Com as mãos tremendo, eu olhei pro meu pai.
Eu sentia medo daquele homem, e eu tinha quase certeza que mamãe sabia das coisas que ele fazia, e eu não sabia o porquê de ela não contar pra polícia, ou algo assim. Será que a mãe de Finn não queria? Será que precisariam de provas?
-Wolfhard. - Meu pai disse, olhando pro pai de Finn.
-Como vão as coisas, Grazer? - O cara perguntou, sorrindo igual à um antipático.
Eu e Finn fizemos uma cara não muito boa, afinal, não estávamos entendendo nada alí.
-Estão melhores do que poderiam estar. - Aham.
-Fiquei sabendo que sua filha anda saindo com o meu filho. - Finn automaticamente corou feito um tomate.
-Não é o que Finn tem me dito. - Foi mamãe quem disse.
Eu realmente estava perdida. Meu pai conhecia o pai de Finn? De onde? Eu sei que minha mãe é médica dele, e todas essas coisas, mas sabe... Meu pai não deveria conhecer os pais de seus clientes. Isso é estranho.
-Talvez ele minta. - Ele olhou pra Finn com uma cara muito brava. -É só o que ele faz.
-Temos coisas mais importantes pra fazer, agora. - Meu pai disse. -Precisamos de fato ir embora.
E então, meu pai começou a andar na frente, ficando eu e minha mãe, junto com Finn e seu pai.
-Deveria se preocupar com o seu filho, não dizer que ele é mentiroso. - Minha mãe disse.
-Ele é o meu filho, e eu faço o que eu quiser com ele.
-Ele tem problemas sérios, deveria se preocupar.
-Esses problemas só passam de frescuras. - Ele disse.
Mamãe já estava perdendo a paciência, eu via isso em seu rosto. Mamãe falava mais algumas coisas, mas eu só conseguia prestar atenção na expressão de culpa que tinha no rosto de Finn, e eu queria abraçá-lo e dizer que o amo, só pra tudo aquilo passar. Eu queria ir embora, e queria não olhar mais pra cara daquele homem nojento. Mas eu não queria deixar Finn alí, sozinho com ele, mesmo ele vivendo todos os dias com aquele mesmo homem.
Eu sentia pena do menino, mesmo querendo não sentir.
E foi quando a mamãe foi atrás do meu pai, e eu, sem saber o que fazer, fui também.
Eu olhei pra trás quando estava saindo, e eu vi o triste rostinho de Finn, e aquilo quebrou meu coração, como sempre quebrava quando o via daquele jeito.
O caminho pra casa foi um tremendo silêncio, e senti um clima muito ruim dentro do carro.
Eu não sabia porquê eles estavam assim. Eu não sabia se era por causa de Finn e de seu pai, ou por causa do motivo em que eles conversaram com a gente naquela noite. Ou os dois.
Meus pais chamaram nós três naquele noite, antes de dormir. Eu, Jonah e Izzy.
Quando eles nos mandaram sentar eu soube exatamente o que iriam dizer, e eu não fiquei preocupada, nem nada.
-Eu não sei outro jeito de dizer isso, mas eu e sua mãe vamos nos separar. - Eu estava de fato sorrindo por dentro.
Eu acho que eu era a primeira pessoa na terra em que ficou feliz pelos pais estarem de separando.
-Estamos com dificuldades há muito tempo, e são coisas que não Vamos conseguir explicar tão rápido. - Mamãe disse.
-Tá bom, que tipos de coisas? - Jonah perguntou.
-São coisas complicadas, Jonah. - Minha mãe disse.
-Eu sabia que vocês estavam escondendo alguma coisa, eu sabia. Mas eu achei que era por causa do garoto idiota da Maddy.
-Quem é você pra falar dele assim? - Eu o olhei.
-Jonah Grazer. - Ele sorriu forçado.
-Você não se importa com isso, eu sei que não. Só eu me importo com vocês dois.
-É fácil pra você dizer isso. - Eu disse. -Não foi você quem viu sua mãe com outro cara. - E um silêncio tomou toda a sala.
Jonah e Izzy não estavam entendendo nada.
E eu fiquei com raiva, eu fiquei com muito raiva.
Eu subi pro meu quarto e fiquei lá, pelo resto da noite, como eu sempre fazia. Até que a porta abriu, revelando Jonah.
Ele não parecia feliz, na verdade nem um pouco. Ele parecia arrasado, e eu não sabia que ele se importava tanto assim com os nossos pais.
-A gente pode conversar? - Ele perguntou, fechando a porta.
-Senta aí. - Eu disse, olhando pra minha cama.
Eu estava deitada em cima do tapete preto do meu quarto, desenhando.
Ele demorou muito tempo pra dizer o que queria dizer. Ele não queria dizer aquilo, eu sabia que não. Afinal, não era fácil aceitar assim tão rápido e tão de boa a separação dos pais, sabe?
-Quando você viu a mamãe... Você sabe... - Ele disse, engolindo em seco.
-Tem um tempo. Um mês, talvez? - Eu respondi.
-Por que não me contou?
-Porque você nunca foi de se importar comigo e nem com ninguém aqui em casa.
-Isso é mentira. - Ele disse.
-Não Jonah, não é.
-Vocês é que mal se importavam. Você estava ocupada demais no seu mundo dos livros, dos filmes, dos desenhos, enquanto eu fazia o que eu gostava. Mas você nunca se importou com quem eu estava no momento, ou se eu gostava daquele pessoa. Você nunca fez o papel de irmã que deveria fazer, Maddy.
-Falou o certinho. - Eu disse. -Como tem coragem de dizer essas coisas? Eu nunca me importei com as coisas que você faz porque você é um escroto que só quero transar com as meninas, e todo mundo sabe disse, Jonah. Deveria ter vergonha por dizer isso...
-Sabe... - Ele me interrompeu. -Não é surpresa pra mim saber que o seu namoradinho vai se matar um dia. - Aquilo machucou. -É o que ele devia fazer, mesmo... Pra você sofrer de vez, sabe? E aí você vai ficar depressiva, e vai sair por aí, dando pra todos que você ver. Vai ser uma cena até que engraçada. Imagina. - Ele riu. -Por que não dá logo pra ele? Antes que ele se mate.
Ele levantou e saiu, batendo a porta e me fazendo pular de susto.
Eu sempre achei que Jonah era ridículo. Mas aquelas coisas me machucaram de um jeito irreconhecível, um jeito que me assustou. Eu não queria que aquelas coisas acontecessem, e eu não queria que Jonah dissesse tudo aquilo outra vez, porque tinha machucado demais. Mas o fato de Jonah não dizer, não melhorou o fato de estar me machucando ainda, porque as suas palavras passaram pela minha cabeça a noite toda, enquanto eu tentava mandar mensagens pra Finn, que não respondia nenhuma delas.
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I should hate you. 🌼 Finn Wolfhard. (Concluída)
FanfictionEstávamos sentados nas arquibancadas do campo. Foi a primeira vez que eu vi você. Você olhava pra mim paralisado, e foi o que aconteceu comigo também quando eu vi você. Eu não estava perto o suficiente pra conseguir ver os seus detalhes, mas eu nunc...