Capítulo 35.

1.3K 170 68
                                    

Fiquei muito tempo com mamãe. Passamos toda a noite juntas naquela noite, porque eu não estava com sono, e ela também não. Então ficamos lá.

Ela me disse coisas maravilhosas. Coisas que realmente me ajudaram, mas coisas que não tiraram da minha cabeça tudo aquilo que eu pensava sobre Finn, tudo aquilo que me machucava, mas que eu não queria que ninguém soubesse, mesmo que eu não fosse muito boa em esconder a minha dor.

Quando eu levantei pra ir pra escola naquela manhã, eu me perguntei se Finn estava bem, e eu me perguntei se ele estaria na escola, naquele dia.

E ele não estava. Ele não estava porque eu não o vi em nenhum lugar naquele dia, e Lana e suas amigas já me olhavam com pena, e eu sabia o que elas pensavam, porque seus olhares falavam "ele é seu namorado, não é? Por que não avisa quando faltar, por que ele vive faltando?". E elas cochichavam coisas quando eu entrava na sala.

Mas Lana não fazia isso. Graças á Deus ela não fazia, porque se ela fizesse, eu choraria mais do que eu chorei no banheiro da escola naquele dia.

Porque eu estava com tanta pena de mim mesma, e com tanta pena de Finn, que era algo esquisito. A dor era uma coisa esquisita, e eu não aguentava mais sentir algo que não me pertencia.

Eu queria que Finn parasse de se machucar, e eu queria que ele me desse a chance de tentar fazê-lo feliz, pelo menos uma chance. Porque eu tinha certeza que Finn tinha medo de se acostumar com a felicidade, e então ela ir embora. Mas eu não iria embora.

-Ei. - Eu escutei a voz de menina atrás da porta, porque era o banheiro das meninas. -Tá chorando?

E então, eu parei de soluçar.

-Não. - Eu disse.

-Sua voz tá esquisita, é claro que você tá chorando. - Ela disse.

Mesmo só escutando a sua voz, eu não sabia quem ela era. Talvez ela soubesse que eu sou.

-Vai embora.

-Eu quero ajudar.

-Mas eu não preciso de ajuda. - Eu respondi.

-É o seu namorado?

-Você sabe quem eu sou?

-Madeline Grazer. - Ela respondeu, me fazendo arquear as sobrancelhas, mesmo que ela não visse. -E você sabe quem eu sou?

-Não. - Eu disse.

-Sabrina Ross. - Eu realmente não sabia quem era.

Eu respirei fundo, peguei a minha mochila, a colocando nas costas. Passei a mão pelo meu rosto e pelos meus cabelos e respirei fundo outra vez.

E então, eu abri a porta, vendo a menina muito bonita na minha frente.

Os cabelos curtos e lisos, muito pretos. Sua pele era tão branca que ela chegava ao ponto de ser pálida, e os seus olhos eram o destaque de todo o seu rosto. Eles eram um azul tão claro.

-Deveria estar na aula. - Eu disse.

-Eu estava com vontade de vim no banheiro. - Ela disse, enquanto eu ia até o espelho. -Mas então eu ouvi você chorar.

Eu lavava as minhas mãos enquanto me olhava no espelho.

-Você é nova aqui? - Eu perguntei, ainda olhando pras minhas mãos.

-É uma escola grande.

-Então como sabe quem eu sou? - Eu me virei pra ela, secando minhas mãos na calça que eu usava.

-Porque você é você. - Ela disse. -Você é amiga da Lana, Lana namorou um dos caras mais desejados da escola. E você é namorada de Finn Wolfhard.

-Como sabe de Finn?

-Como eu sei o quê? - Ela perguntou, sentando na gigante bancada coberta de pias.

-Como sabe quem ele é? - Eu perguntei.

Mas a menina não respondeu de primeira. Ela ficou pensando na resposta.

-Sabe... - Ela começou. -O ano passado foi difícil pro Finn.

-Você sabe?

-Todos sabem. - Ela respondeu.

Eu queria responder coisas como: "Por que ninguém o ajudou?" ou "Por que você não falou com ele?". Mas eu não pensei em nada. Eu pensei apenas em uma coisa:

-Eu não.


I should hate you. 🌼 Finn Wolfhard. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora