Enquanto guiava Thomas e Sther até o portal, até então desconhecido por eles, Audrey pensava nos sonhos. Pensava no que fazer a respeito deles.
Lá no fundo, ela sabia o que fazer, tinha que ir até o lugar que ela via nos sonhos, como chegar lá era a questão.
- E nós sempre achando que tínhamos conhecimento de todos os portais para Natureza no mundo. - Thomas falou.
- Deve haver muito mais. Não são todos mapeados. - Sther falou.
- Eles surgem do nada? - Audrey quis saber.
Ela se lembrava perfeitamente do caminho que seguira na noite que atravessou o portal, o que era engraçado, pois na noite em questão estava tudo escuro.
- Talvez não do nada. - Thomas começou. - Mas é um mistério para todos como eles surgem.
- Ah, tendi. - Audrey respondeu.
Caminharam por mais alguns minutos até chegarem ao portal. Então Thomas e Sther atravessaram primeiro, ela foi logo depois.
Audrey não conseguiu encontrar palavras para descrever aquela sensação que era estar em Natureza. Era como se, enquanto estava na terra, ela nunca estivesse viva de verdade, mas ali era diferente. Ela sentia em cada poro do seu corpo a Natureza, se sentia viva de verdade, sentia que pertencia a um lugar. Estar naquele lugar e não sorrir ao receber a Energia da Natureza era impossível.
Ela ficou de olhos fechados por alguns segundos, respirando fundo aquele ar puro, sentindo os diferentes aromas das flores e das plantas em volta dela, ouvindo e sentindo Natureza.
- Nunca me senti tão... Bem em toda minha vida. - Ela abriu os olhos. Thomas e Sther sorriram pra ela.
Os três recomeçaram a caminhada pra Sfixland.
***
Após o recente ataque, via-se mais guardas que pessoas nas ruas de Sfixland. Os elfos estavam juntos, ajudando nas rondas, porém, Audrey notou uma pequena perturbação entre eles quando viam o Thomas.
- Tem alguma coisa errada... - Thomas deve ter notado também.
- Audrey, querida, pode se instalar na minha casa, a Halley deve estar te esperando. - Sther disse.
Audrey assentiu e arrastou sua mala pra casa da Sther enquanto a fae e o Thomas seguiram pro Casarão.
Como Sther disse, Halley estava esperando por Audrey.
- Olá, nova colega de quarto. - A fada recebeu Audrey com um abraço toda sorridente. - Vem, vou te mostrar o quarto. - Ela puxou Audrey pelas escadas, a mala ficou na sala mesmo.
- Não sabia que você morava com a Sther. - Audrey falou quando entraram no quarto.
O quarto era do tamanho do quarto dela em Washington, mas tinha duas camas. A decoração com certeza tinha sido feita pela Halley, as paredes rosa, tapetes rosa, os lençóis da cama também eram rosas, Audrey ficou tonta com tanto rosa, ela decidiu que a primeira coisa que faria, era mudar umas coisas... Na parte dela do quarto pelo menos. Tinha uma estante de livros que, graças aos deuses, não era rosa.
- Muita gente não sabe. - Halley falou. - Pode ficar com essa cama aí. - Ela apontou pra cama próxima a janela. Dava pra ver o Salão e o Casarão de lá.
- Obrigada. - Audrey se sentou. - Vocês são... Parentes? - Perguntou.
- Bem, tecnicamente, sim. Eu sou uma fada, ela é uma fae, somos descendentes do mesmo lord da natureza, mas fora isso, não. - Halley começou. - Ela é como uma irmã mais velha. Era muito amiga da minha mãe.
- Onde está sua mãe? - Audrey perguntou, talvez já sabendo a resposta.
- Morreu. - Halley respondeu simplesmente. - Não me lembro muito dela, eu era muito nova. Mas as vezes acho que escuto a voz dela, é estranho. - Ela sorriu.
- Ah, bem, sinto muito. - Audrey falou meio desconfortável.
- Tudo bem. - Halley assentiu. - Eu liberei uma parte do guarda roupa pra você arrumar as suas coisas. - Ela mostrou.
- Obrigada, Halley. - Audrey sorriu.
- Sabe, nunca tive uma melhor amiga, muito menos uma colega de quarto. - Halley a encarou com os olhos verdes brilhantes. - Na verdade, não tenho amigos de verdade. O que quero dizer é... Bem vinda a Natureza, Audy, e que bom que seremos colegas de quarto... E amigas? - Ela sorriu meio sem jeito.
Desde que chegou a Natureza, Audrey tinha notado que algumas pessoas, Lúcia principalmente, não gostavam muito da Halley, talvez pelo jeito dela. Era como aquelas garotas da mesa dos populares da escola, porém, Halley foi muito gentil com Audrey naquele dia no CT, a ensinara a atirar com arco e flecha. Audrey notara o jeito patricinha dela, claro, mas não ligou muito. A fada tinha contado a frustração amorosa com o John, disse que estava superando, mas gostava de provocar a Lúcia. Audrey só não queria fazer parte dessas provocações, conhecera a Lúcia, a Jhanny e o John, eles eram muito legais, queria ser amiga deles também, assim como o Ton era (exceto da garota asiática, Zara, Audrey não gostou dela, e também não achou muito normal sentir mais frio que o normal perto dela), mas também queria ser amiga da Halley.
- Claro, amigas. - Audrey sorriu. - Agora me conta, aconteceu alguma coisa? Os guardas estavam bem agitados.
- Ah, sim. O Trio Maravilha da Profecia e um garoto elfo, acho que o gato espadachim, não me lembro o nome dele... - Ela pensou. - Não mesmo. Enfim, bem, eles saíram ontem a noite, acho que deram uma de heróis e foram tentar achar o Ton. - Halley contou.
- Eles o que?! - Audrey se levantou.
- Pois é, todos sabem que a tal ilha é perigosa e que ninguém sabe onde fica, mas acham que vão encontrar e vão conseguir sair de lá vivos. - Halley continuou. - Bem... Por mais que eu não goste daquelas duas garotas, não quero que o John nem o espadachim élfico gato morram, então estou torcendo para que sejam os primeiros a realizarem tal proeza.
- Aqueles... Velhos, mandaram guardas atrás deles? - Audrey andou de um lado pro outro.
- Os anciãos? Não, eles são uns velhos muito estranhos, confiam naqueles três, então não fizeram nada, só devem estar meditando lá. - Halley falou.
- Mas e se não conseguirem? - Audrey falou.
- Eu não sei, por que está tão agitada? - Halley perguntou.
Audrey apenas balançou a cabeça, mas a resposta era simples: eles não conseguiriam, os planos do Deus das Trevas era outro e com certeza não envolvia o Ton ser salvo sem que ele fosse libertado. Audrey tinha que fazer alguma coisa, ou não só o Ton poderia nunca mais sair da... Ilha Trevosa.
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Filhos Da Natureza - A Prisão Das Trevas
FantasyAudrey Jansen "Audrey caminhou lentamente até o portal, e levou a mão até a névoa. Uma corrente gelada atravessou seu braço e percorreu todo o seu corpo quando ela a tocou. O lugar, alguma coisa, alguém que havia do outro lado, a chamava. Então ela...