Escuto baterem na porta, e sei que é a Mia só pela batida que imitava ou melhor dizendo tentava imitar a música Havana da Camila Cabello. Vou correndo abrir, e acabo me deparando com uma certa pessoa vestida em um pijama rosa choque, e quando eu digo rosa choque é aqueles tom de rosa que fazem os olhos arderem, segurando um Pug que está dentro de uma roupinha roxa com nuvens azuis, coitado do cachorro.
-Oiiiii chefona, cheguei!!!!!! - diz pulando quase derrubando o coitado do pug.
-Mia você vai derrubar o cachorro... Aliás o que ele está fazendo aqui? - pergunto.
-Eu não ia deixar o Shawn em casa né? Claro que não! Da onde que eu ia deixar meu filho sozinho sua louca!!! - essa guria é louca.
-Shawn... você colocou o nome do cantor em seu cachorro? - pergunto rindo, preciso rever minhas amizades...
-Eu ia colocar o nome no meu filho, mas não tenho pretendentes então coloquei nesse meu outro filho lindo!!! - a olho como se ela fosse louca. -Não me olhe assim, você sabe que eu amo esse cantor, e nem venha me chamar de louca, você que é louca. Entendeu? - aceno com a cabeça. -O que você acha de me convidar para entrar?
-Sabe eu estou com medo de deixar você entrar em minha casa!
-Ahhhh, pare de locuragem!! -diz entrando de uma vez.
-Você sabe que isso é invasão de privacidade? - arqueio uma sobrancelha.
-Chefona, vamos parar de briga e discussão, vamos ser só paz e amor. - agora ela está imitando aquelas bandas de reegae. Ok!
Começo a gargalhar, minha barriga e bochechas estão doendo.
-Você tem problema. - digo enquanto tento normalizar minha respiração.
-Pelo menos eu fiz você rir e sair daquela bad terrível que tu tava querida. - sorri convencida.
-Por que todos me chamam de querida?
-Quem sabe seja pelo fato de você, Nix, ser uma pessoa muito querida por todos. Sabe você é uma pessoa muito carinhosa e amorosa. - que sarcástica ela.
-HA HA HA que engraçado.
-Falei que você é um amor de pessoa...
Reviro os olhos demostrando minha total desaprovação para com suas palavras.
-Para de ser chata, vai me conta o que aconteceu. - pergunta curiosa.
-Eu morri! - digo somente isso.
Ela me olha confusa e anda até perto de mim, eu disse que ela era louca, Mia chega ainda mais perto e me belisca.
-Por que você fez isso? - digo massageando meu braço que agora se encontra dolorido.
-Você não está morta, por um único momento pensei que estava, na verdade estou conversando com um fantasma, mas cheguei a conclusão que você ainda está em pele e osso, o que quer dizer que é um zumbi. Peço que não demostre selvageria, realmente não gosto disso e...
-Mia eu não sou um fantasma, nem um zumbi e nem nada desses seres mitológicos e estranhos. Ok?
-Então o que você é, se está morta e viva ao mesmo tempo?
-Venha comigo.
Me viro e vou em direção a sala, Mia me segue em silêncio com o Shawn ao seu lado. Aponto para o sofá e peço para ela se sentar.
-Você é a única pessoa daquela empresa que sabe quem eu realmente sou. Não estou falando da Nix e sim da...
-Isadora! - ela completa. -O que seus pais fizeram? Ou melhor seu pai, já que Marcella é um amor de pessoa. - ela me conhece melhor que qualquer outra pessoa.
-Eles me mataram! E ainda dizem que eu me matei! - sinto meus olhos embaçarem, odeio isso, odeio ser tão fraca, odeio chorar, odeio ver que as únicas coisas que me afetam são a família, e é bem a família que sempre me abandona, são sempre eles que me matam, cada vez um pouco mais.
Mia me abraça, e ficamos assim por um bom tempo.
-Eu sei que você odeia chorar... Então o que você acha de nós afogarmos essas lágrimas em brigadeiro, Coca-Cola e pipoca. Coisas assim sempre me ajudam a ficar melhor, ou quem sabe nós podemos sair por aí igual duas assassinas e matarmos todo mundo.
-Você não pode ver sangue Mia, não consegue matar nem uma formiga. - digo rindo, só ela para me fazer rir.
-Nossa é verdade, então vamos descartar essa opção, até porque é antiético.
-Desde quando você tem ética Mia? - pergunto bem debochada.
-Desde que eu nasci, sou um exemplo para a sociedade!
-Até parece! -digo rindo, recebendo uma almofadada.
-Que sem graça você!
Fomos para a cozinha prepararmos as coisas.
-Eu faço o brigadeiro e você fica coma pipoca de micro-ondas que é mais fácil. -Mia fala e eu só respondo um ok.
Fomos ao preparo, coloco uma música, mais precisamente Wolves da Selena Gomez com o Marshmello, começo uma dança bem esquisita fazendo a Mia rir. E o que aconteceu? Eu queimei a pipoca. Um viva para mim!
-Deixa que eu faço as coisas, que é perigoso tu colocar fogo na casa.
-Ai coitada de mim! - digo e me sento no balcão.
-Cuidado para não quebrar. - diz apontando para lugar em que estou sentada.
-Não quebra, é bem resistente. Sabe de uma coisa? -escuto um 'hum?' como resposta. -Eu não estou brava com eles, só triste e um pouco decepcionada.
-Por que não está brava? Eu ficaria!
-Acho que é porque eles tem razão, eu sou uma pessoa que se mete em coisas perigosas, eles só querer proteger a Isis. E eu já sabia que eles seriam capaz de tudo para protege-la, ela é filha de sangue deles.
-E você ficou triste pelo fato deles não te reconhecerem como uma filha de verdade. - ela fala.
-E também, por que eu percebi que sempre estive sozinha, eu não posso contar com eles agora como eu nunca pude antes. Entende?
-Tu percebeste que mesmo estando no meio de tantas pessoas, estava sozinha. Eu já me senti assim, principalmente quando eu tinha treze, quatorze anos, eu pensava que ninguém ligava para mim. Até que eu cresci e tive que trabalhar, conheci a melhor chefe do mundo que agora é minha melhor amiga, também conheci pessoas com que eu poderia realmente contar. Existem duas certezas, uma é que tudo melhora, e a outra é que todos morremos. E eu prefiro morrer feliz do que deprimida, eu mesma criei meu futuro. Eu escolhi estar aqui, e não me arrependo nem um pouco da minha escolha.
-Pare de falar assim, você está me fazendo chorar. - digo limpando as lágrimas, é estou bem emocional hoje.
-Don't cry and don't stress!! - diz divertida.
-Sim senhora, nada de choro e estresse. Já passei de minha cota.
O resto da noite se passou ligeiramente, posso dizer que risadas é o que não faltou. Melhor ainda foi saber que elas eram verdadeiras.
"Não importa a idade, em um ponto da vida nós precisaremos do abraço de uma adulto ou de um amigo."
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It's not my Fault
Literatura Feminina"-Você sabe que não podemos parar no meio do jogo.- eu odeio quando ela me fala isso. Pelo simples fato de sua enorme consideração pela vida." Uma menina abandonada em um simples orfanato para crianças que todos julgam serem sem destino, adotada por...