.

Ele respirou fundo.

-Maddy, eu conheço Lydia há muito tempo. Eu tinha 8 ou 9 anos quando não falamos pela primeira vez. Andávamos eu, ela e Millie, uma amiga nossa. Eu nunca tive amigas tão extraordinárias, porque foram momentos muito bons, mas coisas começaram a acontecer, que nos separaram. No começo do ano passado não nos falávamos mais. - Ele parou, por um momento. -Eu amava Millie... foi o meu primeiro amor, e Lydia gostava de mim. - Ele riu. -Eu era chamado de viado por andar com meninas, mas então, do nada, muitos boatos rolaram pela escola, dizendo que eu e Millie tínhamos transado, e então, elas ficaram com raiva de mim. Nos separamos.

Eu mal podia acreditar em todas aquelas coisas que ele dizia. Finn tinha os olhos cheios d'água, e aquilo me causou dor, outra vez.

-Mas a distância não me fez parar de amar Millie - ele continuou. -, ela era maravilhosa. Tinha que conhecê-la. Mas do nada, foi muito do nada, eu descobri que a Millie tinha se matado. - E uma pequena lágrima desceu de um de seus olhos. -Eu não acreditei nos primeiros três dias, mas quando o enterro aconteceu, eu realmente me liguei que era verdade. - Ele parou, colocando a mão no rosto, chorando baixinho. -Eu soube que o pai de Millie abusava dela, e aquilo me quebrou completamente, Maddy. Completamente. - Ele limpou o rosto com a blusa. -Eu comecei a ter consultas com psiquiatras, e nada adiantava. Remédios e remédios. Eu não falava mais com a Lydia e eu não falava mais com ninguém. - Ele parou mais uma vez, respirando. -Até o dia em que eu conheci você. Toda aquela vida que eu via cinza, ganhou cor quando você me olhou. Você me fez acreditar que os remédios estavam funcionando, e me fez acreditar que eu ainda tinha esperança, que eu era especial.

Lágrimas desceram dos meus olhos.

-Mas você é, é claro que é. - Eu disse.

-Eu vi um pedaço de Millie em você, e isso me fez ficar bem, porque você é igualzinha à ela. É o tipo que me faz esquecer o mundo lá fora, é o tipo que me faz pensar que a culpa não é minha. - Ele me olhou. -E Maddy... eu amo você.

I should hate you. 🌼 Finn Wolfhard. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora