As vezes é bem difícil aceitar as coisas que o destino tem a lhe oferecer. Podemos dizer que eu passei por essa aceitação, ser abandonada enquanto seu irmão subia para cargos melhores que o seu na família é algo extremamente difícil de se aceitar. Percebi que estar naquele orfanato foi o melhor momento da minha singela vida, entrei lá sem nada e sai com uma família que possuía muitos bens materiais e afetivos, dona Marcella e seu marido Danilo foram pessoas muito especiais para mim. No começo recebi bastante atenção, mas é claro que isso mudou, Marcella finalmente conseguiu engravidar e teve uma filha de sangue. Nunca me faltou nada, tive os melhores estudos e cuidados que alguém poderia ter. Por isso sou muito grata a família que me adotou. Depois que sai do orfanato nunca mais tive coragem de voltar para lá, me considero fraca nesta parte. Não é por saudade nem por medo, só é pelo fato que eu sei que tudo mudou ali. E fico me perguntando se isso que aconteceu foi para o bem ou para o mau.
Estou parada aqui na frente me perguntando e pensando nisso tudo. Vai ser estranho entrar lá e ver as pessoas me chamando pelo meu verdadeiro nome. Isadora! Minha 'querida' mãe foi bem criativa ao escolher esse nome. Queria alguém com uma personalidade criativa que poderia fazer as coisas com rapidez e agilidade. O problema é que esse nome, esses adjetivos, tudo isso me faz lembrar dessa minha antiga e 'perfeita' família, então invadi o sistema do cartório (e etc),e mudei meu nome para Nix Angerona. Meio estranho? Sim... Completamente estranho. Era isso que eu procurava, algo que faça as pessoas se assustarem, se interessarem, procurarem.
Nix a personificação da noite. Uma das primeiras e mais poderosas criaturas a imergir do vazio, a patrona das feiticeiras e das bruxas, é a Deusa grega dos segredos e mistérios noturnos, rainha dos astros da noite.
Angerona a deusa romana do solstício de inverno, da morte e do silêncio.
Eu procurava nomes fortes. Algo que me tirasse completamente do normal!
Ninguém, fora as pessoas do orfanato, sabe meu verdadeiro nome. Parece tolice mas eu realmente precisava disso. Sei que se mantivesse minhas raízes, descobririam com muito mais facilidade qualquer coisa sobre mim ou sobre a empresa. Eu a construí muito cedo, era menor de idade, sempre precisei de pessoas para fingirem ser donas ou patrocinadores dela, já que eu não seria aceita por não ter idade o suficiente para governar tal coisa. Quando Valentim assinar o contrato terei meu cargo de volta e não será mais preciso me esconder de ninguém.
A Diamonds é literalmente minha vida, passei todo o tempo estudando e aprimorando meu conhecimento para conseguir governar a empresa, logo terei afiliadas por todos os cantos do mundo, já tenho uma em New York, e falando nisso terei que ir para lá daqui alguns dias para ver se as coisas estão indo bem. Talvez eu peça para o Sr. Campbell ir dar uma olhada.
Parando de enrolação, entro no belo e bem cuidado orfanato, ando até a sala de espera e vejo uma senhora que reconheço só pelo perfume que sempre teve um cheiro acolhedor.
-Bom dia posso ajudar? - diz a simpática senhora.
-Vamos dizer que a única ajuda que preciso é para matar a saudade! - sinto meus olhos arderem e embaçarem por causa das lágrimas teimosas que querem cair.
Dona Maria me olha bem, com certeza tentando raciocinar o que esta acontecendo.
-Não acredito que você voltou Isadora!!! - diz e logo vem me abraçar. - Estive com tanta saudade de você garota, veja como cresceu, já não é mais a minha pequena e assustada garotinha. É uma grande mulher, que parece ter conquistado todos aqueles sonhos de... de... sempre fui meio ruim em contas mas se me lembro bem, última vez que te vi você tinha apenas seis anos.
-Tinha acabado de fazer aniversário, fiz Marcella e Danilo me trazerem aqui para rever a senhora. - sorrio com a bela lembrança.
-Venha... venha querida, acabei de tirar de forno aqueles biscoitinhos de chocolate que eu sei que ainda são seus preferidos. - diz, e vai em direção a cozinha.
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It's not my Fault
ChickLit"-Você sabe que não podemos parar no meio do jogo.- eu odeio quando ela me fala isso. Pelo simples fato de sua enorme consideração pela vida." Uma menina abandonada em um simples orfanato para crianças que todos julgam serem sem destino, adotada por...