Se eu contar que estou achando, que ele vai me matar, vocês acreditariam? Pois saibam que estou começando a pensar nessa terrível hipótese, estou pensando até de mais...
Vou explicar o porquê de meus pensamentos fúteis! Podemos dizer, que o senhor Valentim já me fez entrar em um taxi, que ficou em movimento por mais ou menos quarenta minutos, e que depois de todo esse maravilhoso tempo, parou no meio do mato. Ele disse que iriamos comemorar, mas não estou vendo um barzinho ou um pub aqui por perto. Eu juro por mim mesma que, se ele tentar alguma coisa contra mim eu quebro o pescoço dele...
-Vai andar ou prefere eu ir ai e te levar no colo? - Jesus amado, ainda vou ter que andar no meio desse matagal todo? O que eu fiz para merecer isso?
-Já vou dizendo que se não me falar para aonde está me levando ou qual são suas intenções, não vou sair daqui! Então desembucha logo! - falo autoritária e o desgraçado ri.
-Vamos se eu te contar vai perder a graça. - eu to dizendo que isso dai tá parecendo muito coisa de homicídio, se eu morrer você sabe quem culpar!
Sem poder fazer nada, continuo seguindo o peste esquisito. Eu não sei porquê fico chamando ele de esquisito, tá que ele é meio esquisito mesmo, mas isso é bullying não é? Já pensou euzinha ir presa ou levar multa (eu acho que vai prezo ou tem que pagar multa) por causa de bullying ?! É melhor eu parar com isso.
-Anda mais ligeiro estamos quase chegando. - ai, não gosto que fiquem me apurando.
Vou reponde-lo, mas quando olho em sua direção fico maravilhada. No meio de todos aqueles matos e árvores tem umas pedras grandes, elas se juntam e fazem uma escadinha. As pedras, elas tem algo que me faz querer ficar olhando-as, é como se fossem um imã, elas tem uma aparência tão triste, é como se carregassem a tristeza dentro delas, eu sinto que estão puxando alguma coisa de mim, como se olhassem minha alma, e tentassem tirar tudo de ruim que existe dentro dela, o problema é que eu carrego tristeza e magoa demais, nem as pedras são capazes de me curar, ou talvez seja eu que não quero mostrar o inferno que existe dentro de mim...
-Vem, eu te ajudo a subir... - diz estendendo a mão, mas como sempre eu não iria deixar ser ajudada para algo que parece ser tão fácil.
-Não preciso de ajuda! - digo grossa, esse lugar parece me trazer o que eu sempre fui, a menina excluída e sem educação, aquela que sabia enganar as pessoas, aquela garota que não ligava para vida... agora consigo perceber que eu mudei, mudei muito, e não sei o que achar dessa mudança...
Subo a escadinha de pedras, elas são mais escorregadias do que parecem, elas são mais frias do que parecem, elas são mais perigosas do que parecem.
-Não sei porquê, mas esse lugar tem algum tipo de poder! Você consegue sentir? - Valentim me pergunta.
-Consigo! - respondo.
-Eu venho aqui dês do dia que minha mãe morreu. - isso é bem clichê. - Um dia estava indo embora, e encontrei um morador daqui, ele me disse que essas pedras possuem algum tipo de poder. Ela disse que cada um sente algo diferente, você sente como é seu espirito, a sua essência, como você é de verdade. Por isso perguntei se precisava de ajuda, para alguns aqui é mais perigoso que um abismo escondido. - sorri para mim. - Muitas pessoas não acreditam nisso, outras acreditaram demais e não aguentarem morar aqui perto, foram embora. Elas falavam que não conseguiam ficar escutando os gritos de agonia, essas pessoas enlouqueceram, um tempo depois descobriram que elas era assassinos, abusadores e etc, os gritos que elas escutavam, eram das suas vitimas que vinham gritar por socorro. - sinto um arrepio. O vento parece soprar mais forte aqui, eu gosto dele, gosto do frio que ele traz...
-O que você sente? - pergunto curiosa.
-Sinto um calor reconfortante...
-Acho que é porquê você é muito do tipo: 'tudo vai ficar bem', 'isso vai dar certo sim'. - digo e ele ri.
-Talvez seja por isso, nunca descobri ao certo! E você o que sente?
-Me sinto bem... - minto, eu que não iria falar a verdade.
-Por que está mentindo? - pergunta.
-Acho que eu estou mentindo porque eu quero. - digo olhando para as padras que agora parecem estar avermelhadas, como uma ferida, um corpo cortado, simplesmente feridas frescas e abertas. Não tenho estomago fraco, mas isso me enjoou.
-Vamos embora! - diz bravo (que bipolar).
-Já? - eu quero ficar mais, que saber mais de quem eu sou...
-Sabe de uma coisa. - ele diz olhando diretamente para mim. - Eu estou cansado de mostrar as coisas aos outros, estou cansado de me dar demais aos outros e sempre me foder. Estou cansado de ajudar e não ser notado. 'Liga pro Valentim que ele sabe fazer isso, ela sabe fazer aquilo'. Só me chamam quando precisam de mim, meu pai só sabe que eu existo quando ele está bêbado em algum lugar e sem dinheiro para pagar a bebida... - é isso que ele sente quando está aqui, se sente um ordinário, ele mentiu também.
-Vamos, temos que sair daqui. - digo me apressando, não quero ver ele mais bravo do que já está.
-Ah, agora que eu comecei a falar você quer ir embora, ainda não terminei, mas parece que você não quer me ouvir. Já era de se esperar alguma coisa desse tipo vir de você! - ele cospe as palavras e elas me acertam numa intensidade horrível.
Começo a descer a escada, olho para o céu tentando me acalmar, as estrelas me acalmam, a escuridão me acalma, elas são igual o vento, nas noites frias eu gosto de ir até a sacada do meu quarto e me sentar lá apenas com uma calça fina e uma regata, o friozinho que vem acompanhado do vento me faz perceber que estou viva, eu sempre fui uma grande aliada da noite.
Finalmente toco a grama com meus pés, logo que sinto que estou em solo 'seguro' começo a correr, sei lá para aonde eu iria, eu só queria sair dali. Uma coisa que eu odeio é ver as pessoas que eu deixei se aproximarem de mim, me jogarem na cara que eu sou alguém que você pode esperar as piores coisas. Os únicos que sabem mesmo de mim é a Mia e o Valentim, ele tem que que aprender que se vira meu amigo é porque é meu amigo, nunca na minha vida enganei ou trai um amigo, pelo contrario, são eles que tem sempre a mania de acabar comigo.
Eu não me importo se ele iria ficar bem, eu não me importo se ele está falando isso por causa dessas pedras, eu só me importo é que ele falou, ELE DISSE TÁ DITO.
Continuo correndo até chegar em uma estradinha, pego meu celular e ligo para um táxi, até porquê, eu não nasci quadrada, sei me virar muito bem sozinha!
"E eu corri, sabia que as estrelas me guiariam até meu destino."
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It's not my Fault
Chick-Lit"-Você sabe que não podemos parar no meio do jogo.- eu odeio quando ela me fala isso. Pelo simples fato de sua enorme consideração pela vida." Uma menina abandonada em um simples orfanato para crianças que todos julgam serem sem destino, adotada por...