(Rachel)
Abro os olhos lentamente, estou viva! O quarto parece girar por alguns segundos, escuto longe o que parece ser vozes, muitas vozes, sento rápido na cama o que faz um gemido de dor escapar, levanto com cuidado e, com as mãos trêmulas, levanto a saia do cvestido até acima da cintura, sinto uma lágrima escorrer, estou coberta de hematomas roxos e amarelados, baixo a saia não querendo olhar pra mim mesma, fraca, mais uma vez fraca, caminho cambaleante até a porta e abro apenas uma fresta.
- Talvez os senhores tenham esquecido quem é seu capitão... E por que sou!
Tudo fica quieto por alguns instantes.
- Se alguém ousa me desafiar de um passo a frente!
Abro um pouco mais vendo as costas do capitão logo a frente, ele puxa a espada, como que desafiando alguém a o enfrentar.
- Ninguém?
Ele se vira para mim, ele me viu, claro que me viu, me assusto a caio para trás.
- Baixem um bote!
Ele grita então escuto a porta ser aberta, ele para a minha frente, levanto tentando ao máximo conter a dor e não a demonstrar.
-Como está?
Forço um sorriso, afinal ele me salvou mais uma vez, sei que devo minha vida a esse homem, céus eu devo minha vida a um pirata.
- Melhor obrigada.
Ele continua me olhando sério e então abre passagem para mim.
- Venha!
Passo por ele indo para fora sem questionar sua ordem, os homens estão espalhados pelo convés, paro meus olhos no imediato que está amarrado ao mastro, o que aconteceu aqui? Olho para o capitão esperando que ele explique mas ele nem olha para mim, estão baixando um bote, por que estão baixando um bote?
- Levem ele para o bote, deem uma garrafa de água e dois pães!
O que estão fazendo? Vejo Felippe e outro homem mais velho arrastarem o imediato para o bote, este está inconsciente, Jaime aparece correndo e carregando uma pequena trouxa, os pães e água, deduzo eu.
- Baixem o bote!
Todos os homens olham para o bote, eles parecem assustados como ratos encurralados.
- Agora escutem seus vermes... Qualquer homem que ousar desobedecer outra ordem de seu capitão terá o mesmo destino que esse homem...
Ele olha de relance para mim, desvio meu olhar para o chão, sei que o que ele falou também servirá para mim.
- A senhorita Rachel de hoje em diante não será mais uma prisioneira... Ela irá fazer parte dessa tripulação, então qualquer homem que tocar nela sem seu consentimento terá o mesmo destino desse homem.
Silêncio, completo silêncio, nem o mar parece disposto a desafiar o capitão.
- Se.senhor ela é uma mulher!
Uma voz trêmula corta o silêncio, vejo os olhos do capitão queimarem ele olha para o homem que falou.
- Sim, eu já percebi!
- Todos sabem que trás má sorte uma mulher no mar!
Um homem mais velho ganha coragem para falar.
- Eu não perguntei a vocês, eu sou o capitão eu tomo as decisões senhor Smith, não volte a me questionar!
Posso sentir o medo dos homens, meu próprio medo, agora eu faço parte da tripulação, sou uma pirata como eles, sou igual a eles? Como a Capitão consegue controlar tantos homens apenas com palavras? Ninguém foi capaz de o desafiar, de desafiar sua palavra... Olho de relance para o bote antes dele sumir, escuto o barulho dele cair na água.
- Senhores... Içar velas.
Ele fala e se vira para mim, então simplesmente sai me deixando lá sozinha.
Olho para o o convés, os homens estão me olhando, eles não parecem raivosos como antes, apenas curiosos e até mesmo amedrontados.
Me viro vendo Jaime correndo em minha direção, ele parece feliz, como se nem tivessem deixado um homem a deriva no mar, sinto um conflito dentro de mim, isso é errado, mas parece tão certo.
- Você é uma de nós agora senhorita Rachel!
Vejo que em suas mãos ele está me trazendo a fina espada que o capitão me deu assim como minha adaga.
- Não largue elas nunca senhorita.
Ele me oferece e eu as pego, não vou largar, prendo a espada em minha cintura.
- Obrigada Jaime!
Ele apenas sorri de um jeito meigo e sai correndo.
É isso, eu sou uma mulher livre, meu peito parece transbordar, céus eu sou uma pirata, sou livre pra viajar, posso conhecer o mundo... Percebo que estou sorrindo, não posso conter, olho para o céu, o vento sopra meus cabelos, o sol parece sorrir também, suspiro, e volto a olhar para o convés, poucos homens ainda me encaram como se eu fosse louca, talvez eu seja.
- No que está pensando?
Me viro levando um leve susto, não vi ele chegar.
- Oi Felippe...
Ele parece um pouco preocupado, ele para ao meu lado.
- Você quer ser pirata?
Olho para ele sem responder, não sei bem o que é ser pirata.
- Quero ser livre... Não quero ficar nas sombras de um marido que não amo, quero conhecer o mundo, quero ser forte...
Ele sorri fraco.
- Então vai gostar de ser como nós garotinha.
Sorrio para ele, garotinha ele deve ter minha idade.
- O imediato não vai mais te incomodar... Ninguém lamentará sua morte.
O olho, não sei como me sentir a respeito do ocorrido, só sei que meu corpo dói e a dor faz com que meus sentimentos fiquem em conflito, ou talvez eu pense como ele, talvez eu ache que tenha sido certo e que ele teve o que mereceu, não isso é errado.
- Bom... Bem vinda a tripulação.
Ele se vira para ir embora.
- E o que eu devo fazer?
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Sete Mares
AdventureNuma época em que piratas aterrorizam os mares, soldados lutam para manter suas cidades seguras, onde os ricos, os fortes e poderosos oprimem os mais fracos, onde o dinheiro fala mais alto que a razão, uma simples garota luta contra a oportunidade d...