Capítulo 3

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Tiro outra mecha de cabelo molhado do meu rosto ainda rindo, empurro a porta de madeira entrando em casa, assim que entro vejo meu pai sentado próximo a mesa.

- Onde estava até essa hora?

Largo calmamente a cesta sobre a mesa tentando pensar em algo que não o estresse.

- Fui até a praia.

Ele não se meche fica apenas olhando pra mim e eu começo a tirar as coisas e cesta.

- Como se molhou?

Engulo em seco e paro olhando pra ele.

- Eu caí... o mar estava calmo e o vento favorável como foi sua pesca meu pai?

Pergunto mudando de assunto enquanto tiro os pães de dentro do cesto.

- O mar não é lugar para uma mulher o que estava fazendo lá?

Ele pergunta se levantando ainda olhando pra mim, não retribuo seu olhar me viro para guardar o cesto mas sinto sua mão segurar meu ombro me virando de frente para ele que está próximo, sinto um leve cheiro de álcool.

- Você estava sozinha Rachel?

Ele pergunta com um leve brilho de raiva e eu tento apenas me soltar sem sucesso.

- Estava?

Ele fala mais alto e eu fecho os olhos.

- Estava com Noah.

Sinto meu rosto arder e meu corpo bater contra o chão.

- Você estava com um homem?!

Agora ele grita, a raiva é visível em seu olhar, sinto as lágrimas começarem a brotar em meus olhos.

- Não assim pai... Ele só estava me falando sobre o mar, me contando histórias.

Ele da uma risada e bate na parede.

- Claro que estava...

Ele continua rindo e aponta pra mim um brilho passa por seus olhos o que me assusta um pouco.

- Isso não importa mais... vai ficar feliz em saber que você não é mais problema meu... se gosta tanto de ficar na companhia de homens...
Ele me puxa pelo braço fazendo eu ficar de pé, ainda rindo um pouco, olho em seus olhos não conseguindo conter mais as lágrimas, dói em mim ver ele assim, mas agora estou muito assustada pois já tenho ideia do que está por vir.

- Como assim pai?!?

Ele sorri e me arrasta para meu quarto, para em frente a porta e segura meu rosto.

- Parece que você enfeitiçou o coração de um homem... dei sua mão em casamento para um tenente... Lincon... Ele está disposto a pagar uma boa quantia de moedas por você.
Ele fala ainda sorrindo e me empurra pra dentro de meu quarto e fecha a porta logo atrás de mim.

Corro e bato com os punhos na porta, meu rosto está molhado pelas lágrimas.

- Pai... por favor não... pai...eu imploro...

Me lembro bem de Henri Lincon, um jovem simpático da marinha, bem educado e muito bonito, as jovens falavam sobre ele na feira e nas ruas, mas eu não nutria nem um sentimento além de um sincero respeito por ele, e seu trabalho.
Alguns soluços escapam por minha garganta passo a mão pela porta as lagrimas molham meu rosto escorrendo até meus lábios.
Fico parada lá até perder a noção do tempo que estava lá entao reuno minhas forças e levanto sem pensar duas vezes abro um lençol em cima da cama e coloco minhas poucas roupas sobre ele depois pego uma maçã que estava comigo, como ele pode fazer isso comigo, fazer eu me casar com um homem que não amo, sinto um misto de raiva e desapontamento, junto dois pequenos livros que havia roubado quando pequena. Arrasto o baú tirando de trás dele um saquinho com umas 10 moedas de prata dentro, as escondo no vestido, dou um nó no lençol e o seguro firme contra o peito, tudo que tenho está aqui,  espero atrás da porta até não ouvir nenhum som, então saio silenciosa, deixo um pão sobre a mesa e dou uma utima olhada pra trás vendo meu pai adormecido antes de sair porta a fora, adentro as ruas escuras e silenciosas, me guio por puro instinto me escondendo ao passar por babados rindo até cair nos bares, como que do nada escuto uma parede estourar e solto um grito com o susto, gritos irrompem junto com o meu trocando o silêncio e risadas por gritos e choros , em segundos vejo homens tomarem as ruas antes vazias e as luzes de chamas tomarem o lugar onde antes havia apenas escuridão...

Sete MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora