Episódio 12

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"—Hey, toma aqui! - ofereceu Zack, um cappuccino com Cokkies.
—Obrigada.
Estava frio, chovia e tinha previsão de neve para noite.
Agradeci por minha mãe ter deixado Zack dormir aqui."

22 de Fevereiro, 2018

Acordei com a forte chuva batendo contra a janela perto da cama. Abri os olhos lentamente, me permitindo acostumar com a pouca claridade do céu nublado.
Me levantei, desci as escadas e fui pro banheiro, fiz minhas higienes e fui pra cozinha.
Fiz um chocolate quente. Nem pagando que eu vou pro Starbucks com essa chuva.
Me sentei nos degraus e tomei vagarosamente o achocolatado.
Ainda bem que hoje é domingo.

Fiquei vendo filme na Netflix - pelo celular, já que ainda não decidi onde por a TV.
Alguém bate na porta. A chuva já havia amenizado um pouco.
Desci do meu "quarto" e fui abrir a porta.
Era uma mulher - um loiro escuro - loira, com olhos verde profundos. Tinha um guarda-chuva aberto sobre a cabeça e a típica torta de qualquer sabor nas mãos.
---Oi! Bem vin... Lyssa? - se espantou. - Lyssa Beck?! Que surpresa!
—Senhora Walker!
Nos abraçamos como deu.
—Eu vim aqui te dar o "boas vindas", mas como já nos conhecemos, que tal jantar lá em casa? - pergunta sorrindo - Farei batata gratinada, sei que adora.
Sorri.
—Claro. Às 19 horas? - ela assente e me entrega a torta.
Se aproximou, beijou minha testa e se foi.
Suspirei, fechei a porta e deixei a torta na pia.
Subi as escadas e cai na cama, sentindo o peso do mundo nas costas.

⭐⭐⭐

"Frio intenso, risco de neve"

Li no aplicativo de meteorologia no celular.
Acabei cochilando e esse cochilo durou do meio dia às 18:45.
Desci, tomei banho, me troquei.
Coloquei uma saia, cor vinho, na metade da coxa, uma blusa de manga comprida preta com um "meow" verde com orelhas e bigodinho (bigodinho de gato), meia calça grossa, uma bota cano longo (um pouco abaixo do joelho), prendi o cabelo num coque frouxo, fiz uma make básica, passei perfume, peguei a bolsa e sai.
Assim que atravessei a rua, senti um pequeno floco de neve pousar na ponta do meu nariz, logo derreteu.
Toquei a campainha dos Walker's.
O senhor Walker abriu a porta.
—Lyssa! Que prazer em vê-la! - sorriu. - Entre.
Ele me deu passagem, adentrei na mansão.
Coloquei a bolsa no suporte.
—Venha! Mylena está na cozinha! - exclamou o homem de meia idade.
Aliás, eles estava muito bem pra meia idade.
Por que eu sempre esqueço o nome dele?
Eu o segui até a ampla cozinha.
—Oi, Mylena! - falei.
—Oi, meu anjo. Sente-se! -falou a mulher, terminando de cortar alguns temperos.
—Richards, pode pedir ao Johnny que desça, por favor? - perguntou Mylena. O homem se retirou.
Isso! Richards, esse era o nome dele!
Sorri comigo mesmo.
—E então, meu bem, você e o Johnny ainda estão "brigados"? - sinceramente, deu pra sentir as aspas.
—Bem... - comecei.
Johnny e Richards adentram na cozinha.
—O que ELA faz aqui? - vocifera Walker.
—Isso responde à sua pergunta, Mylena? - falo, encarando Johnny.
Ela dá uma risadinha.
—Dariam um ótimo casal... - fala Mylena.
Sinto minhas bochechas queimarem.
—Mãe! Eu NUNCA ficaria com ela! - falou Johnny, meio estressado.
Respirei fundo pra não dar na cara dele.
Notei que suas bochechas estavam levemente coradas, mas tentava esconder se concentrando no celular.
—Precisa de ajuda, Lena? - perguntei.
—Hummm... Poderia pôr os pratos na mesa, meu anjo. - fala sorrindo.
—Ainda estão no mesmo lugar?
—Eu nunca os mudei.
Peguei quatro pratos, totalmente decorados com flores e detalhes dourados.
Pus na mesa e ajeitei o resto.
Passou algum tempo e nos sentamos para jantar.
Nos servimos.
Quando eu estava na segunda garfada.
—Você e o Zack estão ficando? - pergunta Johnny, num tom baixo e curioso.
Quase me engasguei, dei uma disfarçada e tomei um pouco de refrigerante.
—Não. Não estamos. Foi só... Pra provar uma questão pra Lary. - falei calmamente.
—Que questão? - questiona.
Onde ele quer chegar?
—O que você fará com essa informação, Walker? Não querendo ser rude, mas não lhe devo respeito à minha vida! - falei.
Ele arregalou os olhos e voltou a comer.
—O que pretende fazer depois de se formar, Lyssa? - pergunta Richards.
Engulo a comida. Ele estava tentando amenizar a tensão recém-criada.
—Roteiro. Quero escrever histórias para cineastas. Provavelmente irei fazer uma pós em cinema. - respondi.
—O ramo do cinema é um pouco complicada, meu anjo. Digo isso por experiência própria. - comentou Mylena - Foi muito difícil pra mim nos primeiros anos. É, até hoje.
Mylena Walker, uma famosa cineasta, que dirigiu inúmeros filmes de todos os gêneros. O que lhe rendeu sucesso foi seu segundo filme: "Solteira no Natal". Romance com uma pitada de comédia.
—É, eu sei. Estou tentando ficar preparada, mas, é meio complicado. Estamos no começo do ano e já estou atolada de trabalhos e lições da escola. - suspiro.
—Desiste do concurso... - sussurra Johnny.
Pro azar dele, eu ouvi.
—Pra você vencer e depois esfregar na minha cara? Apenas sonhe com a vitória, Walker, porque quem vai vencer, sou eu!
Todos voltaram à comer.
Fiquei imersa em meus pensamentos.
Será que eu não devia ter sido tão "má" com ele? Assim, eu dei um fora ele (na frente da família, pra piorar) e o garoto ficou quieto, geralmente, nos olharíamos feio ou ele revidaria, nada aconteceu. Nada.
Solto o ar, que prendi.
—Desculpe, Johnny... - falo, sem olhá-lo.
Os Walker se surprenderam.
Qual é? Isso foi tão surpreendente assim?
Terminamos de comer e ficamos conversando.
Por costume, pus as pernas em cima da cadeira, quer dizer, em cima do Johnny.
Nos encaramos por três segundos inteiros, até que ele pôs as mãos sobre minhas canelas.
Confesso, me surpreendi com o gesto, mas fingi que não.

Já eram 22:30.
—Eu já vou indo. - falei, já me levantando.
—Ah! Claro! Amanhã, vocês tem aula! - falou Mylena.
Me direcionei ao Hall de Entrada, peguei minha bolsa e abri a porta.
Uma rajada de vento adentrou na casa.
Johnny estava atrás de mim.
—Se você não percebeu, Beckham, está nevando. - comentou o moreno.
—Bem, se você não sabe, Walkerman, eu moro logo em frente, então é só atraves... - ele segurou meu pulso.
—Não vou deixar você sair daqui. Se precisar, dorme aqui. Só... - ele abaixou a voz - Não sai nessa tempestade, você pode se machucar...
Comprimi os lábios.
—Meow. - ouvi o miado de Chat.
—Okay... - cedi.
Fechei a porta e voltei à cozinha.
Notei que a mão de Walker, que estava posicionada no meu pulso, agora se encontrava entre meus dedos.
Me soltei de sua mão.
—Mãe, Lyssa vai dormir aqui, porque tá nevando de mais... - falou.
—Mas, filho, ela mora aqui em frente, não tem perigo dela... - começou Mylena.
—Já estou indo arrumar o quarto dela, mãe! - gritou, me puxando escada acima.
—Depois diz que não vai ficar com ela... - ouvi Lena comentar.
Adentramos num quarto, próximo ao dele.
Acendi a luz. O quarto era rosa e tinha uma cama de solteiro.
Aquele era... O quarto em que eu dormia quando vinha pra cá.
—Creio que ainda lembre desse quarto - comentou.
—Sim. Brincamos de guerra de travesseiros aqui... - dei uma risada ao meu lembrar.
Ele começou a rir.
Paramos quando começamos a nos encarar.
—Aquele tempo era muito bom... - falou.
—É...
Ele coçou a nuca.
—Bem, aí está seu quarto. Nada saiu do lugar, desde a última vez que veio.
E se retirou.
Abri a porta do pequeno guarda roupa e só tinha roupa de criança. Não mudou mesmo.
Fui até o quarto de Johnny, que era no final do corredor.
Bati na porta. Recebi um "entre".
Abri a porta e pus a cabeça pra dentro.
—Será... Que... Sei lá, poderia me emprestar um moletom? - perguntei - Sabe, não visto mais roupas de crianças...
Ele riu e se levantou da cama.
—Mas ainda é uma... - comentou, pegando uma calça dele e uma blusa.
Me entregou.
—É meu suéter favorito, cuida bem dele. - disse.
—Obrigado.
Sai. Cheguei no meu quarto e estiquei o suéter à minha frente.
"You are my love".
Eu... Ele...
Johnny guardou o suéter que eu dei pra ele.
Mamãe comprou pra mim dar pra ele de aniversário. Só que ela comprou alguns (muitos) números a mais e ele prometeu que usaria quando crescesse.
Meus olhos marejaram. A porta foi aberta.
—Beck...? - chamou o moreno.
Corri pros braços dele e o abracei forte.
—Anhh, Lyssa? - chamou.
Eu o encarei. Aqueles olhos verdes...
—Não aguento mais! - exclamou.
Ele se aproximou, comigo ainda em seus braços e...

Humanas & Exatas: Uma história além da Física (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora