Capítulo 38

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Drew estava sentado no sofá da sala quando entrei em casa. Suspirei. Não
queria que ele levasse embora a felicidade que eu estava sentindo depois de ter passado a última hora com Lauren.
Eu disse que você estava de castigo — ele falou.
Depois de quase dezoito anos sem nunca ter tido essa experiência, eu
não sabia como funcionava.
— Onde você estava? Tentei encontrar alguma dica do seu paradeiro no
Twitter, mas o silêncio nas redes sociais já dura trinta e seis horas. Quase mandei uma equipe de busca atrás de você.

— Agora você virou um babaca que acha que pode me julgar.
Drew deu de ombros.
Sempre fui. Pensei que isso estivesse claro. O que aconteceu?
— Estou tentando ser uma pessoa melhor. De vez em quando dá certo.
— E aquele monte de mentiras? Faz parte de ser uma pessoa melhor?
— Não, aquilo foi o começo da jornada.
— Entendi. Bom, me avisa como funciona, e eu vou decidir se quero
experimentar.
— Até agora, perdi algumas amigas, o colégio inteiro está me olhando feio e o meu irmão acha que sou amoral.
— Na verdade, o seu irmão está impressionado por você saber o que
significa “amoral”. — Ele ficou em pé. — Nesse caso, vou recusar a opção
“ser uma pessoa melhor”.

— Por outro lado, ganhei amigas incríveis que me conhecem de
verdade, e acho que me conheço melhor.
Ele assentiu, como se aprovasse.
Posso fazer outro documentário sobre você?
Peguei uma almofada do sofá e joguei nele.
Você acha que isso é engraçado? Acha que não me machucou? Acha
que pode chegar com esse seu jeitão de “sou legal demais para todo mundo” e tudo fica resolvido entre nós?
— Eu estava torcendo por isso.
Bati na cabeça dele com a almofada, depois a soltei e sentei no sofá.
Você não sabe tudo, por mais que finja saber.
Ele sentou ao meu lado.
Eu sei.

— E eu não posto todas as minhas coisas. Especialmente os meus
sentimentos verdadeiros.
— Desculpa.
Fiquei parada. Era a primeira vez que ele pedia desculpas, a única vez que eu o ouviria se desculpar, provavelmente.
É um pedido sincero, Camila. Pisei na bola.
Olhei para ele.
Então por que estava tentando jogar os nossos pais contra mim?
— Porque eles... — Drew grunhiu, frustrado. — Porque eles não
impõem consequências para nada. Isso me transformou em uma merda de pessoa. Eu queria que eles fossem melhores com você.
— Está culpando os dois pelos seus problemas? Quanta originalidade.
Ele riu.
Eu sei. Todo mundo tem problemas para resolver com os pais. — E
bateu com a mão fechada no meu joelho. — Sempre achei que você não
tivesse.

— Eu sempre fingi que não tinha.
— Bem-vinda ao mundo real, minha irmã.
— Engraçadinho. Então... você odeia os nossos pais?
— Não, é claro que não. Acabei de descobrir coisas sobre as quais
concordo com eles e outras sobre as quais não concordo.
— Como o fato de eles desculparem a gente com mais facilidade do que
deveriam — apontei.
Drew deu de ombros.
Podia ser bem pior.
— Eles podiam ser babacas julgando todo mundo.
— Ou esnobes mentirosos.
Olhei para o meu irmão, vi seu cabelo comprido e o sorrisinho meio
arrogante.

Um dia você vai conhecer uma garota que vai baixar sua bola. Espero
que ela seja viciada em Twitter.
— Isso seria o suficiente para eu desistir dela, Mila.
— E por isso seria tão legal.
Ele respirou fundo.
Se ela for como você, vou me considerar um cara de sorte.
Lágrimas fizeram meus olhos arderem, e, enquanto eu pensava em
como devia responder, ele tirou as chaves do bolso.
Bom, tenho que ir.
Era evidente que tínhamos um longo caminho a percorrer no
departamento da comunicação de sentimentos, mas agora até parecia
possível. Eu assenti.
A Ariana está me esperando. Nós viemos juntos.

— A Ariana ainda está aqui? — Olhei em volta, esperando vê-la aparecer de algum lugar.
Não aqui em casa. Aqui perto. Eu a deixei no campo.
— De golfe?
— Sim.
— Eu nem sabia que ela gostava de golfe.
— É, ela também não sabe muito sobre você.
— Eu sei, é patético.
— Patético é ter que passar as próximas três horas com ela dentro de um carro sendo que não temos nada em comum.
Dei risada e o abracei.
Obrigada por ter tentado. Obrigada por... Obrigada.

***

Cinco minutos depois de meu irmão ter ido embora, minha mãe entrou
pela porta da frente. Ela parou ao me ver, mas substituiu rapidamente a surpresa por um sorriso.
Oi, Camila. Já chegou?
Eu levantei.
Mãe, não precisa fingir que não está chateada. Fui grosseira com você
hoje de manhã. Desculpa.
— Tudo bem. Está tudo bem. Sem problemas. — Ela foi para a cozinha,
e eu a segui.
Mãe. Por favor, não contribua para essa mentira.
— Quê? — Ela começou a esvaziar a lava-louça.
Mãe, pode olhar para mim?
Ela se virou e me encarou.
Está na hora de mostrar como a gente realmente se sente. Eu sei que
você ficou chateada comigo.

Ela sufocou um gritinho angustiado e cobriu a boca com a mão fechada.
Você é mãe, não um androide. Sei que você tem sentimentos. Às vezes eles aparecem. Não vou achar que você é pior por isso. Na verdade,
isso vai me ajudar a te conhecer melhor.
Ela me abraçou.
Não somos perfeitas e não temos que ser. — Passei a mão no cabelo
dela, estragando o seu penteado.
Camila. — Ela se ajeitou.
Eu ri. Sabia que a minha mãe não mudaria nesse instante ou de um dia
para o outro, mas sentia que era um começo.

A fic ta acabando amores só falta mais um capítulo 😢

Namorada De Aluguel Onde histórias criam vida. Descubra agora