Capítulo 40

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    As ruas são estreitas e cheiram a bebidas e peixe, há homens bêbados estirados por todos os lados, mulheres caminham sozinhas ou em grupos, percebo que há muitos negros mas poucos parecem ser escravos, apuro meus passos para acompanhar Jaime.

- Onde vamos?

- Eu tô com fome, vamos comprar comida!

  Apenas concordo com a cabeça E meu estômago da sinal que também está vazio, algo parecido com a Praça onde cresci aparece logo a frente, olho para as mesas dos comerciantes, o lugar não cheira como casa, mas fede, sobre as mesas há todo tipo de objetos para venda, desde comida à joias.

A capa que estou usando me deixa um pouco atrapalhada mas aquece meu corpo e me protege do vento cortante, as botas de couro estão um pouco apertadas e machucam meus pés, escuto a barriga de Jaime roncar, vejo uma mesa com vários pães e bolos expostos, é uma senhora que está vendendo, sorrio comigo mesma.

  - Jaime... vem cá.

Ele para e se vira para mim, seus olhos assumem um olhar travesso, tiro do bolso da calça uma moeda mas poucas que tenho e entrego a ele.

- Quer um pedaço de bolo?

Ele faz que sim com a cabeça várias vezes.

- Você vai roubar não vai?

Ele pergunta bem baixinho.

- Bem, eu não tenho dinheiro para bolo... por que não compra um pão daquela senhora?!

Pisco pra ele que dá risada e sai correndo em direção a mesa da senhora, ele chama atenção dela que começa a lhe mostrar os pães assim que vê o dinheiro, me aproximo lentamente da mesa e puxo um dos bolos de mel para baixo de minha capa, tão rápido quanto me aproximei me afasto sem que me notem.

  Logo Jaime me alcança correndo e rindo, puxo ele para as sombras e me abaixo para ficar mais próxima de seu rosto, tiro o bolo de baixo da capa, seus olhos brilham.

- Somos uma ótima dupla!

Sorrio para ele é quebro um pedaço e lhe dou, ele morre com vontade, faço o mesmo, sinto mil estrelas estourarem em minha boca assim que sinto o doce gosto de mel tocar meus lábios, morto com vontade, assim passamos a tarde, escondidos nas sombras de uma escada comendo bolo enquanto ele me falava de coisas que eu não conhecia e eu lhe contava sobre como era viver em terra e de todas as dificuldades mas também lhe conto das belezas.

  - Nós devemos ir logo, está ficando tarde...

Jaime fala e olho para o céu vendo que o tempo passou correndo e o sol não se encontra mais no céu e as nuvens tem um tom alaranjado, levanto e espero ele se erguer também.

- Sabe quando vamos sair daqui?

Ele da de ombros sem olhar pra mim.

- Os Homens estão se divertindo mas o Capitão está apressado acho que em poucos meses...... Rachel você gosta de viver no mar?

  Não sei ao certo o que dizer para ele ou como explicar a uma criança que eles tinham me sequestrado e me salvo ao mesmo tempo, até porque nem eu entendo isso direito.

- Não sei bem Jaime... Não sei qual meu papel entende? Eu era prisioneira mas minha utilidade acabou, não sei o que ainda me mantém no navio.

Ele me olha tristonho.

- Eu já disse... o Capitão é bom, eu não tenho pai nem mãe e ele me levou com ele, vai ver você também precisava de uma casa...

Caminhamos em silêncio por vários minutos, as ruas aos poucos são tomadas por risadas e homens abraçados em mulheres, alguns me olham curiosos, outros olhares me causam um arrepio na espinha, finalmente vejo as letras grosseiras pintadas "Fada Azul" Abro as portas duplas e entro acompanhada do garoto.

- E o que sabe sobre essa Barbara?

  Sento em uma mesa, aos poucos me sinto mais  a vontade com essas pessoas, uma mulher com um grande decote deixa uma caneca de um líquido amarelado em minha frente, sinto o cheiro da espuma e provo um pequeno gole é mais suave que rum, gosto do sabor, olho para Jaime que está sentado a minha frente, ele também tem um caneco igual ao meu.

  - Não sei muito sobre ela só......

Sete MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora