Capítulo 11

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Quando chegamos à casa dela, Megan me levou diretamente para o quarto e
fechou a porta. Então era só um plano para me matar? Olhei em volta, analisando o ambiente, que não parecia ser dela. Bom, uma parte parecia, como a parede com pôsteres de bandas. Mas também havia lindas fotos da natureza — uma onda
quebrando contra uma pedra, a copa de uma árvore, um céu repleto de
nuvens. Sobre a cômoda havia um vaso grande cheio de vidros do mar
coloridos.

Você vai ao churrasco usando isso aí? — ela perguntou, chamando
minha atenção de volta para ela. Megan estava encarando meus sapatos. Olhei para baixo tomada por um súbito pânico, mas lembrei quem
estava me dando conselhos de moda.

Tive três votos de aprovação das garotas.
Ela suspirou.
Tudo bem. Tanto faz. Provavelmente minha irmã vai adorar. Você está... — E acenou com a mão para a minha roupa, como se isso contasse como um adjetivo. — Bom, enfim, é mais ou menos assim que as coisas vão acontecer...
Espera. Como assim “como as coisas vão acontecer”?
— O que eu vou dizer a ela.
— Ela não sabe? — eu praticamente gritei.
Shhh. — Ela olhou para a porta e balançou a cabeça. Eu pensei que
ela tinha planejado tudo e que Megan relutantemente concordara, mas a garota nem queria nada disso.

Ótimo, agora ela ia pensar que eu estava a fim dela ou alguma coisa
assim, enquanto tudo o que ela queria era voltar com a ex. Quem não queria era Megan.
Pode acreditar: ela vai ficar feliz por não ter que ir sozinha.
— Espero que sim, ou então eu vou embora.
— Ah, não, não vai. Você deve um favor a minha irmã, e, mesmo que
ela não saiba que isto é para o bem dela, você vai ter que me ajudar a
convencê-la.
— Você quer a minha ajuda para convencer a sua irmã?
— Só se for necessário. Espera aqui enquanto eu vou falar com ela.

Megan saiu do quarto e fechou a porta com delicadeza.
Eu não ia ficar ali parada sem saber o que me esperava. Precisava
descobrir o que ela pensava sobre tudo isso. Abri um pouco a porta
quando Megan desaparecia no fim do corredor e fui atrás dela. Colei as costas na parede e fiquei ouvindo.

Oi, Meg. E aí? — A voz da Ariana postiça trouxe de volta à minha
mente sua imagem, os olhos verdes, o cabelo preto, o queixo marcante.
Parece que você vai sair — Megan comentou.
Vou.
— Eu sei aonde você vai.
Quase consegui ouvir as sobrancelhas dela levantando.
E acho que não é uma boa ideia.
— Você andou lendo os meus e-mails?
— Ela te tratou como lixo, te traiu, e você vai dar a ela o prazer de chegar sozinha na festa.
— Como você sabe que eu vou sozinha?

Tive que sufocar uma exclamação de surpresa. Ela já havia pensado em
tudo sem a nossa ajuda. Na noite do baile de formatura, ela disse que
nunca ia precisar de uma namorada de mentira. Obviamente, era verdade.
Megan nem teria que revelar que eu estava ali, se ela realmente tinha
companhia para ir ao churrasco. Provavelmente ela ficaria feliz porque a irmã havia arrumado alguém, por não precisar de mim.

Ah, por favor. Você não tem companhia. Vive dentro de casa desde que ela terminou o namoro.
Ela riu, e meu coração voltou ao ritmo normal.
— Você está tentando ir à festa comigo, Meg? Se quiser ir, é só falar.
— Não quero. Minha presença não ia te ajudar em nada. O que eu quero é que você pareça confiante e prove que superou aquela garota horrível.
— Ela não é horrível.
— Acho que o tempo fez você esquecer o tamanho da traição.

Ela baixou a voz.
Eu não esqueci.
— Por que você vai, então? Por quê?
— Acho que preciso colocar um ponto-final nessa história.
— E você não pode falar com ela no colégio, por exemplo?
— Não tenho encontrado com ela no colégio. Ela sai de lá para almoçar.Não vou ficar procurando.
— Mas você está aí, pronta... para ir procurar.

— Para encerrar essa história.
— Mas não é isso que vai acontecer. Eu conheço aquela garota. Ela só
convidaria você por dois motivos. O primeiro, esfregar na sua cara como
está feliz com “aquele que não deve ser nomeado” e ter certeza de que
você não superou. O segundo, ela chutou o cara, percebeu que você é
incrível e quer voltar. Tenho certeza de que é a segunda alternativa, e acho que você pode ser louca o bastante para aceitar essa menina de volta.
— Não vou aceitar.
— Tem razão. Não vai, porque eu arranjei alguém para ir com você. Não uma garota qualquer, mas uma menina linda que vai fingir que está
apaixonada por você.

— Você contratou uma acompanhante para mim?
Megan riu.
Esse era o plano B.
Houve um instante de silêncio, depois ela perguntou:
Está falando sério? Você arrumou mesmo alguém para ir comigo?
É sério. Ela está aqui em casa.
— Megan! Não. Isso não vai acontecer. Pode dispensar a coitada.
— Não é uma coitada. Ela sabe o que veio fazer aqui.
— E concordou com isso?
— Sim, ela te deve um favor.
— Ela me deve um favor...?

Obviamente ela não pensava em mim tanto quanto eu pensava nela,
porque uma dica como essa deveria ter sido suficiente para ela saber
imediatamente que a garota era eu.
Megan pigarreou.
Eu sei que você está no corredor. Pode sair daí.

Como ela sabia? Eu não queria aparecer agora, porque estava me
sentindo mais que idiota. Só queria ir para casa... depois de perguntar por
que ela tinha aceitado entrar comigo no baile.
Alô! Hora de sair daí. Você prometeu.
Engoli a saliva e saí de trás da parede do corredor.

A dublê de Ariana arregalou os olhos e me examinou da cabeça aos pés.
Camila? — E olhou para a irmã. — A Camila?
— É, a Camila — ela confirmou. — De nada.
— Não tive nada a ver com isso. — Ela puxou a gola da camiseta, que tinha a seguinte frase: “Você não pode me tirar o céu”. O cabelo dela precisava de atenção novamente, mas ela era mais fofa do que eu lembrava.
Sim. Bom, eu sei... agora.
— Não precisa ir comigo. Você está incrível, de verdade, mas prefiro ir
sozinha. Nada pessoal.

— Eu sei. — Tecnicamente, eu nem queria ir a essa porcaria de festa cheia de gente que eu não conhecia, mas ouvir a garota dizer que não queria que eu fosse foi meio que um soco no estômago. Ela preferia ir sozinha a ter que me levar? Tudo bem. Não tinha importância. Se eu fosse embora agora, poderia ir à festa do Logan com as minhas amigas. — Acho melhor eu ir para casa.
— Sim — concordou a dublê de Ariana.
Ao mesmo tempo, Megan falou:
Não!

Olhei para as duas. O olhar de Megan era suplicante. Eu disse que
tentaria convencê-la, aceitei ajudá-la. Ela não devia ir sozinha à festa da ex namorada. Principalmente se tinha a intenção de voltar com ela.
Escuta, não preciso fingir que sou sua namorada. Posso ir como sua
amiga.
— Não quero te obrigar a isso.
— Não vai me obrigar. E eu já me arrumei.
Ela sorriu.
— Não podemos permitir esse desperdício.
— Não é?
— Ótimo — disse Megan. — Estamos combinadas. — E segurou meu braço
para me levar de volta ao quarto dela, antes que a irmã pudesse protestar.
Só preciso ter uma conversa rápida com a Camila, depois vocês podem ir.
— Tudo bem — ela respondeu.

Quando chegamos ao quarto, ela olhou para mim.
Boa ideia essa de ir como amiga. Quando chegar lá, você vai poder
segurar a mão dela, beijar o rosto dela e fazer outras coisas de namorada. O
que for preciso para fazer essa história colar.
— Megan, eu falei sério quando disse que iria como amiga. Não foi um
truque. É evidente que ela quer a ex de volta.
— Você também percebeu?

— Sim. — Tudo bem que ela estava falando em ponto-final, mas era
óbvio que queria voltar. Peguei a bolsa no chão do quarto, onde a havia deixado. — Pelo menos ela aceitou a minha companhia, certo? — Quando
estava saindo, avistei alguns produtos para cabelo sobre a cômoda. — Vou
pegar emprestado — falei e guardei um tubo de gel na bolsa.
Faça o seu trabalho — Megan respondeu enquanto eu saía. — Ainda não é tarde demais para salvar a minha irmã.
Eu não ia forçar ninguém a me exibir como namorada de mentira, então
apenas ri e fui procurar a dublê de Ariana.

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