Capítulo 9.

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Roberto Morgan acordou com uma incrível dor de cabeça e jogado no chão, seus olhos vagavam pelo quarto escuro tentando encontrar algo quando suas lembranças da noite passada lhe preencheram a mente,a dona dos olhos verdes e cabelos negros lhe batiam no rosto com leves tapas, a boca ainda estava seca graças ao pano que estava ali, seus pulsos doíam por ter forçado muitas vezes as cordas que lhe prendiam.

Ele levou a mão a testa resmungando quando as perguntas daquela garota lhe invadiram a mente ''Quantas vezes tentou?'', ''Você acha isso divertido? Deixar garotas amedrontadas? Gritando?'' Cada pergunta sem resposta ela lhe batia, não com tapa, com socos fortes em seu estomago poucas vezes no rosto.

Roberto tateava o chão quando encontrou uma garrafa de álcool vazia se lembrou de como a surra com perguntas fora trocadas por afirmações ''Você vai dizer que ela merecia. Que estava pedindo para que fosse atacada.'' toda vez que suas palavras chegavam aos seus ouvidos ele estremecia, ele negava mais dava pra ver que ela não ia parar por isso, então ele viu um sorriso do qual lhe deu arrepios, era um sorriso frio e sombrio, um de dar pesadelos. Ele lagrimava quando em um momento ela puxou os cabelos dele para trás e despejou o liquido da garrafa em sua boca coberta por um pano, ele se contorcia e engasgava aos poucos quando o liquido inundava sua boca e algumas vezes suas narinas, aquele liquido que muitas vezes pareceu seu refugio agora parecia lhe queimar. O par de olhos verdes ficavam vidrados em concentração, quando ele pensou que iria desmaiar novamente ela parou e desatou os nós do pano e o deixou tossindo, encontrando ar e choramingando.

Aquela noite lhe foi longa, mesmo quando ele avistou uma garrafa de vodka* sua barriga se contorceu, ele sequer a olhou com o mesmo gosto pegando-a e em meio aos tropeços despejou o liquido na pia, avistou todas as garrafas restantes no lixo ou até na pia mesma, ele tinha medo de que aquela garota voltasse, o bater na porta até mesmo lhe fez se encolher e estremecer.

__Tio... o café está pronto, já vou sair

Helena tinha um olhar de decepção e culpa, ela se sentia um pouco mal por não ter feito nada pra ajuda-lo quando o ouvia tossir, resmungar e as vezes gritar. Ela não conseguiu se levantar quando Maya saiu puxando o tio como um saco de batatas, o sangue da testa do tio fora limpo e ela saiu dali bem tarde, ela encarou Helena que estava amedrontadas e suspirou passando pela janela de onde entra , tudo que disse para Helena foi para que ela não entrasse no quarto.

Helena passava pelo hall do prédio quando ajeitou a bolsa no ombros, os olhos dela estavam um pouco inchados pelo choro da noite passada.

Guilherme se levantou com um mal-humor costume mas, guardou a fotografia de Maya com um cuidado especial, chegou até mesmo a retribuir o sorriso congelado da menina, ele bocejava ao olhar para o reflexo, ele não era muito forte mas também não era magricela, os cabelos castanhos amendoados estavam bagunçados e caiam sobre o rosto, seus olhos azuis observava cada traço dando um sorriso de lado, o tempo havia sido generoso com ele principalmente nos traços de seu rosto que antes não tinha muito contornos e agora sim, as bochechas antes rechonchudas agora estavam mais firmes assim como o queixo quadrado.

Guilherme jogou água no rosto com um leve resmungo, seu dia seria longo afinal sua fama na faculdade não era muito boa, teria de pensar em algo logo afinal seus dias de folga já estavam acabando.

Apos o banho rápido e ter se vestido, ele olhava para a porta enquanto enxugava o cabelo com uma toalha, virara ritual sua irmã aparecer ali pela manhã, e assim que a maçaneta giro Guilherme sorria ao ver os cachos dourados da irmã cujo os olhos estavam fechados.

__Gui, você ta vestido? __A voz doce e infantil da irmã lhe fez rir consigo mesmo

__Estou sim__Ele pode perceber hesitação da pequena e logo que ela abriu os olhos devagar e a viu suspirar ele deu de ombros, a primeira vez que ela entrou naquele quarto não deu muito certo já que ele se cobria apenas com uma toalha__O que a trás em meus aposentos?

__Mamãe disse que vamos visitar a titia no final de semana__Ela enrolava a ponta dos cabelos, os cabelos loiros eram bem comum na família Grayon e por algum obséquio Guilherme puxou o tom de cabelo da mãe__Será que a prima nova é legal?

__Não faço ideia__Os olhos da menina duplicavam de tamanho enquanto pensava e idealizava a prima__Ela deve ser muito garotinha igual você, vai levar seus brinquedos Marisa?

__Mas da ultima vez que levei meus brinquedo o Nícolas jogou no chão__Os olhinhos tristes de sua irmã fizeram Guilherme reprimir uma careta, naquele tempo Marisa era muito pequena e quase sempre queria brincar de bonecas e panelinha, Nícolas por outro lado queria ficar sozinho, o que o fez se irritar com uma garotinha na sua cola.

__Hm pode brincar com a garota nova, ela deve ter o que? nove ou dez anos? Você tem oitos e meio, vão se dar bem__Guilherme tentava anima-la mas nem mesmo ele gostava muito de Nícolas, ele roubava a atenção que Maya já não tinha, acabou suspirando e colocando Marisa nas costas, ela ria com deleite__Se a garota nova não quiser brincar com você, eu brinco tudo bem?

__De bonecas? __Perguntou animada com um sorriso de orelha a orelha, Guilherme teve de engolir qualquer deboche, ela era sua irmãzinha, seu dever primordial era protegê-la.

__Do que quiser desde que seja um segredo__Ele podia imaginar o nariz da menina franzir em confusão e curiosidade então engoliu seco e clareou a garganta__Um segredo de irmãos... se não quiser eu vou entender...

Guilherme deu de ombros enquanto começou a caminha devagar, ele sabia que sua irmã estava pensando no que acabou de ouvir e se ele fosse bom o suficiente sua reputação ainda estaria salva sem ser manchada por brinca de bonecas com a irmã, ele andou lento e vez ou outra suspirou com 'desanimado' até que sua irmã segurou nos fios escuros do cabelo de seu irmão para lhe chamar a atenção.

__Não vou contar pra ninguém, então vamos ter um segredo de irmãos né Gui? Ai vamos confiar um no outro e brincar de bonecas? __Ele sorriu de lado.

__Sim, sim. Você está certa Marisa__Ela sorria de maneira radiante batendo palminhas, ele sabia que aquilo era egoismo dele mas se não a machucasse, estava tudo bem.

O dia com Marisa eram completos de brincadeiras bobas mas que lhe causavam muitas risadas infantis, Emilly gostava da união dos filhos e vê-los tão amigáveis pela manhã se tornará uma rotina bem-vinda e gloriosa, ela mesma estava com um sorriso no rosto ao ver a filha com geléia nas bochechas, contribuições de seu irmão, no começo fora difícil cuidar de uma criança de colo e um adolescente 'rebelde' mas depois de um tempo foi se tornando mais aceitável, Marisa estava rindo ao lambrecar a bochecha direita do irmão cuja expressão tentava passar horror mas lutava contra um sorriso, Emilly teve de esconder o riso atrás de sua xícara de café recebendo a atenção dos olhares arteiros dos filhos, Marisa tinha as iris dos olhos azuis e delas transparecia um ar meigo e inocente com as madeixas loiras e seu corpo magro lhe davam um ar angelical, quanto ao filho os cabelos castanhos amendoados que geralmente caiam acima dos olhos azuis iguais aos da irmã porem transparecia travessura. Emilly até ergueu a mão em defesa quando ambos melados de geléia seguiam sujos para perto da mãe, ela sequer teve tempo de repreender os dois quando seus rostos encontravam o dela em uma caricia de risos e geléia, era difícil ter de ficar séria então se desatou a rir e melados ainda mais, seu bom exemplo fora parar em algum canto esquecido e dando lugar as travessuras familiares.

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