Um mal necessário

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Mako

– Eu realmente acho que devemos ir ao enterro de Reiko. – dizia Bolin recostado à porta.

– Me dê um motivo convincente e eu penso no assunto.

– Hmm... – ele coçou a cabeça – Já sei! Todos os líderes políticos estarão lá.

– E daí? – dei de ombros.

– Ah, qual é Mako? Seria legal juntarmos o time Avatar e começarmos nossa investigação.

– É, realmente... – começo.

– VIU? Eu sou um gênio, não sou? – ele me interrompe convencido como sempre.

– Como eu ia dizendo... – me aproximo alguns passos dele – Realmente seria interessante juntar a equipe para investigar, mas eu não posso sair daqui. Tenho coisas importantes para resolver, sem mencionar que os outros conselheiros estão pegando no pé desde que permiti a saída de Korra e Asami. – os demais conselheiros acham desnecessário uma ida até o funeral, uma vez que já enviaram um presente de condolências à cidade.

– E qual é exatamente o problema de você ter liberado as meninas? Todos vimos claramente que aqui não era seguro para elas.

– Também não entendi muito bem. Eu sabia que não deveria ter tomado tal atitude sem informar os outros, mas não consigo enxergar o real problema. Rubi falou que tem a ver com o marketing da cidade...

– Claro! Quem viria para cá depois que a Avatar e sua namorada tiveram que fugir por não poderem sequer jantar em segurança, certo? – balanço a cabeça positivamente. – Bom, eu irei. – ele afirma.

Asami

Chego à sala de jantar e vejo todos já sentados à mesa. Como de costume, perdi o início do assunto me arrumando. Korra deveria ter feito isso em poucos minutos, enquanto eu ainda dormia. Não sei como ela consegue ser tão rápida...

– Bom dia, querida! – beijo a testa de Korra e cumprimento os demais antes de sentar ao seu lado.

– Você não acha que Tenzin seria um candidato perfeito para concorrer à presidência? – Korra pergunta voltando minha atenção instantaneamente à Tenzin que me encara incrédulo.

– Acho que em Republic City não há ninguém melhor que nosso querido mestre do ar para lidera-la. – Tenzin solta um sorrisinho, mas logo fica sério novamente.

– Obrigado, meninas, mas já tenho muitos afazeres. Cuidar de uma cidade do porte de Republic City está fora de cogitação.

O assunto se encerra ali e todos começam – ou continuam – a comer. Pego uma fatia de pão de uma bandeja logo em minha frente e dou uma mordida. É quando Pema pronuncia meu nome. Olho atenta para ela.

– Foi você quem vi saindo de casa ontem a noite quando fui a cozinha beber água? – engasgo ao engolir o pão que até então mastigava. Korra e eu não pretendíamos contar nossa aventura a ninguém ainda, mas eu não possuo o hábito de mentir...

– Era ela sim... – Korra dá uma risadinha e se põe a responder em meu lugar ao perceber meu pânico – ela deveria estar me seguindo. – Pema fita Korra em busca de respostas – Eu não estava conseguindo dormir ontem, então fui praticar um pouco de dobra de ar. – Tenzin lhe lança um olhar desconfiado – Qual o problema? – ela se volta a ele.

– Nada. Só que... Esqueça.... Tudo bem. – ele responde.

– Relaxa, Tenzin, se ela dissesse que estava meditando, com certeza seria mentira. – comento tentando encerrar o assunto e Jinora solta um sorriso.

– Cadê minhas meninas? – Bolin entra correndo pela a sala ao nosso encontro.

– Bolin! – Korra levanta e o abraça. Faço o mesmo em seguida.

– Que bom ver que estão bem, garotas. – Su se aproxima – Fiquei preocupada quando soube sobre as coisas que aconteceram em Ba Sing Se. – ela apoia sua mão no ombro de Korra.

– Onde está Mako? – pergunto quando percebo sua ausência.

– Ele não pode vir. – o garoto responde.

– Pessoal, está na hora. – diz Lin e todos os outros se levantam da mesa caminhando em direção a saída.

***

Ao chegarmos no local do enterro, damos de cara com a imprensa que começa a fotografar freneticamente Korra e eu. Não sei como eles conseguem voltar suas atenções para nós em meio à tanto caos...

– Meninas... – uma voz masculina ecoa atrás de nós. Nós viramos e damos de cara com Tonraq.

– Pai! – Korra o abraça e ele me cumprimenta com um aperto de mão.

Caminhamos até um belo lugar, onde estão todos os políticos.

– A Avatar chegou. – alguém diz no meio da multidão.

– Amor, acho que preciso ir. – ela diz olhando para o microfone, se referindo muito provavelmente a ter que discursar.

– Não acho que precise. – um sentimento estranho toma conta de mim como se algo ruim fosse acontecer.

– Sim, eu preciso. – ela insiste. – Você parece preocupada. – ela segura minha mão.

– E estou. – digo – Não sei.... É como se algo ruim fosse acontecer, sabe?

– Querida, coisas ruins estão acontecendo a todo momento. É natural que esteja preocupada, mas fique tranquila, eu vou ficar bem. – ela sorri – Só vou subir lá, dizer algumas palavras e voltar para você, okay? –

Sempre achei impressionante a maneira como Korra consegue me acalmar em todos os momentos. Quer dizer, quase todos, porque desta vez, sua tentativa foi inexplicavelmente falha, mas tento não a preocupar e apenas concordo. Ela me beija e caminha até o microfone.

– Eu nunca fiz isso antes...- ela me olha e sorri – mas... Bom, Reiko e eu não costumávamos nos dar muito bem, isso é fato, mas ainda assim, sempre reconheci e respeitei o político que ele era e isso não seria diferente agora.

Vejo uma luz refletindo no sol, o que chama minha atenção. Olho em volta e identifico um movimento estranho em uma das janelas de um prédio próximo. Em seguida, ouço um barulho e a multidão se alvoraça. Volto minha atenção institivamente ao microfone e não vejo Korra. Meu coração dispara. Corro até lá empurrando as pessoas que também correm, mas diferente de mim sem rumo e completamente desorientadas. Que diabos aconteceu aqui?

Finalmente avisto Korra, mas para meu desespero ela não está de pé tentando entender o que está havendo. A garota está caída ao chão. Me aproximo rapidamente e percebo o sangue que escorre de seu peito.

– Korra! – finalmente à alcanço e rapidamente a coloco em meus braços.

Seus olhos azuis encontram os meus, mas ela não diz nada e aquele sentimento estranho que me tomara momentos antes, agora se define em tristeza. Lágrimas escorrem dos meus olhos e de repente, perco a percepção de tudo que ocorre em volta.

– Korra, fique aqui comigo, por favor.... Eu te amo. Eu te amo, Korra. – seus olhos e fecham. Ela me deixou...

Korra

Após sentir uma dor intensa e uma enorme agonia, acordo em um gramado ao lado de um riacho. Toco meu peito e não sinto nada estranho. O que aconteceu?

– Não deveria se levantar tão depressa, Korra, você está fraca. – ouço uma voz familiar e rapidamente a identifico como sendo a de Iroh, mas como? Eu estou no.... Olho em volta e constato que realmente estou no mundo espiritual, mas como vim parar aqui? – Você deve estar se perguntando o que está fazendo aqui...

– Sim. – o encaro confusa.

– Korra, vendo sua dúvida, temo que esteja no meio fio. – ele se aproxima preocupado.

– Meio fio de que? – fico ainda mais confusa. Do que ele está falando? O que está acontecendo? Em um momento eu estava lá, olhando para Asami e agora estou aqui. Algo me atingiu eu sei disso, mas.... Não!

– Da vida e da morte. – ele diz sem rodeios afirmando minha suspeita.

The Legend Of Korra - Livro 5 : O LegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora