Capítulo 31

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Pela primeira vez desde que conseguia lembrar, não convidei a Dinah e a Ally para me ajudar com as roupas para o encontro com Lauren. Se é que seria mesmo um encontro.
A irmã dela praticamente a obrigou a me convidar para assistir à peça.
Era bem provável que ela ainda estivesse tentando manter Lucy longe dela.
Pensei até que Megan poderia ir conosco, mas, quando ela apareceu na sexta à noite sem ela e beijou minha mão na porta, comecei a pensar que talvez fosse um encontro de verdade.

Linda como sempre, Camila.
— Obrigada. Você também.
— Você acha que eu sou linda ?
— Escolhi você a dedo em um estacionamento para fingir que era minha namorada. Você acha que eu teria escolhido qualquer uma ?
— Bom, a mensagem é meio confusa. Escolher a dedo significa que havia
mais opções. E só tinha eu no estacionamento. Então, sim, acho que você teria escolhido qualquer uma.
— Nesse caso, eu tive sorte por você ser linda.
— É, teve.

Bati no seu braço, e ela riu.
Não houve nenhum outro contato físico no caminho para o teatro, e,
quando eu me convenci de que ela havia me convidado como amiga,
entramos no teatro com iluminação suave e ela segurou minha mão. Meu
coração deu um pulo de felicidade. Ela apontou para algumas cadeiras na
área central da plateia, e nós seguimos para lá.
Estávamos descendo pelo corredor quando alguém a chamou pelo nome.
Nós duas nos viramos e vimos Spencer, o amigo que ela encontrou na festa, acenando.

Tem mais um lugar vazio aí? — ele perguntou.
Lauren assentiu, e Spencer juntou-se a nós, na cadeira do outro lado de Lauren.
Oi. É Camila, certo?
— Isso. Oi.
— Viu a Lucy ? — Spencer perguntou a Lauren.
Ela inclinou a cabeça.
Sim, algumas fileiras para trás.
Lucy estava no teatro? Megan provavelmente sabia que ela viria. Outra armação?

Não. Eu não podia pensar desse jeito. Só porque não tinha certeza das
motivações de Megan, não significava que não podia confiar nas de Lauren.
Ela queria minha companhia. Esta noite nós não estávamos representando. A presença de Lucy no
teatro era só coincidência. Mas... ela havia fingido para me proteger quando encontramos Taylor na sorveteria. Era isso que estava acontecendo agora?

Por isso ela segurou minha mão?
Mesmo pensando nessa possibilidade, dessa vez eu não estava disposta
a soltar a mão dela. E a afaguei. Ela olhou para mim e retribuiu.
Spencer olhou para trás.
Cadê o Ryan?
— Você sabe o que ele pensa dessas coisas.
— Não pensamos todos do mesmo jeito? — Spencer bateu nas costas de
Lauren. — Ah, é, menos você. Você gosta de ver gente cantando e dançando. Esqueci.

— Não precisa ficar, Spencer. — A voz de Lauren era tranquila, mas
lembrei o que Megan havia dito sobre os amigos dela gostarem de coisas
diferentes das que ela apreciava.
Por que Spencer estava ali, afinal?
Você sabe que é brincadeira. Estou condicionado. Culpa sua. Mas não
estou acostumado a ficar sentado ao seu lado nessas ocasiões. Normalmente venho para te ver no palco.

Lauren falou alguma coisa que eu não pude ouvir, e Spencer riu.
Depois Lauren olhou para mim.
Você vai adorar.
— Tenho certeza disso. — Olhei para o programa na mão de Spencer. —
Caminhos da floresta. É terror?
— É uma coletânea de contos de fadas.
As luzes se apagaram e a orquestra começou a tocar. Um holofote
iluminou as cortinas, e elas se abriram. Lauren virou minha mão com a palma para cima sobre seu joelho e começou a deslizar um dedo bem lentamente para cima e para baixo em cada um dos meus dedos. Minha reação foi tão forte que os cabelos na minha nuca ficaram em pé. Apoiei a cabeça no ombro dela. Seu cheiro era incrível, uma mistura de desodorante e sabão de lavar roupa. Se queria me impedir de assistir à peça, ela estava fazendo um excelente trabalho.

Quando chegou o intervalo, eu estava tão envolvida com o fato de estar ali que quase esqueci que havia mais gente na plateia. O aplauso alto me tirou do transe.
As luzes se acenderam e eu endireitei as costas.
Incrível.
Lauren sorriu.
Que bom que gostou.
— Por que você não está no palco?
Ela apertou a mandíbula, mas relaxou em seguida.
Aconteceu muita coisa durante as audições.
— É, ser reclusa é trabalho duro.
O sorriso dela voltou.

Minha irmã te influenciou — ela disse, mas não rebateu meu
comentário. — O intervalo tem só quinze minutos. Se quiser ir ao banheiro, a hora é essa. Também tem bebidas e biscoitos para vender no saguão. Quer alguma coisa?
— Não, nada.
— Tudo bem, então. Preciso ir ao banheiro. Já volto. — Lauren soltou
a minha mão.
Eu mal podia esperar para segurar a dela de novo.
Tudo bem.

Respirei fundo algumas vezes, tentando devolver meu coração ao ritmo normal.
Peguei o programa e comecei a virar as páginas. Havia fotos de cada
pessoa do elenco, a descrição do papel que representava e o nome da
escola onde havia atuado anteriormente. Spencer pulou para a cadeira ao meu lado, e eu percebi que a minha atitude era grosseira. Fechei o programa e sorri para ele.
Oi. — Guardei o livreto embaixo da cadeira e apontei para o palco.
A Lauren também sabe cantar desse jeito?

— Sabe.
— Eu quero vê-la no palco algum dia. Há quanto tempo você e ela se
conhecem?
— Há anos.
— Onde se conheceram?
— Na escola. — Ele se inclinou para mim e baixou o tom de voz. — Tenho uma pergunta para você.
— Que pergunta?

— Vai ter uma reunião do pessoal do beisebol. Não quero reconquistar
uma namorada nem nada disso, mas seria legal não ir sozinho pelo menos
uma vez. Sabe como os caras são. Não cansam de fazer piadinhas. Passo
semanas aturando as brincadeiras depois de cada reunião. Mas não quero lidar com o drama de um relacionamento de verdade, nem com as expectativas de convidar alguém para sair, alguém que vou ter que ver o tempo todo.
Ele estava sugerindo o que eu achava que era?
Eu... vim com a Lauren. Sua amiga.
— Eu sei. Mas ela me contou sobre o plano, e é evidente que está funcionando. — E olhou para trás lentamente.

Lauren e Lucy estavam conversando. Ela estava segurando o braço dela e
rindo de alguma coisa que Lauren falara. Ela também sorria.
Ela a quer de volta. E você ajudou na reconciliação. E comigo seriam
três horas, no máximo. Quanto você cobraria por isso?
Fiquei gelada.
O quê?
— Só vamos sair. Mais nada. — Ele ergueu as sobrancelhas. — A menos
que você queira fazer alguma coisa depois.
A bofetada foi tão forte que minha mão ardeu.
Ei! Por que você fez isso? — Ele segurou um lado do rosto.
Você não mudou nada. — Ainda era o mesmo cara que saíra com a Ally dois anos atrás e a tratara tão mal. Levantei e me afastei. Cheguei ao
carro de Lauren e descobri que estava trancado.

Fechei os olhos e contei até dez, porque senti as lágrimas chegando.
Consegui segurá-las e me sentei na calçada. Meu telefone tinha uma chamada perdida da Ariana. Hesitei por um segundo, olhei para a entrada vazia do teatro e liguei de volta.

Namorada De Aluguel Onde histórias criam vida. Descubra agora