Capítulo 23

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Quando abri os olhos, o carro estava parado. Luzes brilhantes me fizeram
piscar algumas vezes. Endireitei as costas e me espreguicei.
Megan pigarreou.
Acordou.
— Cadê a Lauren ?
Ela apontou para a janela, e vi Lauren e Demi em pé ao lado de uma bomba de combustível.
Ah. Combustível. — Alcancei minha bolsa no chão para pegar a carteira. Tirei dela duas notas de vinte dólares e as enfiei no porta-copos no console.

Megan olhou para o dinheiro por um instante e disse:
Vou falar uma coisa, e só vou falar porque estou com pena de você depois do que aconteceu hoje, mas também porque é verdade.
— Tudo bem — eu disse e me coloquei em estado de alerta. Não era o tipo de declaração que resultava em algo bom de ouvir.
Você disse que estava chateada porque era aquela pessoa, o tipo que
seu irmão criticou naquele filme idiota.
— Sim.
— E é verdade. Você era aquela pessoa.
— Obrigada, Megan.
— Eu disse “era”. Não é mais.

Entendi o que ela estava tentando dizer, e percebi que sua intenção era
me animar, mas eu sabia que não era bem assim. Eu não era menos
superficial hoje do que seis meses atrás, quando meu irmão me filmou.
Ela deve ter sentido que eu não acreditava nisso, porque continuou: — Ultimamente, você parece estar se esforçando para melhorar. Me
cumprimentou no colégio na frente das suas amigas. Ajudou minha irmã com a Lucy. E nós estamos juntas há oito horas e eu ainda não quis te
estrangular. Isso deve significar alguma coisa.

Eu ri. A relação das minhas supostas boas ações era muito curta.
Lauren se sentou diante do volante e os olhos dela encontraram os meus.
Tudo bem?
— Sim. — Era a terceira vez que eu repetia isso, e a terceira vez que
mentia. Apontei para o porta-copos. — Obrigada.
Ela olhou para o dinheiro.
Pra que isso?
Forcei um sorriso.
Pela diversão.
Demi e Lauren sorriram, mas também parecia forçado.

Meu telefone tocou e eu me assustei, lembrando no mesmo instante
que não tinha ligado para minha mãe quando entrei no carro, como
prometi. Atendi imediatamente.
Desculpa, mãe. Estou voltando pra casa. Falta uma hora de viagem, mais ou menos.
— Fiquei preocupada.
— Eu sei, desculpa. Esqueci de ligar.
— Pensei que tinha ido comemorar com o seu irmão depois da cerimônia. Como você não ligou, eu liguei para ele.
— Você ligou? — Eu gemi. — O que ele disse?
— Ele não atendeu, mas deixei um recado na caixa postal. Deve estar
ocupado.
— É, deve ter saído com os amigos, alguma coisa assim. Que recado você
deixou?
— Só perguntei se você estava com ele, porque não tinha telefonado, apesar de ter prometido que faria isso.
— Desculpa — repeti, mas só conseguia pensar que o meu irmão agora sabia que eu havia estado lá. Quanto tempo ele demoraria para ouvir o recado? E o que ele diria quando telefonasse para mim? — A gente se vê daqui a pouco.
— Tudo bem. Boa viagem.
— Obrigada, mãe. — Desliguei.

Ele sabe? — Megan perguntou.
Dei uma olhada no celular para ver se tinha alguma chamada perdida.
Ainda não. Mas vai saber.
Uma hora mais tarde, depois de deixar Demi, paramos na casa de
Lauren e eu olhei para ela, tentando entender por que não tinha me
levado para casa.
Tchau — ela falou para Megan.
Tchau.
Eu também saí do carro e a abracei antes que ela pudesse se afastar.
Obrigada por ter ido e por ter tentado me animar.
Ela retribuiu o abraço.
Eu disse que não queria te estrangular. Isso não significa que quero te abraçar. — A voz dela sugeria um sorriso. — Obrigada por ter me ajudado com a Demi — Megan falou antes de entrar.

Lauren também havia saído do carro, e fez um gesto me convidando para segui-la.
Ela me levou para o balanço na varanda.
Senta — disse.
Você acha que ainda é responsável por mim?
— Não gosto quando alguém fala “tudo bem” ou “estou bem”. Minha
mãe sempre diz que essa é a mentira mais contada no nosso idioma. E eu
não preciso dela para saber disso. Você não pode estar bem depois do que aconteceu hoje.
— Lauren, obrigada por tudo o que você fez hoje. Muito obrigada.
Mas eu não consigo conversar sobre isso agora.

Namorada De Aluguel Onde histórias criam vida. Descubra agora