Episódio 1

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"Johnny Walker. Esse é o nome do garoto que estou conversando. É um garoto fofo e gentil. Meu melhor amigo!
Senhorita Beck! - chama a professora Miranda.
Sim? - me sobressalto.
Creio que conheça o bastante da matéria, para estar conversando com o Senhor Walker! - fala, engulo em seco - Agora me responda, quanto que é: 598 vezes 867?
Ai, não, droga. Eu sou péssima em matemática.
518,466 - sussurrou Johnny.
518,466 - respondi.
Está correto, mas, na próxima vez, não responda por ela, senhor Walker.
O sinal tocou. Eu e Johnny saímos da sala.
Por que fez isso? Eu poderia resolver fácil. - reclamei a ele.
Porque você é péssima em Matemática, Beck. - respondeu - Nisso, eu sou muito melhor que você, convenhamos.
Pra você é Lyssa agora! Eu vou provar pra você que eu sou mais inteligente, Johnny Walker. - falei, brava.
Estou pagando pra ver, Beck- disse, debochado."

2 de Fevereiro, 2018

—Senhorita Beck? - chamou a professora de Português, senhora Angélica.
Balancei a cabeça.
—Sim?
—Poderia conjugar o verbo odiar, no presente do indicativo.
Assinto.
—Eu odeio, tu odeia, ele odeia, nós odiamos, vós odiais, eles odeiam.
—Correto, obrigada.
Escola Estadual Sky Hunter High, uma escola fundada em preceitos Brasileiros, onde os alunos aprendem o Português, umas das línguas mais complicadas de se aprender.
Não fazia muito sentido ter uma escola assim nos Estados Unidos, onde tem bastante preconceito com os brasileiros, mas, cá estou eu. Pelo menos, as aulas de geografia são bem melhores do que em qualquer outra escola estadunidense.
—Senhor Walker? - o garoto moreno levantou o olhar para a professora - Poderia conjugar o verbo amar, no presente do indicativo?
—Ahn... Eu amo, tu amais...?
—Errado. Alguém quer tentar a conjugação certa? - todo mundo se entreolhou, com medo de errar. A professora suspirou e me olhou - Srta. Beck?
—Eu amo, tu ama, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam.
A professora sorriu, assentindo, declarando a conjugação correta. Ah, eu amo humanas, é tão fácil.
O sinal tocou.
—Não se esqueçam do dever de casa! - gritou a professora, antes que todos sumissem.
Levantei, arrumei meu material e sai da sala, acompanhada por Zackary, vulgo Zack.
—Notei um contato visual não correspondido. - comentou Zack.
—Do que você... - comecei, mas fui interrompida pela Loirinha.
—Olha o casal 2018 - falou Laryssa, agarrada, como sempre, a Johnny Walker. - Ah, me desculpa Zack, me esqueci que você é gay.
E se foi, rebolando a bunda, quer dizer, se tivesse alguma.
Zack pensou a mesma coisa, já que começamos a rir.
—Mas, voltando - falou, enlaçou meu braço - Notei que ficou encarando o Johnny, o que houve?
Zack me conhecia como ninguém, apesar de apenas um ano de amizade.
Adentramos no laboratório de Biologia.
—Bom dia, alunos! - falou professora Shislaine, vulgo professora X. - Lyssa, eu avaliei sua pesquisa e modelo explicativo. Eu adorei, está muito bom.
—Obrigada, professora. - agradeço.
—Vamos dar início à aula, abram o livro no capítulo 2, Reprodução Humana. - falou a professora, enquanto escrevia na lousa.
Houve risadinhas.
—Respondendo sua pergunta, Zack, eu estava lembrando daquele fadítico dia. - sussurrei pro moreno ao lado.
—Isso foi no terceiro ano, Beck, esquece... - começou Zack, abaixou mais o tom, já que Johnny estava à nossa frente. - Ele, Lyssa.

Passou alguns minutos e eu fui entregar a tarefa pra professora.
Mas acabei caindo. Quer dizer, tropeçando no pé da Loirinha.
—Me desculpe. - falou Laryssa, enquanto eu a olhava do chão.
Johnny estendeu a mão pra me ajudar.
Só aceitei por educação, ficamos nos encarando por alguns segundos.
—Se forem se beijar, é lá fora. - falou a professora.
—Não vou beijar ela! - exclamou Johnny, soltando da minha mão, fazendo eu cair de novo.
Gerando uma onda de risada.
Me levantei, de queixo erguido e caminhei até mesa da Shislaine.
Ela é minha professora preferida, já até tomamos um sorvete juntas.
Entreguei pra ela a tarefa.
—Eu shippo Johnly! - sussurrou X.
—Sabe que eu o odeio - comentei alto, enquanto voltava ao meu lugar.
—Isso não vai mudar minha opinião. Que tal um Cappucino, depois das aulas, Lyssa?
—Adoraria, X. - respondo ela.
Peguei meu celular e digitei uma mensagem. Arquivei e não mandei.

⭐⭐⭐

—Hey, Lyssa, você veio! - exclamou Shislaine, se aproximando.
—Por quê não viria?
Tomamos um Cappucino com Croissant's.
Fui pra casa.
—Mãe, cheguei! - gritei. Não houve resposta.
Ela sempre está em casa, quando chego.
—Mãe...? - subo as escadas e abro a porta do quarto dela.
Lá estava ela, estirada na cama, fria, ensanguentada, morta.

⭐⭐⭐

3 de Fevereiro, 2018

Cheguei na escola, respirando fundo pra não chorar.
Meus avós estão vindo pra Califórnia, para ficarem comigo e cuidarem do enterro da minha mãe.
As duas primeiras aulas são de Biologia.
Cheguei atrasada.
Bati na porta, todos olharam pra mim. Não tenho costume de chegar atrasada.
Olhei pro Zack, era o único que sabia.
Comprimi os lábios. Ele se levantou e veio correndo em minha direção, me abraçou, o que fez eu chorar.
—Calma... - falou Zack, acariciando meu cabelo.
—Eu quero minha mãe!!! - falei em seu ouvido, querendo gritar.
—Não chora, Minhoca, senão eu choro. - disse.
Ele nos separou.
—Para de chororô, você já passou a madrugada chorando no meu ouvido, Minhoca.
Zack secou minhas lágrimas.
—O que houve, Beckham? - perguntou Johnny.
Ele não me chamou de Beckham faz muito tempo, Johnny me chamava assim quando eu estava triste.
—A mãe dela morreu, Walker, agora vai ficar com sua Oxigenada. - falou Zack.

Eu e Zack matamos aula, ficamos na Quadra o dia todo. Comendo besteira.
—Tá melhor, Minhoca? - perguntou Zack.

—Estou, Gil. Quer dizer, melhor do que quando eu quase fui triturada por um purificador de aquário! - respondi.
—Não jogue na cara, Nemo, vou te dar pra Darla.
Empurrei ele.

Topa Netflix? - perguntei. Ele assentiu.
E fomos pra minha casa.
Assistimos Stranger Things até às 5 da manhã.
—Temos que ir pra escola mesmo, Beck? - perguntou Zack.
—Temos, Zack, é o terceiro dia de aula.
—Te encontro lá, Chata - falou, indo embora.
Fiquei sozinha. Suspiro.
—Vamos lá, Lyssa Beck! - falei, como se fosse um grito de guerra.

4 de Fevereiro, 2018

Humanas & Exatas: Uma história além da Física (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora