Capítulo 28

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Lauren ainda não tinha me visto, mas meu rosto ficou vermelho do mesmo jeito. Ela olhava para a irmã, e havia em seus lábios um sorriso afetado, como se estivesse acostumada com os gritos no quarto dela.
Estamos exorcizando nossos demônios — Megan respondeu, olhando para mim.
Foi quando Lauren virou, me viu e arregalou os olhos.
Camila ? O que está fazendo aqui?
— Acabei de falar — Megan respondeu por mim. — Estamos expulsando o mal do nosso corpo.
— Espera. Você também estava gritando? — Ela parecia não acreditar.
Sim, ela estava — Megan respondeu por mim de novo. — Agora sai. Talvez a gente tenha que gritar com você daqui a pouco. Vamos ter que gritar com ela?
— Não, não vamos — eu disse.
Que pena. Tenho gritos ótimos — Megan comentou.

Lauren cruzou os braços.
Estou confusa.
— O irmão dela é um babaca. Os pais se orgulham disso. Estamos gritando de raiva. O que é tão difícil de entender?
— Seus pais não se incomodaram? — ela me perguntou.
Nem um pouco.
— Caramba. Sinto muito.
Dei de ombros.
Não tem tanta importância.
Megan suspirou.
Camila, é muito importante. Estamos furiosas, por isso estamos gritando. Você não está brava com os seus pais por não reconhecerem o que sentem? Para de fazer o que eles te ensinaram.
Lauren sorriu.
Você veio ao lugar certo. Aqui ninguém esconde o que sente. Se
precisar, tem um balde de bolas de beisebol no quintal.
Megan sentou.

Ah, é. Vamos levar as bolas para a casa do Will.
— Casa do Will? — perguntei.
Lauren olhou para o celular, provavelmente para ver as horas.
Não precisa levar a gente a lugar nenhum — eu disse. — Se estiver
ocupada.
— Ela não está ocupada. Vamos nessa — Megan decidiu.
Na verdade, eu estou — ela protestou. — Mas é sério, vai ajudar.
Vocês duas deviam ir. — Ela acenou para mim e saiu do quarto, deixando a decepção em seu lugar.
O que ela está fazendo? — perguntei, tentando parecer casual.
O olhar de Megam era a prova de que eu não tinha conseguido.
Quem sabe? Talvez tenha combinado alguma coisa com os amigos. Ela tem alguns.
— Certo. — Passei um dedo pela borda do vaso onde ela guardava os vidros do mar.

Você sabe se ela falou com a Lucy depois da festa? Ou o nosso esforço
deu certo?
— Está preocupada com isso?
— Não... quer dizer, sim. Eu conheci a garota, e você tinha razão. Ela não
serve para ela. Mas eu sei que a Lucy ficou com ciúme da Lauren por ela ter me levado à festa. Minha preocupação é que o efeito do seu plano tenha sido o oposto do que você queria.
— Você acha que ela terminou com o Ryan para tentar reconquistar a
Lauren depois de ver vocês juntas?
— Não sei.
— Hum... — Ela entortou a boca para o lado. — É melhor a gente fazer
alguma coisa para garantir que ela não a queira de volta. Amanhã depois da aula. Você, eu e a Lauren vamos jogar as bolas de beisebol na casa do Will.

Balancei a cabeça.
Megan, chega de armação.
— Armação? Não é armação. Vamos sair com a minha irmã. O que tem
de errado nisso?
Sair com a irmã dela. Senti meu coração apertar quando pensei nisso, e soube que passar mais tempo com ela poderia me fazer muito mal. Eu
estava começando a gostar dela. Muito. E, normalmente, não me permitia gostar de ninguém antes de ter certeza de que o sentimento era recíproco. Mas me ouvi respondendo: — Tudo bem.

*                   *                   *                       *

Andamos de carro por uns vinte minutos até que chegamos a um bairro afastado onde todas as casas pareciam precisar de uma reforma. Lauren subiu por uma alameda de terra que era a entrada de uma propriedade, um terreno cheio de árvores e ainda mais entulho. Carros velhos e enferrujados, ferramentas quebradas, grandes máquinas agrícolas. Vários cachorros apareceram quando viram o carro, latindo e correndo atrás de nós.
Onde estamos? Isto aqui parece o cenário de um assassinato coletivo.
Lauren sorriu para mim.
É a casa do Will. Ele é membro da nossa igreja. Por vinte dólares, ele
deixa a gente jogar as bolas de beisebol no terreno dele.

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