Namorada De Aluguel

Capítulo 13

— Lauren.
Ela riu e desligou o motor.
— Está só repetindo o meu nome ou tem alguma coisa para me dizer?
— Estou repetindo porque agora eu posso, mas tenho uma pergunta.
— Qual?
— Você faz curso de teatro?
— Sim.
— Que bom. Tem muito talento.
Ela me encarou.
— Obrigado.
— E poesia? Sua mãe escolheu para você o nome de uma poeta. Gosta de
poesia?
— Está com medo de sair do carro?
— Ao contrário de você, eu não sou atriz. — Eu estava com medo de
estragar os planos dela de reatar com Lucy por causa da minha terrível falta de talento dramático.
— Não precisa ser. Viemos como amigas, lembra? Não precisa fingir
nada.
— Certo.

Ela levou a mão à maçaneta da porta.
— Espera! Quero arrumar o seu cabelo.
— Sério?
— Sério. Você quer que ela se interesse por você, não quer? — Achei que ela sairia do carro, mas, em vez disso, Lauren se virou para mim com ar cansado. Peguei rapidamente o gel na bolsa, antes de ela mudar de ideia. —
O segredo é usar pouco. — O gel era azul e prometia superfixação, então
eu espremi na palma a quantidade equivalente a uma moeda pequena,esfreguei as mãos e passei o produto no cabelo dela. — Seu cabelo é ótimo. Só parece que foi a sua mãe que cortou.
— Você nem conhece a minha mãe.
— Bom, qualquer mãe. — A parte da frente ainda estava meio bagunçada,
então passei uma última camada de gel e sorri. — Pronto.
— Missão cumprida?

Olhei para ela e percebi que, para ajeitar seu cabelo, eu havia eliminado
a distância entre nós. Recuei.
— Sim, ela vai estar apaixonada quando a noite acabar.
— Nunca pensei que o cabelo tivesse tanto poder. — Ela continuava
olhando para mim, aquele olhar que parecia vasculhar minha alma, depois sorriu. Meu coração deu um pulo que me surpreendeu, e eu abaixei a
cabeça.

Tirei o celular e o brilho labial da bolsa e os coloquei no bolso enquanto
ela abria a porta e descia do carro. Quando enfiei a bolsa com o que restava dentro dela embaixo do banco, ela já estava abrindo a porta do meu lado.
E me ajudou a descer. Depois de travar as portas, ela olhou para a casa e eu vi que respirava fundo, os ombros subindo e descendo com o movimento do ar entrando nos pulmões.

— Está nervosa? — perguntei, um pouco surpresa.
— Talvez. Obrigado por ter vindo comigo.
— Tudo bem.
— Bom, vamos lá.
— Lauren?
— O que é, Camila?
— Nada. Eu só queria dizer o seu nome.
Ela sorriu, e era isso que eu esperava. Ela só precisava relaxar. Eu sabia
que Megan queria que eu a mantivesse longe de Lucy, mas quem era eu para impedir, se o que ela realmente queria era reatar o namoro? Entramos e contornamos a lateral da casa até um portão que estava só encostado.

— Ah, olha só isso. A casa da sua ex tem o mar nos fundos. — Eu sabia
que estávamos perto da praia, porque podia ouvir as ondas e sentia a brisa
do mar, mas não percebi que a casa ficava tão perto.
— Bem legal, né?
A praia isolada estava repleta de gente comendo, conversando e dançando. Lauren deu uma olhada em tudo, e eu percebi o momento em que ela a viu, porque ficou tensa.

Segui a direção do seu olhar e fiquei tensa também. Não que ela fosse
linda ou alguma coisa assim, mas dava para ver que tinha mais atitude e personalidade do que eu jamais teria. O cabelo platinado era curto e
repicado, com um lado mais comprido que o outro. O meu era castanho e sem graça, num corte comum. Ela era alta e magra, enquanto eu era baixinha e cheia de curvas. Ela usava uma camiseta com
uma frase que eu não conseguia ler, mas tive certeza de que era engraçada ou inusitada, como a de Lauren.

Elas combinavam, e depois desta noite provavelmente reatariam o
namoro. Ela queria voltar, e, pelo jeito como ela olhava para Lauren agora,
com os olhos brilhando de alegria, era evidente que queria a mesma coisa.
Megan ia me matar.
Lucy acenou, e ela a cumprimentou com um movimento de cabeça.
— Vou tirar a sandália. Não sabia que a festa era na areia. — Plataforma
não servia para isso. Eu devia estar de chinelo. Agora entendia o olhar de
Megan.
— Certo.
— Posso ir guardar a sandália no carro?
— É claro. — Ela me deu a chave, mas não se ofereceu para me acompanhar.
— Bom, então... a gente se vê em um minuto.