Namorada De Aluguel

Capítulo 34

— Caso esteja interessada em saber — Megan falou quando sentou na minha
frente na segunda-feira de manhã —, eu acredito em você, e já disse isso a
Lauren.
— Obrigada. — Não que isso importasse. Eu não queria falar com a
Lauren nunca mais.
— Porque o Spencer é um falso. Não sei como os amigos da Lauren viraram esses babacas. Acho que é porque eles se conheceram muito pequenos, quando ainda eram só meio babacas. Tenho certeza de que, se tivesse conhecido o Ryan ou o Spencer nos últimos dois anos, a Lauren teria percebido como eles realmente são.

Eu tinha medo de que a minha voz tremesse, por isso só movi a cabeça
em uma resposta afirmativa.
— Mesmo que a história do Spencer fosse verdadeira, eu apoiaria sua
decisão de sair de lá num acesso de ciúme. Eu disse a Lauren que a única
coisa que eu teria feito diferente, se a gente tivesse ido ao teatro juntas e
ela fosse falar com a ex-namorada e me deixasse plantada, teria sido socar a cara dela antes de ir embora. Por que a tonta da minha irmã continua
falando com aquela garota idiota? Principalmente quando está com
alguém?
— Não foi bem assim.
— Ela me disse que te convidou para sair. A Lauren falou que não era
um encontro?
— Não.

— Ela gosta de você, Camila. Está agindo como uma idiota, só isso.
— Não faz diferença. Ela não confia em mim, e eu não confio mais nela.
Considerando que essa é a base de todo bom relacionamento, acho que
não temos muito mais o que esperar.
Megan pôs a mão sobre a minha.
— Minha irmã é extremamente leal. Às vezes até mais do que deveria. A
lealdade supera o raciocínio, no caso dela. O cérebro diz uma coisa e o
coração diz outra. Uma vez, quando eu era pequena, ela me viu empurrar
um menino e roubar o picolé dele. Eu disse a Lauren que o picolé era meu, que o menino o havia tirado de mim. Lauren acreditou e mandou o menino me deixar em paz. Lealdade.

— Entendi o que você quer dizer, mas nessa história eu sou o menino chorando porque o picolé foi roubado. Não é a mim que a Lauren está sendo leal.
Ela suspirou, irritada.
— Eu sei. Estou dizendo exatamente isto: ela entendeu tudo errado. Devia ter devolvido o picolé ao garoto e me ensinado a não ser encrenqueira.
Eu ri.
— Bom, isso é muito importante para mim.
— Vai falar com ela?
— Ela não quer conversar, Megan. Ela quer a Lucy de volta. Desculpe se falhei na sua missão, mas elas que se entendam.
— Minha missão?
— É por isso que você quer que eu fale com ela. Você odeia a Lucy.

— Não dá para negar, mas não é isso. Eu gosto de você, Camila. — Ela
segurou meu braço e me encarou com aqueles olhos contornados de
delineador preto. — Por mais que eu tenha tentado me convencer a não
gostar, gosto de você. De verdade.
As palavras dela me fizeram querer rir e chorar ao mesmo tempo.
— Também gosto de você, mas não preciso ficar com a sua irmã por
causa disso.
— Você e a minha irmã combinam. Você alimenta a confiança dela, e ela
diminui a sua ansiedade. Quando se encontra alguém assim, não se pode
desistir com tanta facilidade.
Eu ri.
— Obrigada, Dr. Phil, mas acabou, e eu não gosto de reprises.

Eu não queria almoçar com as minhas amigas. Não queria fazer nada além de ficar sentada na sala da quarta aula e nunca mais sair de lá. Mas
levantei, pendurei a mochila no ombro e fui procurar a Dinah.
— O que aconteceu? — ela perguntou imediatamente. Naquela manhã,
quando peguei carona com ela até o colégio, consegui esconder minha
tristeza. Mas a conversa com Megan havia piorado tudo. Ela acreditava em
mim, o que tornava ainda pior o fato de Lauren não acreditar. Tornava
ainda mais evidente que ela devia acreditar.
— Dia ruim.
— Quer conversar?
— Não.
— É o Drew? Ainda está brigando com ele?
— Sim... Espera aí. Como você sabe que o Drew e eu brigamos? — Eu não tinha contado a ninguém, porque isso implicaria revelar a verdade sobre o filme mais constrangedor do mundo.