15 de Fevereiro de 2016, 05h30AM.
Audrey acordou se sentindo como se tivesse perdido algo, mas ela não conseguia lembrar o que.
Audrey Jansen era uma garota de quinze anos, morava numa bela casa num bairro residencial em Washington DC, com sua família adotiva, os Davis, Jonathan e Helena. Eles a adotaram quando ela tinha sete anos, nunca a trataram como uma filha de verdade, porém, nunca a trataram como se ela não fosse da família, exceto o filho do casal, Carl, que estava sempre importunando ela.
O casal de executivos, donos de uma corretora de imóveis, a adotou porque sempre quiseram uma filha, então, como depois do nascimento de Carl, Helena descobrira que não poderia mais ter filhos, eles decidiram adotar. Audrey gostava do casal, eles a amavam, de certa forma, mas, as vezes, ela gostaria de poder chamá-los de pai e mãe.
Audrey ficou uns instantes olhando pro relógio despertador tocando na mesa de cabeceira, ainda com a sensação de ter perdido algo, tentou se lembrar se realmente perdera algo, mas nada vinha a sua mente. Ela fechou os olhos e suspirou, deu um tapa no despertador que parou de tocar. Deitou a cabeça no travesseiro e olhou pro teto sonolenta, não queria levantar, mas teria que ir pra escola. Estava sendo chato ir pra escola sem a Cassie nos últimos dois meses, Audrey fechou os olhos lembrando-se da conversa que teve de madrugada com a amiga.
Ela se sentou na cama, e pegou o celular para ver se tinha alguma mensagem dela, mas não tinha nenhuma, nem ligação perdida. Audrey esperava que ela estivesse bem. Olhou em volta pelo quarto, um cômodo espaçoso, as paredes pintadas de roxo e branco, com uma cama grande, uma estante de livros numa parede contendo os livros preferidos dela, ao lado da estante, uma mesa de computador que servia também com escrivaninha, um carpete branco, daqueles felpudos, cobria o chão, alguns puffs e poltronas, que ela usava pra ler, estavam espalhados pelo quarto, ao pé da cama tinha um daqueles baús de madeira onde Audrey guardava algumas coisas. Ela deixou o celular em cima da cama e foi pro banheiro.
No banheiro, Audrey prostrou-se na frente do espelho e deu uma boa olhada na sua aparência. Ela tinha 1,57 de altura, era baixinha, mas era cheinha em algumas partes do corpo, ela gostava disso, principalmente porque a barriga não era uma dessas partes. Ela passou uma mão no cabelo ruivo volumoso, que começava liso nas raízes, mas depois ia ondulando até as pontas um pouco acima da cintura, pontas essas que ela tinha descolorido, deixando-as platinadas. Audrey, segundo Cassie, tinha a aparência mais rara do mundo, ruiva de olhos azuis, e umas sardas espalhadas pelo rosto, ombros e braços, não eram muitas, mas as vezes ela achava estranho e se sentia uma aberração, porque pareciam ganhar mais destaque quando ela estava no sol. Certa vez, Cassie afirmou que as sardas meio que pareciam brilhar, mas Audrey nunca notou. Isso mudou um pouco depois que... bem, ela conheceu um certo alguém. Audrey ficou um tempo ainda na frente do espelho, pensando em várias coisas, entre elas, os sonhos estranhos que vinha tendo ultimamente, depois balançou a cabeça e foi fazer as suas necessidades matinais.
Audrey terminou suas necessidades e foi se vestir pra escola, colocou uma calça jeans meio desgastada, já estava abrindo um rasgo no joelho direito, uma blusa com estampa de super herói, casaco quente e luvas pra se proteger do frio. Escovou um pouco o cabelo e colocou uma touca, calçou seu coturno preferido. Pegou o celular na cama e olhou as horas, 06h30, ela pegou a mochila e rapidamente desceu para o café da manhã. Helena e Jonathan já estavam na mesa do café da manhã, assim como Carl. Audrey se sentou e preparou seu café, bolo de cenoura, pudim e suco de uva.
- Bom dia, Audy. - Audrey parou o garfo com pudim a meio caminho da boca. Carl nunca havia chamado ela de Audy.
- Ah... bom dia. - Ela deu de ombros e comeu o pudim.
- Se quiser posse te dar uma carona pra escola hoje. - Ele falou. O que a deixou ainda mais surpresa, ele odiava a idéia dela encostar no carro dele. Audrey o encarou uns instantes. Depois olhou pra Helena e pro Jonathan que a olhavam de uma forma estranha.
- Não... não precisa. - Respondeu.
Ela voltou a comer seu café da manhã. As vezes notava os olhares do Carl e dos pais, tinha alguma coisa errada com eles.
O Carl tinha a aparência daqueles garotos bad boys que, como dizia Cassie, só saia com alguma garota tendo segundas intenções. Ele tinha o cabelo castanho e liso do pai e os olhos verdes da mãe, apesar de seus quase dezenove anos, ele ainda não tinha terminado a escola. Jonathan era um homem na casa dos quarenta anos, mas, mesmo já com alguns fios grisalhos no cabelo castanho e na barba, parecia mais novo. Seus olhos escuros o faziam parecer um homem severo. Helena era mais nova que ele, e aparentava ser muito mais nova do que ela mesma era. Seu cabelo liso escuro e bem arrumada estava cortado curto, um pouco acima do ombro, ela estava sempre bem vestida e com jóias. Ela foi a primeira a terminar o café, então esperou o marido terminar, os dois sempre iam juntos para o trabalho.
- Tem certeza que não quer uma carona do seu irmão, filha? - Ela perguntou pra Audrey. "Irmão?" "Filha?"
- Tenho sim... - Audrey encarou os três ali na mesa. O pai sempre na ponta, a mãe à direita dele, o filho à esquerda. Audrey estava ao lado da mãe.
Eles estavam... estranhos. Carl nunca a tratara bem, agora a oferecia carona, Helena a chamou de filha pela primeira vez nada vida, era sempre "Au" ou "Audy". Audrey quase perguntou o que tava acontecendo, mas daí o pai terminou o café.
- Bem, vamos, querida. - Ele se levantou chamando a esposa, depois passou a mão no cabelo do filho, então aproximou-se da Audrey e a beijou na testa. - Até mais, filha, boa aula. - Então ele e a esposa saíram.
- Também já vou indo, então. - Carl se levantou. - Falou, Maninha. - Ele também se foi.
Audrey ficou na mesa uns instantes, tentando entender sozinha o que foi aquilo, depois balançou a cabeça e se levantou pra ir pra escola.
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Filhos Da Natureza - A Prisão Das Trevas
FantastikAudrey Jansen "Audrey caminhou lentamente até o portal, e levou a mão até a névoa. Uma corrente gelada atravessou seu braço e percorreu todo o seu corpo quando ela a tocou. O lugar, alguma coisa, alguém que havia do outro lado, a chamava. Então ela...