Capítulo 37.

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E foi o que eu fiz naquele dia.

Fiquei esperando ele chegar.

Estava escuro, e deveriam ser umas sete da noite. Eu sentia o cheiro da lasanha que minha mãe estava fazendo, e eu não escutava nada. As casas ao meu redor estavam acesas, e os postes também estavam, iluminando a rua.

Eu estava na varando escura, com a luz apagada. Eu usava uma manta de lã pra me aquecer, porque eu sentia frio demais com aquele short fino e a blusa de manga que eu usava.

Meus cabelos estavam soltos, e eles balançavam quando o vento pegava em mim.

-Tô aqui. - Eu escutei uma voz conhecida, o que me fez tirar os olhos da tela do celular.

Eu o vi vindo em minha direção. Ele mexia em seu cabelo, e ele vestia um casaco largo demais pro seu corpo magro. Ele não sorria, e eu podia ver que suas olheiras haviam voltado pra de baixo dos seus olhos.

Eu senti saudade e pena.

Ele se sentou ao meu lado.

-Minha mãe me disse. - Eu comecei a dizer.

-Te disse o quê? - Ele perguntou, chegando perto de mim.

-Que você está muito doente. - Eu disse, baixinho. Ele abaixou a cabeça quando eu disse isso, respirando fundo.

-É uma coisa muito difícil, Maddy. - Ele disse, pegando em minha mão.

Mas eu a tirei. Eu tirei sua mão da minha.

-Eu amo você, você sabe disso. - Eu disse, ainda baixo. Eu estava falando muito baixo, acho que era por causa do cansaço. -Você sabe que eu amo você com todas as minhas forças, mas...

-Mas o quê, Maddy?

-Eu também tenho sentimentos, entendeu?

-Eu sei, é claro que eu sei...

-Mas parece que não entende. - Eu o interrompi. -Porque você some do nada, me fazendo surtar, porque eu me preocupo demais com você, eu me preocupo se está bem, e eu...

-Mas eu não estou bem, Maddy. Eu não estou e você sabe disso. - Ele disse. -E nada... Nem ninguém... Vai me fazer ficar bem. Eu amo você, e dói dizer essas coisas, eu amo você demais. Mas não somos certos um pro outro, Maddy.

-Como assim? - Eu o perguntei, franzindo a testa.

-Você vai sofrer, meu amor. Vai sofrer demais. - Ele disse, me fazendo olhar em seus olhos, os vendo cheios de lágrimas. -Mas vai sofrer menos se estiver longe de mim.

E então, nós ficamos calados.

Eu não disse nada. Ele não disse nada.

Mas meus olhos estavam descontrolados, e eu estava chorando. Mas aquele não era um choro escandaloso, porque pequenas lágrimas desciam dos meus olhos, e acontecia a mesma coisa com Finn.

Eu não conseguia pensar em nada, eu apenas chorava.

-Então eu não vou ter mais você? - Eu perguntei, o olhando e sentindo mais uma lágrima descer.

-Não mais. - Ele sussurrou.

E eu respirei fundo.

-Vai fazer aquilo, não vai?

Ele não respondeu, apenas balançou sua cabeça, e eu fechei os olhos, fazendo mais lágrimas descerem.

E aí eu deixei Finn pegar em minha mão. Ele a pegou e a beijou, me fazendo deitar em seu ombro, e me fazendo sentir seu cheiro, seu maravilhoso cheiro. Eu coloquei minhas mãos em seus cabelos. Os cabelos que eu tanto gostava. Coloquei as mãos no casaco que ele usava, e eu senti o tecido na ponta dos meus dedos.

Ele chorava. Eu também.

E a única coisa que me restava, era ficar com ele. Pelo menos lá, agora, naquele momento eu ainda o tinha.

-Você me perdoa? - Ele perguntou, perto do meu ouvido.

E eu não respondi.

-Eu não conto pra ninguém... Mas sabe quando... Você sabe...

-Em breve, meu amor. Em breve. - Ele sussurrou, outra vez.

Foi algo dramático, aquele dia. Ele ficou em segundo lugar na lista dos piores dias da minha vida, porque o primeiro já estava guardado.

Eu imaginei o mundo sem Finn depois que ele foi embora, naquele dia. Eu tentei imaginar, mas na verdade eu não consegui.

Eu estava com tanto medo.

Mesmo sabendo que o fim já estava preparado.

I should hate you. 🌼 Finn Wolfhard. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora