Capítulo 8.

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Maya nunca fora uma garota fácil de se entender, Helena estava rindo enquanto seguia o caminho para a casa do tio, ele era seu tutor desde que tinha dez anos, aquela fora uma fase da qual uma cor apenas justificava, cinza. Ajeitando a bolsa entre o ombro e a cintura apertou a alça entre os dedos e respirou fundo encarando o prédio em que passou a morar, tinha dez andares e escadas de incêndio dos dois lados mas, inutilizada a muito tempo. Entrou para o hall e andou até o elevador apertando a tecla dois, o elevador era uma das poucas coisas que ainda funcionava perfeitamente.

Quando finalmente passou pela porta do apartamento de número dez e fechou a porta fora abordada nesta tendo o corpo preso a porta e as mãos por outras mais ásperas, o cheiro de álcool provocou nojo a garota que mantinha a respiração presa.

__Voltou finalmente, vai pagar a comida e moradia menina?__Helena reprimiu um grunhido ao ter as pernas tocadas pelo tio, ele estava bêbado e sempre falava ou fazia besteiras quando estava assim.

__Me solta__Falou em um grunhido

__Que ingrata! Eu te dou comida, roupa, teto sobre sua cabeça e pago seus estudos tudo que to pedindo é diversão

Helena enrijeceu diante das palavras e toques promíscuos sobre a coxa da qual se aproximava cada vez mais de um toque mais ousado, ela repetia muitas vezes que o tio estava bêbado, ele não faria isto com ela, sempre cuidou dela. Quando sua mão ultrapassou os limites, ela pisou no pé do tio que furioso a virou de frente e a pressionou com o corpo, lagrimas já brotavam no canto dos olhos quando acertou o estomago do tio com o joelho e o viu cambalear para trás, ela corria ouvindo insultos atrás de si e quando chegou ao quarto fechou a porta ouvindo o bater sem cessar nesta arrastou a comoda para trancar a passagem, chorava como uma menina abraçando os joelhos enquanto ouvia os muitos barulhos na porta, ela quase podia afirmar que a porta estalou com os muitos socos irritados.

O barulho parou depois de um tempo e Helena tinha o rosto escondido entre os joelhos, era notória a dor que sentia, ela se culpava por não conseguir controlar o tio e tinha sempre uma justificativa pelos atos dele, a porta do quarto tinha que ficar sempre trancada com reforço ou era em vão estar trancada com a maldita chave, era simplesmente tentar justificar o por que um bebe chorava ou porque a chuva chegava. Helena se arrastou até a cama e se aconchegou diante das cobertas azul clarinho

Maya suspirou levemente deslisando a lamina de um estilete para fora e a recolhendo algumas vezes ao ergue o olhar para o céu, os movimentos continuavam até que algo a fez recolher a lamina por completo, ela observava o local do qual Helena deveria morar, era estranho mais habitável.

O estilete em mãos era da amiga e estava nas mãos de um grupo risonho quando entregaram para Maya, ela sequer os olhou na cara e pegou o objeto tomando o caminho da casa de Helena, era perto da escola até mais algo lhe incomodava. Assim que chegou no segundo andar os barulhos de murros penetraram a mente da primogênita a fazendo ficar aérea por um momento e voltar ao hall, ela contornou o prédio e subiu as escadas de incêndio que rangeram ao peso mais de poucos em poucos os rangeres foram mais baixos, Maya estava procurando pelas duas janelas, o primeiro levava a um quarto escuro do qual tinha uma figura se embebedando e a outra tinha uma comoda na porta, um suspiro foi dado e batidas leves no vidro fez uma Helena chorosa ergue o olhar procurando, ver a figura da amiga na janela a fez limpar as lagrimas com o dorso da mão e segui para deixa-la entrar e assim que ela o fez fechou a janela novamente, Maya observava o quarto com cuidado

__O que faz aqui? __Helena fungou ao se sentar na cama e abraçar os joelhos, Maya apenas ergueu o estilete para ela

__Você esqueceu __Helena ergueu o olhar hesitando em pegar, acabou desistindo

__Como pode saber que é meu?

__Não sei, pega logo Helena e eu vou fingir que não vi um desses nas suas coisas outro dia __Helena suspirou, queria muito que a amiga não fosse tão observadora mas era impossível,o bater na porta a fez se encolher e Maya olhar para a porta, a comoda fez com que ela lembrasse do irmão e logo sorriu, um sorriso frio e cruel

__Sai dai, você tem que me pagar pela moradia __Maya nem precisava olhar para a amiga pra saber que ela encolhia os ombros então suspirou e andou até a comoda, arrastando-a Helena se levantou em um sobressalto e a segurou pelo pulso, sua cabeça faria negativas para ela mas Maya a olhava com calma

__Senta ali e baixe a cabeça, mantenha os olhos fechados tudo bem?

Helena queria dizer não mas o olhar de Maya a fez morder o lábio e assenti, seus pés caminhavam contra sua vontade e fez o que a amiga lhe pedira, com os olhos fechados escutou o arrastar da comoda até que a tranca da porta fora aberta e então passos arrastados que sabia ser do tio, ela manteve a cabeça baixa quando sentiu o cheiro de bebida impregnar o quarto, ela forçava os olhos a permanecer fechados enquanto tremia, não aguentaria aquilo novamente e Maya estava ali. Os passos de Maya eram calmos e silenciosos, ela esperou até que o homem entrasse no quarto e se aproximasse da garota que mais parecia uma ovelha assustada ela tinha uma lamina nas mãos mais ainda assim tremia, os passos se tornaram curtos quando tirou a garrafa das mãos daquele homem e enfim pode ver a surpresa em seu olhar, ele sequer a notara mas ainda assim se lançou contra ela, Maya não pensou duas vezes antes de acertar a garrafa na cabeça daquele homem que caiu aos resmungos, os ombros de Helena agora se encontravam tensos com o barulho e resmungo de dor, Maya tinha o resto da garrafa em mãos e assim que olhou para a mochila soltou o gargalo que lhe restava e segurou a bolsa cujo livro e caderno estavam e bateu na cabeça do homem com toda sua força, ele resmungava e grunhia enquanto tentava segurar os braços da agressora mais assim que o fez ela lhe deu uma joelhada, mesmo quando levantou e tentou sobrepor sua força a garota era ágil e o socava no estomago lhe tirando o folego, mesmo quando buscou ar e caiu a garota não lhe deu chances e o acertou na cabeça com chutes até que sua figura se tornasse o breu.

Helena colocava as mãos nos ouvidos, o urro e grunhidos do tio lhe atormentavam, ela queria abrir os olhos porem sabia que Maya iria lhe brigar então manteve os olhos fechados e mãos sobre os ouvidos, ela parecia uma garotinha assustada como a nove anos atrás, quando viu a vida valer jóias e dinheiro, ela chorava mesmo quando sentiu o toque em seu ombro.

__Helena, você não abiu os olhos né?
Helena negou firmemente e Maya assentiu, não gostava de homens do tipo que aquele homem parecia, o modo como sua amiga parecia outra pessoa diante daquele homem sujo, ela teve de se conter e apenas acerta-lo até que perdesse a consciência e não foi muito difícil já que estava bêbado e o pior era, qual técnica usaria pra livrar o homem de tal vício? Um sorriso vacilante surgiu nos lábios da primogênita, ela iria ter que ser muito persuasiva.
As mãos de Helena estava fechadas envolta do estilete como se fosse um objeto mágico e muito precioso, ela abria os olhos lentamente enquanto observava o quarto, havia vidro espalhado pelo chão e seu tio estava desmaiado no chão com um sangramento na testa, os livros de Maya estavam no chão e ela olhava fixamente para o homem estirado no chão como se fosse fazer alguma travessura, as íris verdes de Maya continham um perigo desfaçado no tom que se escurecia aos poucos.

Guilherme Grayon, ele era um dos primos de Nícolas e Mike mais sua preferência não era nem um nem outro, desde o dia em que o pai recebeu o pedido de Laura para ir conhecer a nova filha dela. Guilherme se sentia inquieto, sua curiosidade se aguçava e o levou a procura pela fotografia dela, mesmo estando deitado em sua cama e observando a imagem da garotinha de olhos verdes contentes congelados em uma fotografia ainda lhe deixava inquieto, os cabelos negros presos por uma fita amarela ainda era visível e o vestido florido a deixava com ar infantil e inocente. Um sorriso brincou em seus lábios, na última vez que a vira para ele foi inevitável ver sua expressão meiga se tornar envergonhada e constrangida quando ele lhe roubo o primeiro beijo, ela lhe deu tapas em resposta, disso ele lembrava e mesmo sem querer achou graça, ninguém mais teria o que ele tirou dela,era curiosidade de um adolescente na época mais depois se tornou uma das suas melhores lembranças, ela não era seu sangue e não era proibido, seu olhar fitava um ponto na fotografia, o sorriso meigo de uma garotinha e uma versão mais nova dele mesmo, ele esperava para descobrir se o tempo fora generoso com aquela garotinha, com sua Maya.

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