Episódio 2

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"—Oh! Me desculpe, Lysa! - falou Laryssa.
Sexta série, intervalo, suja de Toddynho. Por Laryssa Fannigan.
L-Y-S-S-A! - falei. A indignação era palpável em minha voz. - Por que não vai ficar com seu namoradinho?
O Walter? - perguntou - Quer dizer, Walker, eu nunca lembro o nome dele.
Bufei.
Bem, não quero perder meu tempo com você. Adeus. - falou Laryssa e saiu andando.
Me deixando totalmente suja de Toddynho."

4 de Fevereiro, 2018

You Belong with me... - cantei baixinho, de cabeça baixa.
Zack faltou, aquele descarado.
—Alunos, prestem atenção. - ouço a diretora, levanto a cabeça e retiro um dos fones do ouvido - Esse ano, a escola Sky Hunter tem o orgulho de apresentar o primeiro concurso de QI! - falou, vários alunos vibraram. Inclusive eu. - O concurso ocorrerá durante esse semestre. As inscrições se iniciam hoje, depois do intervalo. O concurso começará semana que vem.
E se foi.
Recoloquei o fone, abri meu caderno de filosofia.

"Querida Lyssa"

Estava escrito. O que é isso? É a letra da minha mãe.
Continuei a ler.

"Querida Lyssa, me desculpe, não queria te deixar, nunca te deixaria. Mas as circunstâncias foram maiores.
Há dois dias descobrir que seu pai me traia antes de morrer. Me desculpe, mas eu não aguentei. Eu ainda o amo. Lamento por eu não ser forte o suficiente para me manter viva, por isso, hoje, eu parto desse mundo.
Me perdoe, Minha filha.
Te amo, pra sempre, onde quer que esteja.
Por favor, não me odeie.
Viva sua vida, meu bem. E prove para Johnny Walker que você é a melhor.
Mas, mesmo que ele seja o melhor, você é a melhor filha do mundo.
Adeus, querida.

Mamãe"

Assim que terminei de ler a carta, meu celular tocou.
Atendi, quase em prantos.
—Um minuto. - falei, assim que atendi.
Pedi licença ao professor. Sai da sala.
—Alô? - engulo o choro.
—Meu bem? - chamou minha vó, do outro lado.
—O que aconteceu?
—Sua mãe... Ela... Se suicidou. Os médicos, que estavam fazendo a autópsia, encontraram grandes quantidades de substâncias medicinais e alcoólicas. Estaremos na sua casa, meu bem.
—Okay, vó. - desligo.
Guardo o celular no bolso da calça.
Entro na sala, guardo todo meu material e me dirijo pra porta.
—Onde a senhorita vai? - pergunta o professor.
—Embora! É cego, por acaso? - pergunto irônica e saio da sala.
Pego o celular, ligo pro Zack.
—O que foi, Minhoca? Tava dormindo. - fala ele.
—Vem me buscar na escola, preciso ir pra algum isolado. - digo, chorando.
—Já estou indo.
Desligo e vou pra frente do colégio. Esperei alguns poucos minutos e logo o carro do Zack surgiu.
—Entra aí, Beck! - ele abre a porta.
Entro e vamos pro interior da Califórnia.

Passamos uma hora na estrada e finalmente chegamos.
O local isolado, ao qual eu me referia, era um sítio abandonado.
Corri, adentrando na propriedade, largando a mochila na grama.
—EU QUERO MORRER, DEUS!!!!!!!!! - gritei o mais alto que minhas cordas vocais aguentavam.
Cai na grama, me afogando nas lágrimas.
Zack se sentou ao meu lado, ele sabia quando era a hora de perguntar algo à mim. Ele apenas ficou em silêncio.
Zack puxou minha cabeça pro colo dele e ficou fazendo cafuné.

⭐⭐⭐

5 de Fevereiro, 2018

Não sei exatamente em que momento eu adormeci, só sei que acordei às 3 da manhã na minha cama, na minha casa.
Valeu, Zack.
Peguei meu celular, no criado-mudo. Liguei a tela. Tinha uma mensagem do Zack.

"Me ligue assim que acordar, não importa a hora"

Pisquei algumas vezes, relembrando do que aconteceu.
Liguei pra ele. Deu caixa postal, tentei de novo. Caixa postal.
Suspirei.
Ouvi algo batendo contra minha janela/sacada.
Levantei e abri a cortina, abri a porta e entrei na sacada.
Lá estava. Johnny Walker, com meia dúzia de pedrinhas.
—O que você quer? São três da manhã e eu não gosto de você! -falei.
—Desce, vamos conversar! - disse.
—Não tenho nada pra conversar com você, Johnny! - quase gritei - Me deixa em paz!
—Por favor, Lyssa! - suplicou o garoto.
—Já desço - falo, cedendo.
Troquei de roupa e desci pela sacada. Tem uma escada na minha sacada.
—O que você quer? - perguntei ríspida.
—Podemos andar? Como fazíamos na terceira série? - perguntou, sorrindo de canto.
Me hipnotizei por trinta segundos, virei o rosto.
—Tanto faz, vamos logo! - falei.
Andamos até a praça Coryu. Amo essa praça, ela tem um coreto lindo.
—Por que me trouxe aqui? - perguntou.
—Você ama essa praça desde sempre... - me surpreendi.
—Você... Você se lembra disso ainda? - dei uma recaída, mas me mantive firme.
Sentamos em um dos banquinho, perto do coreto.
Ficamos um tempo em silêncio.
—Eu... Sinto muito por sua mãe... - falou.
—Hmm...
—Eu sinto sua falta. - diz, eu fico surpresa. - Poderíamos voltar a ser amigos.
—Eu... Não sei o que dizer.
—Diga que eu sou mais inteligente que você e acabamos com isso. - fala.
—O que?! Você é tão babaca! Eu nem sei por que eu vim aqui! - falei e me levantei.
Caminhei para casa.
—Lyssa! - ele corre atrás de mim, pega meu braço. - Eu...
Ele me encosta numa árvore próxima e fica me encarando.
Aqueles olhos verdes.
—Eu só... - começou a dizer, se aproximou lentamente.
Ah, não. Ele não vai me beijar.
Me desvencilho de seus braços.
—Eu te odeio. - falo.
Uma lágrima solitária escorre pela minha bochecha. Engulo em seco e saio correndo.

(Ouça música)

Chego em casa, ofegante.
Seco as lágrimas. Abro a gaveta da minha escrivaninha.
Lá estava fotos minhas com Johnny, quando éramos pequenos.
Pego o celular e começo a ouvir You Belong With Me, Taylor Swift. Fico passando as fotos.
As lágrimas se fazem presentes. Uma delas cai numa foto, a qual ele estava me dando um beijo na bochecha.
Olho pro teto.
—You belong with me... - cantei a última parte. - Também sinto sua falta, Walker.

⭐⭐⭐

—Você vai se inscrever? - perguntou Zack.
—O último pedido da minha mãe foi que eu provasse que EU sou a melhor, então... - respondi.
Eu e Zack estávamos indo pro intervalo.
—Tem como ir mais rápido, branquela, foi sua mãe que morreu não suas pernas. - falou Laryssa.
Me virei, pronta pra quebrar a cara dela. Mas, estaquei, quando vi Johnny junto com ela.
Se ele, realmente, sentisse minha falta, teria me defendido, certo?
Peguei o pulso do Zack e o puxei logo pro pátio.
Fui até o local das inscrições.
—Vai se inscrever, Lyssa? - era a X. - Que pergunta a minha. Claro que vai. Espero ver você e o Johnny na final.
—O Johnny se inscreveu? - ela assente - Passa a caneta.
E assinei. Inscrição feita.

"Lyssa Beck"

Humanas & Exatas: Uma história além da Física (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora