Capítulo 18

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O tempo parece parado, as ondas batem contra o casco do grande barco vez após vez em um movimento repetitivo e cansativo, suspiro mais uma vez debruçada na borda do navio, me viro ficando de costas e vendo a cidade próxima a mim, me sinto tentada à desobedecer e ir, afinal essa pode ser minha única chance de escapar, mas ao mesmo tempo só de pensar o que o capitão faria se me encontrasse por aí, e se essa cidade for dos piratas? Afinal eu não sei muito sobre eles.
Pulo para fora do navio molhando a bota, melhor tentar que obedecer e morrer com esses piratas, melhor do que ficar com esse capitão, talvez eu possa voltar pra casa, talvez consiga explicar que foi tudo um mal entendido e talvez eles entendam, eu posso voltar para o Noah.
Olho para a água alaranjada pelo por do sol abaixo de meus pés e corro para a areia, a cidade é pobre e as casas caem aos pedaços, olho em volta vendo bares espalhados por todos os lados, vários homens sujos e bêbados andam pelas ruas que quanto mais adentro mais ficam movimentadas e barulhentas, mulheres com pouca roupa dão risada perto de homens que bebem sentados nos bares e nas ruas, de repente me arrependo mesmo e não ter ficado no barco, ninguém aqui parece querer me ajudar, na verdade os homens que me olham fazem eu desejar a presença do capitão.

- Não...

Falo pra mim mesma parando no meio da rua, tiro o cabelo do rosto deixando a mão sobre a cabeça enquanto penso e tento lembrar todas as ruas, a cidade parece um labirinto, começo a voltar, realmente não quero ficar aqui a noite, começo a caminhar de volta para o navio. Escuto um grito e coisas quebrando dentro de um bar e levo um susto, começo a caminhar o mais rápido que posso, escuto alguns passos atrás de mim, abraço meu próprio corpo e forço minhas pernas a irem mais rápido ainda, logo estou correndo, o tempo antes parado parece correr como nunca e no que parecem segundos a noite toma o lugar do dia.

- Onde vai?... vem ca menina a gente tem dinheiro.

Escuto mais de uma risada atrás de mim, um frio percorre minhas espinha, começo a correr, as risadas aumentam como se isso os agradacem como se eles quisessem que eu corresse, de repente sinto meu corpo ser empurrado contra a parede, me viro vendo três homens, não consigo ver bem os seus rostos no escuro e nem me esforço nisso apenas tento correr para longe mas sou cercada, eles riem de mim tentando escapar, mas logo sinto meu corpo prensado contra a parede.

- Por que a pressa?

Um dos homens fala próximo ao meu rosto e passa a mão contornando a lateral do meu corpo, seu cheiro me dá vontade de vomitar, de repente lembro da adaga presa a minha cintura e rapidamente faço o que o capitão me ensinou e afundo a lâmina abaixo de suas costelas, lágrimas rolam pelo meu rosto descontroladamente, ele me olha perplexo e começa começa cambalear para trás, gritando, os outros homens bem pra cima e mim, minha adaga é arremessada da minha mão, sinto um soco em minha barriga, esse é bem mais forte que o do capitão, fico tonta, logo sinto outro soco e grito, grito o mais alto que posso, recebo um soco no rosto como resposta, minha visão escurece por alguns instantes, sinto minha camisa ser rasgada ao meio, grito, um grito de dor e afogado em lágrimas, tento chutar o homem, me debato ele me solta e sinto meu rosto queimar com outro soco, cambaleio para o lado e sinto algo bater em minhas costas com força fazendo em cair no chão, sinto chutes, muitos chutes por todo meu corpo, a dor de espalha por todo meu ser, grito o mais alto que posso mas ninguém parece escutar.

- Para, para, para...

Repito sem parar aos poucos minha visão começa a fraquejar e minha voz a falhar.

Então os chutes cessam, escuto alguns xingamentos que logo cessam também, sinto meu corpo ser erguido, vejo o rosto do capitão, ele me ergue sem dificuldade em seus braços, sinto seus olhos analisando meu corpo descoberto, tento me cobrir mas simplesmente não consigo me mover sem que um gemido e dor escapa pela minha garganta, ele me segura contra seu corpo, sinto ele caminhar por vários minutos, apago, abro os olhos, sinto os seus passos  mais macios na areia, barulho de água, e então na madeira, ele me larga com cuidado na cama, minha visão está embaçada com as lágrimas, vejo ele sentar ao meu lado com uma tigela de água e um pano.

- Me des.cul....

Sete MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora