Sete Mares

Capítulo 41

  As horas se transformaram em dias, os dias em semanas, por mais estranho que pareça me sinto ansiosa para voltar ao mar, sentir o balançar das ondas como uma mãe que está a ninar seu filho, o vento frio sopra meus cabelos soltos fazendo com que caiam sobre meu rosto, a capa que uso para me manter mais aquecida está levemente umida, as botas afundam na areia.

  A visão do nome "Imperatriz" entalhado na madeira faz meu coração se encher de alegria, por muitas noites cogitei a ideia de fugir, mas essa ideia me fora arrancada do coração dias atrás, estou onde eu queria estar, meu lugar é com eles, e querendo eles ou não, são minha família agora.

  Não sou a mesma garota que era, minhas roupas são praticamente masculinas, meu pai, Noah, Henri, nenhum deles aprovaria, minha mãe... não sei dizer o que sentiria se me visse agora, com calças não um vestido, com armas presas ao meu corpo, armas que sei como usar, como tirar vidas com elas, cerro os dentes evitando esse pensamento no mesmo momento em que a água fria bate em minhas pernas, olho para trás de relance vendo a figura feminina que me acompanha com seus olhos, vejo um fraco sorriso atravessar seu rosto por poucos instantes, viro as costas para ela.

  O navio já reparado está pronto para zarparmos, o vento balança as velas agora içadas, supiro caminhando pelo convés até a proa, o vento salgado bate contra meu rosto, sorrio e fecho meus olhos sentindo o balançar das ondas que tanto ansiava em meus dias em terra, aprendi muito com Barbara e com as outras mulheres, sinto-me culpada por te-las achado repugnantes pois em dias se tornaram minha única companhia e me ensinaram muitas coisas.

- Maldição, você me fez perder dinheiro, apostei que ia fugir para o mais longe que conseguisse!

  Dou risada e me deparo com Eduardo, sorrindo para mim, ele não vem para meu lado, não se aproxima apenas acena com a cabeça algumas vezes e vira as costas.

- Não iria sem aprender tudo antes.

  Ele vira o rosto pra mim a concorda com a cabeça algumas vezes.

- Que bom que veio!

  Ele se afasta, me viro novamente para o mar, luto em vão contra o desejo de abrir meus braços, sinto como se estivesse voando.

 - Está diferente!

 Abro os olhos me deparando com Felippe ao meu lado, ele coloca um chapéu negro em minha cabeça.

 - Ou vai ficar mais vermelha que seu cabelo.

  Ele diz rindo, olho para ele e sorrio, percebo que ele não usa um, antes que eu fale algo o vento quase leva meu chapéu , o seguro rápido.

- Obrigada Felippe!

  Sorrio sem graça.

- Sabe para onde vamos?

  Pergunto, virando de costas para o mar e olhando em seus olhos.

- Sei, mas o que me daria em troca de informação senhorita?

   Ele coloca as mãos atrás das costas e me encara travesso, semicerro meus olhos, ele ri de minha expressão.

- Que tal me contar onde conseguiu essas facas... e essa arma!? Que me lembre você só tinha um sabre.

  Ele me olha incredulo, mordo o labio pensando em uma desculpa, mas não sei o por que mentir para ladrões.

 - Encontrei por aí!

  Ele da risada.

 - Roubar numa cidade de ladrões pode ser perigoso!

 - Em qualquer cidade é!

 Tiro uma mecha de cabelo revelando minha orelha cortada, não preciso explicar, sempre foi um simbolo de vergonha para mim, mas agora é um sinal de que eu fora feita para essa vida.

 - A pequena ladra Jones...

Empurro ele com o maximo de força que consigo, ele cambaleia para trás.

- Ladra sim, pequena não, agora vai me dizer pra onde vamos vou vou ter que força-lo?

Sorrio de lado e coloco a mão sobre o sabre.

 - RACHEL!

Levo um susto com meu nome ecoando pelo convés, olho para a origem do som e vejo o capitão na porta de sua cabine, baixo a cabeça sem olhar para felippe e me aproximo do Capitão, alguns homens me encaram mas a maioria já se acostumou com minha presença, e aos poucos ganhei suas confianças, com ajuda de Barbara e das outras mulheres, paro em frente a Willian e ele apenas abre espaço para que eu entre em sua cabine, onde vejo que Eduardo já está.