- Tá com sono? - Jhanny ouviu Carter perguntar.
- Não, só vou dormir depois da meia noite, e você? - Ela respondeu, era quase meia noite, eles estavam falando ao celular. Jhanny estava deitada em sua cama.
- Eu tô... - Carter bocejou. — ...por que só depois da meia noite? - Ele quis saber.
- Aniversário do Ton, vou ser a primeira a desejar feliz aniversário. - Ela sorriu.
- Hum... Ton.
- O que foi? Ah, já sei. Lá vem você com isso de novo. - Jhanny soltou uma risada.
- O que? É sério, você é a única que não percebe o jeito como ele te olha. - Carter respondeu.
- É porque ele olha pra mim como qualquer outra pessoa. - Ela riu.
- Então todo mundo te olha como se quisessem ter filhos com você?
- Para de coisa, Carter, o Ton meio que tem um lance com a Zara. Quer dormir? Pode ir. - Jhanny se irritou.
- Tudo bem, boa noite, até amanhã.
- Boa noite. - Jhanny desligou.
Ela se levantou da cama para vestir um pijama. Não entendia como o Carter poderia ter ciúme do Ton, ela nunca notou nenhum olhar diferente dele sobre ela, Carter era paranóico demais com isso. Ela já até havia perguntado a Lúcia sobre isso, a amiga confirmou que nunca notou Ton a olhando de outra forma senão como amigos.
Jhanny voltou pra cama, usando um pijama quente e se cobriu com dois cobertores, aquela noite estava particularmente fria, ou tinha algum problema com o termostato. Ela pegou o celular, faltavam dez minutos para meia noite, respondeu uma mensagem da Lúcia e falou sobre as paranóias do Carter, leu três mensagens do Carter perguntando se ela tava brava. E por que estaria? Ela respondeu. Fechou os olhos uns instantes e pegou no sono, quando acordou já era mais de uma da manhã. Ela suspirou desapontada, pegou o celular, respondeu as mensagens do Carter e uma da Lúcia, e escreveu uma mensagem fofa de feliz aniversário pro Ton.
Ton Stranger... Jhanny se lembrou de quando o viu pela primeira vez em Natureza, tinha sentido uma coisa estranha ao olhar para ele, até hoje não sabia explicar o que era. Ainda sentia as vezes, não com a intensidade da primeira vez, por isso meio que evitava olhar pra ele. Mas nada disso tinha a ver com ele gostar dela ou vice versa, era outra coisa... ela terminou a mensagem e enviou. Esperou ele responder, mas ele já devia estar dormindo.
Jhanny fechou os olhos novamente pra dormir e sonhou. Seus sonhos haviam mudado nos últimos dois meses. Antes ela sonhava com a mãe correndo com ela por uma floresta quando era apenas um bebê. Agora, sonhava que estava em uma cela ou masmorra escura, tudo que ela conseguia ver era a pessoa encapuzada no centro. A figura estava de joelhos com os braços acorrentados, as correntes estavam presas aos pulsos, cada uma puxava seus braços para uma direção, o que o deixava com os braços abertos. Jhanny não sabia se a pessoa estava consciente, ela não conseguia ver o rosto por causa do capuz, mas ouvia a respiração fraca e lenta. Ela tentava se aproximar, mas não conseguia, andava na direção da figura, mas continuava sempre no mesmo lugar.
- Quem é você? - Ela perguntou, mas a pessoa continuava imóvel, parecia não a ouvir, mas Jhanny sabia que podia.
Então ela ouviu os passos do lado de fora da cela/masmorra. Era sempre nesse momento que o sonho acabava.
Mas dessa vez não acabou.
O sonho mudou, Jhanny estava agora nas ruínas de um templo, estava escuro, a atmosfera sombria, uma névoa escura rodeava o local, por causa disso Jhanny só conseguia enxergar um metro a frente em qualquer direção que olhava. A sua frente, ela reconheceu os arcos de pedra de um portal, porém esse era diferente, era quadrado e seu interior não era como os outros, esse era composto por uma névoa completamente negra, e a forma como se agitava parecia que alguma coisa lá dentro queria desesperadamente sair. Uma sensação estranha tomou conta de Jhanny, ela queria correr para longe daquele lugar, mas, quando tentou fazer isso, a névoa negra a sugou.
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Filhos Da Natureza - A Prisão Das Trevas
FantasiAudrey Jansen "Audrey caminhou lentamente até o portal, e levou a mão até a névoa. Uma corrente gelada atravessou seu braço e percorreu todo o seu corpo quando ela a tocou. O lugar, alguma coisa, alguém que havia do outro lado, a chamava. Então ela...