Capítulo 2

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Horas depois de ver meu pai sair porta a fora, antes mesmo do sol nascer, olho mais uma vez pela janela enquanto esfrego uma camisa em um balde, logo depois a penduro ao lado de outras, limpo minha testa, ajeito a manga da minha camisa que havia caído no ombro e volto para meu quarto abrindo o baú perto da porta e tiro um vestido azul, desmerecido pelo tempo e uso, o visto rapidamente, jogo meu cabelo atrás dos ombros fazendo as ondas rebeldes caírem nas minhas costas e deixar o pescoço a mostra, passo as mãos pelo meu rosto e aliso o vestido tentando ficar mais apresentável, pego meu cesto e saio nas ruas estreitas segurando o cesto contra meu corpo, logo vejo as ruas se abrirem e as casas darem lugar a uma longa praça com barracas onde comerciantes negociavam os mais diversos artigos, desde frutas e peixes  até roupas e joias, o cheiro de peixes e pães arrecem assados domina o local assim como as convercas entre comerciantes, crianças correm de um lado para o outro entre as barracas.
sorrio e me aproximo de uma barraca apanho uma maçã e sinto seu cheiro, jogo uma moeda pra senhora que estava atrás me olhando atentamente, sorrio travessa pra ela lembrando quantas maçãs já havia roubado quando era mais nova, pego outra maçã a colocando no cesto e saio, mordo a maçã enquanto caminho entre as barracas comprando pães e ervas.

Depous de comprar o que precisava caminho até a praia onde passava todo meu tempo livre não que tivesse muito, solto o cesto na areia e tiro as sapatilhas deixando-as de lado caminho até o mar deixando meus pés serem molhados e a barra do vestido também, olho para meus pés e sorrio enterrando os dedos na areia me perco em minha imaginação fico flutuando nela e imaginando outras terras, o que teria além da imensidão a sua frente e lembrando das histórias que escutava quando era mais nova, sobre aventuras, monstros e terríveis piratas,  sinto uma pedrinha bater no meu ombro, chamando minha atenção, me viro ainda sorrindo e corro na direção so rapaz que nao tinha visto chegar e o abraço.

- Oi garota do mar.

Solto ele ainda sorrindo, ele também sorri olhando pra mim.

- Oi pescador... achei que estaria no mar hoje.

Falo feliz e surpresa, a meses ele era aprendiz de um pescador e por isso não podíamos passar mais tanto tempo juntos como quando éramos mais jovens.

- Não... hoje não.

Ele me diz sorrindo ainda próximo, me afasto dele indo até o cesto pego a outra maçã e jogo pra ele que pega no ar e  da uma mordida, seu rosto ilumina quando ele parece lembrar de algo.

- Tenho uma surpresa pra você... Vem comigo.

Ele fala com sorriso travesso, olho em volta a gente sempre arrumava confusão quando eu via esse sorriso, retribuo o sorriso e apanho meu cesto já correndo atrás dele por entre as pedras.

- Noah... onde estamos indo?

Falo desviando das pedras.

- É surpresa... anda logo.

Ele me chama rindo e eu o acompanho tropeçando as vezes até que ele para em cima de uma pedra e me oferece a mão pra me ajudar a subir, subo com sua ajuda e vejo um pequeno bote escorado na pedra com as ondas batendo contra ele, olho para Noah.

- Noah... você roubou ele?!?!

Ele sorri e pula pra dentro do bote.

- Peguei emprestado... vou devolver depois... Ta com medo?

Ele me provoca e mordo o lábio pensando olho para o mar e depois para os olhos negros dele e sorrio pulando pra dentro do bote, deixando o cesto, ele me segura pela cintura me colocando no bote.

- Não tenho medo de nada.

Falo sorrindo e lado pra ele, ele sempre foi o único homem a me tratar como igual, um pensamento nada popular.

- Eu sei... sempre foi assim você me metia em muita confusão por isso.

Ele fala já remando contra as ondas, bato em seu braço.

- Eu criava confusão... você que me arrastava pras suas.

Ele da risada olho em volta e passo a mao pela água salgada, coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto olho pra água.

- Me fale sobre o mar mais uma vez Noah.

Digo sorrindo mas sem olhar pra ele.

- Hum... seu pai não gosta que eu fale isso com você... na verdade ele nao gosta que eu fale nada com você.
Suspiro e apoio a cabeça em uma mão.

- Ele anda estranho... me importo com ele... mas você não imagina nada além dessa ilha... além do mar?

Escuto ele limpar a garganta e olho pra ele.

- Rachel... sabe que não temos como sair daqui pra quer ficar imaginando, o mar é cruel, tomado por tempestades e é dominado por piratas crueis e bárbaros.

Volto a olhar para o mar passando um dedo pela água.

- Eu sei mas... a vida não pode ser só isso.

Digo baixinho e escuto ele suspirar.

- Quer tentar remar?

Ele pergunta tentando mudar de assunto, olho pra ele e tomo os remos da sua mão sorrindo, ele sempre soube do meu amor pelo mar.

Sete MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora