Capítulo 18.

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Maya Voltaire de Melarck: Memórias à sangue.

Cinco anos atrás...

Maya olhava para o celular quando a mensagem de sua mãe apitou, Nícolas estava na sua cola lhe chamando "Aya" desde que se afastou. Ela encarava o menino com irritação presente em seu semelhante, até mesmo chegou a gritar várias vezes com o menino mas todas as vezes ele se aproximava, se ela o empurrasse ele apenas lhe olhava mas naquele momento ele pedia para ela ficar e de uma maneira estranha.
Maya teve que ser muito astuta para sair sem ser seguida pelo irmão da casa do pai, teve de caminhar e depois tomar um ônibus somente para descer na frente de um prédio, ela sempre se perguntou o por quê da mãe morar ali mas nunca a questionou.
Maya abriu a porta com cuidado, olhou para dentro do apartamento e logo fechou-a com calma, o barulho de algo quebrando foi o que fez correr para o quarto da mãe e olhar para tantos lugares quanto podia, não havia nada no quarto e isso a fez ficar com pavor, seus olhos foram para trás quando o baque da porta do quarto soou, o padrasto Marcus estava ali com um sorriso, suas mãos separadas, não usava camisa e a calça estava aberta. Maya tremia ao olhar para o banheiro e correu para lá mas o braço foi puxado arrancando gritos da menina.
Maya nunca gostou da forma que Marcus a olhava, sempre parecia ter algo em seu olhar que a deixava com medo e a faria querer estar longe de casa. Maya não tinha força naquele tempo, seu corpo tremia e cada vez que gritava pedindo socorro levava uma bofetada. Seu rosto estava avermelhado, a garganta ardia e as lágrimas caiam livremente. Seu corpo magro fora jogado a cama da mãe e os braços imobilizados acima da cabeça com apenas uma mão, não importava quantas vezes se contorcesse ou chorasse ele equer se compadecia de seu estado. Suas mãos passeavam pelo corpo da menina fazendo grita, contorcer e tentar se livrar mas ela sabia que de nada adiantava, apenas se divertia com cada expressão antes de puxar a blusa de Maya a fazendo rasgar com um puxão, seus ombros foram machucados no processo e isso a fez soluça, o peso do corpo do homem sobre seu a fazia ficar praticamente inerte mas ainda assim lutava paracse libertar.
Maya soluçava cada vez que a língua do homem lhe tocava a pele, suas forças estavam quase escassas mas ainda mexia os braços com desconto evidente a pressão a eles, quanto o homem ainda prendia seus braços se levantou o suficiente e tirou do bolso do jeans um estilete tocando a pele de seu estômago deslizou a lâmina o suficiente para que ela sentisse o fio da lâmina, o filete de sangue que surgia ali era pequeno mas ainda assim faria Maya soluçar, não entendia o por quê aquilo estava acontecendo mais ficou parada com medo de morrer.
Não lembrava ma8s quanto tempo custou para a mãe chegar, seu silêncio envolto de soluços baixos foi algo que fez Rebeca abrir a porta de seu quarto, o que viu ali foi algo que a fez cair de joelhos, sua filha estirada a cama com seu namorado a prendendo e a ameaçando enquanto sua língua explorava sua pele exposta, não importava quantas vezes olhava ainda a deixava caída no chão. Maya viu a mãe e chorou, se debateu e gritou quando a lâmina lhe cortou, o sangue manchou os lençóis da cama e o homem puxado de cima de si.
Maya chorava quando se encolheu, a mãe brigava com o homem e ele lhe bateu no rosto, seu medo voltou e ela fugiu aos tropeços, suas roupas aos trapos, o rosto rubro pelos tapas que antes recebera e o corte que latejava. Doía tanto que a faria se sentir suja se a mãe não tivesse chegado teria sido pior, sabia disso, e não importava quantas pessoas trombou no caminho nada a faria parar, não até que tivesse chegado em casa.
Maya lembrava que quando chegou na casa do pai Nícolas estava chorando, provavelmente Laura havia esquecido o menino novamente mas assim que ele a viu chegar nas condições que estava se aproximou e Maya recuou, estava com tanto medo que mesmo o irmão lhe causava pavor porém ele lhe esticou sua mão, esperou ela aceitar e quando o fez depois de muito hesitar subiram, Nick lhe deixou no quarto, a colocou entre as cobertas depois do banho e a rodeou com seus ursos de pelúcia, quando chorava ele lhe faria carinho como ela fazia nele quando ele se machucava, ele a fez ficar calma suficiente pra dormir mas mesmo assim em seus pesadelos ele estava ali.
Maya perdeu a conta das vezes que acordou gritando com horror, chorando tanto que preocupava o pai que naquele tempo se dedicou a ficar em casa para lhe acalmar mas não importava o quanto ele tentasse se aproxima dela, cada vez que o fazia ela se encolhia com mais medo ainda, aquilo o fez estranhar e tirar aquilo a limpo com a ex-mulher.
Maya cada vez mais ficou pior com suas crises do meio da noite, ganhou uma cicatriz na cintura e parte do estômago além de a noite sumir, cada vez mais ela saia e só voltava tarde da noite.
Em uma das fugas noturnas Maya finalmente o encontro, bêbado e fumando enquanto ria, ela o segui, esperou até ter uma chance mas não entendia o por quê tinha de espera, não deveria sequer pensar em ir atrás daquele monstro mas ali estava, em sua mão uma tesoura que sempre lhe acompanhava, as vezes que acordou gritando e puxou o objeto debaixo do travesseiro a fez levar aquilo também em suas escapadas. Ele ainda andou bons metros quando parou em um terreno baldio, Maya se aproximou e quando sua figura ficou sombreada ele parecia trêmulo, dizia que iria pagar as dividas, que era pra terem paciência mas quando viu quem era gargalhou, a perguntava coisas suja enquanto o olhar da menina escurecia em irritação, ela não imaginava que poderia ficar tão irritada daquela forma sem esboçar isso com gesto alguma porém ali estava ela o fazendo.
O antigo padrasto se aproximava com passos vacilantes que a fez querer recuar mas algo a fez ficar no mesmo lugar, ela tinha que dar um fim no seu medo e juntamente com isso o enfrentar,  cada vez que ele se aproximava os olhos se tornavam escurecidos e frios, quando tentou lhe tocar afastou sua mão com um tapa, Maya não sabia mas suas ações estavam sendo estudadas de longe e quando finalmente usou a tesoura não foi para matar logo, não ela queria fazê-lo sofre como ele a fez sofrer todas as noites com medo, ela perfurou o pescoço de marcus com um movimento rápido e quando ele se engasgou tossiu sangue no rosto de Maya
Ela puxou a tesoura e se afastou. Viu cada engasgo e seu olhar de desespero enquanto caia, cuspia o próprio sangue, se debatia e grunhia pela falta de ar. Maya ainda segurava a tesoura quando ouviu palmas, seu olhar foi diretamente a garota de sorriso malicioso. Aquela mulher lhe tirou o peso de ser investigada mas lhe pediu um favor, Maya sabia que naquela época era um pequeno favor afinal só tinha de aprender uma ou duas coisas como a garota havia dito porém quando esse favor se tornou um trabalho Maya sabia que havia feito um pacto com o diabo, e ali no seu mundo ela era conhecida como "Bonnie".

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