Capítulo 22

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Meu dia se resume a limpar, trabalhar para poder comer, me atrevo a roubar um pedaço pequeno de pão na cozinha enquanto termino de limpar alguns potes engordurados, depois de terminar suspiro tentando decidir se subo ou fico ali, se subir poderei respirar ar fresco mas não tenho dúvidas que o imediato logo conseguiria algo para me ocupar, mesmo assim qualquer coisa é melhor que ficar nesse lugar escuro e abafado, então subo, a cada degrau sinto a ar mais fresco, a luz faz um sorriso aparecer em meus labios, não há muito o que fazer em meio ao mar, mas não trocaria isso pela minha antiga vida, pela fome, pelos gritos de meu pai e suas feridas, pelos insultos... Pelo casamento perfeito e a vida em uma casa com filhos e algumas empregadas, não jamais trocaria a liberdade que estar presa a esse navio e a esses piratas me proporcionava, me sentia livre como nunca, olho para o mar, mais agitado que antes e o vento um pouco mais forte agita meus cabelos, fico apenas olhando para o movimento da água, como se eu pudesse andar sobre ela, ou mergulhar até o fundo, ele fazia eu pensar maior do que realmente sou é isso me fazia bem, respiro fundo sentindo o cheiro do mar, mais viciante que o cheiro de lírios, mais convidativo que o cheiro de especiarias, sorrio perdida em meus pensamentos, para onde o mar irá me levar a seguir? Qual será meu futuro nesse navio? Serei parte dele ou sou apenas algo dispensável e quando dispensada nem serei lembrada?
Passo a mão pela fina espada presa a minha cintura, se eu fosse dispensável ele estaria me ensinando? Teria me dado uma arma que poderia usar nele se não confiasse nem um pouco em mim? Ou daria?

  - Ratinha... Pronta pra perder?
Ele se debruça ao meu lado sorrindo, ótimo está de bom humor.

  - Não, e você está?

  Ele dá risada e um tapinha em meu ombro.

  - Então temos um problema... Eu também não vou perder.

  Sorrio olhando pra ele.

  - Você não devia me ensinar a lutar antes de tentar me matar de novo?

Ele ri mais uma vez e se vira de costas para o mar mas ainda me olhando.

  - Acredite... Ainda não tentei te matar... Acredito se seja uma das únicas mulheres que que o mar escolheu como sua protegida... Sabe é como se ele te protegesse não sei, não é algo comum.

Ele desabafa, sinto ele relaxar um pouco ao meu lado, sorrio de leve, protegida pelo mar? Como assim... Ele não deve estar fazendo um bom trabalho então. Me viro e vejo os olhos do imediato presos a nós.

  - Por que ele me odeia?

Ele segue meu olhar e fica mais sério.

  - Não é você... Existem regras que não devem ser quebradas você quebra uma delas.

  Deixo de sorrir e o olho sem entender.

  - Que regras? Achei que vocês piratas não seguissem regras.

  Ele sorri fraco.

  - Então seria tudo um caos... Existe um códico em que devemos seguir... Mas eu não concordo muito com ele já Carter o segue a risca... É um bom homem.

  Olho para o espaço vazio do céu, curiosa com isso, tantas coisas novas que não conheço.

  - Vamos?

Falo puxando um pouco a espada o provocando.

  - Ansiosa pra perder ratinha?

  - Nem um pouco... Tenho perguntas a ser respondidas.

  Puxo a espada e a giro o provocando, não que seja uma boa ideia o provocar.

  - Se conseguir me vencer respondo qualquer pergunta sua.

Ele fala sorrindo e para a minha frente apenas me ilhando, sem ao menos tocar na sua espada.

Parto pra cima dele erguendo a espada sobre sua cabeça mas ele com apenas um passo desvia de meu golpe, cambaleio para o lado e o olho de novo, fico séria e ele ri de mim. Tento de novo e ele dá.um leve tapa na minha cabeça ao desviar, começo a ficar realmente irritada, tento um golpe direto em seu abdômen, escuto o barulho de minha espada se chocar contra a dele, como ele fez isso tão rápido?

  - Quer me matar?

Ele fala um pouco sério e depois sorri quando tenta  golpe, bloqueio com a minha espada, ele avança em minha direção e eu vou recuando até que sinto a borda do navio contra minhas costas, ele ergueu a espada e eu giro meu corpo para o lado desviando de seu golpe, sinto uma forte dor nas costas e caio com o golpe, olho para cima ainda segurando a espada o vejo a minha frente.

- Achei que seria mais esperta.

Ele coloca um pé sobre minha mão e da um leve aperto, logo solto a espada, ele a  chuta para longe e  me olha vitorioso, tento passar uma rasteira nele ao me levantar mas ele se equilibra e aponta a espada para mim.

  - Se rende ratinha?

Sorrio para ele.

  - Não mesmo!

Puxo minha adaga me levantando.

  - Capitão... Temos um problema!

Escuto de longe alguém gritar e olho para baixo vendo o cozinheiro a alguns metros a frente.

  O capitão me olha por alguns instantes e depois se vira para o velho.

  - Qual problema?

  - Um ladrão capitão.

Engulo em seco e guardo minha adaga.

  - Temos muitos ladrões senhor Bartholy.

O capitão responde rindo mas ele está nervoso posso sentir seu corpo ficar tenso.

- Capitão alguém tem roubado comida já a três dias, pequenos pedaços de pão e de carne.

  Engulo em seco, sinto minhas mãos suarem frio, achei que eles não fossem notar.

  - Carter!

Dou um pulinho de susto com o grito, logo o imediato aparece correndo.

  - Sim senhor.

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