Capítulo 14.

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Rebeca era uma paisagista experiente, mas sem muitas oportunidades, ela organizava algumas coisas em sua mesa quando olhou para a foto de sua filha, ela estava sorrindo pra câmera com manchas de sorvete de chocolate nas bochechas e seu ex-marido também sorria enquanto olhava pra filha.
Ela deveria ter cortado a imagem ou simplesmente jogado fora mas algo sempre lhe fez hesitar em fazer isso. Um longo suspiro a fez guarda a foto dentro da gaveta e quase no mesmo instante seu celular tocou.
__Alô? __A linha chiou um segundo e então a voz de sua filha chegou aos ouvidos
__Mãe? Não vou poder ir esse final de semana__Rebeca pousou os dedos indicador e polegar no vale entre os olhos.
__Maya, você não pode vir essas duas semanas pra casa. Não pode fazer um esforço? __Ela pode ouvir o suspirar da filha.
__Eu só liguei pra avisar isso mãe. Não vou poder ir
__Mas Maya...__Rebeca bufou quando a ligação foi encerrada, ao guardar o celular e encarar a foto dentro da gaveta__Parece que você nunca vai me perdoar...
Maya olhava fixamente para o caderno de desenho rabiscando enquanto pensava nas palavras da mãe, ela já havia perdoado mas não deixaria isso claro. Cada rabisco novo os olhos de um tom perverso e traços de um rosto surgia com calma mas algumas passadas criavam erros e manchas da qual a faziam arrancar páginas até ver os desenhos antigos, ela contornava os traços de seu desenho, a imagem do perfil de Nícolas enquanto ele olhava para baixo, a figura faria com que ela pensasse no irmão triste e a faria sentir um gosto amargo na garganta da qual seu olhar vagou o quarto, estava vazio e por alguns minutos ela pode respirar fundo ao sentar-se pensando, analisando e lembrando de cada palavra de André.
Depois da pergunta de Maya, André soltou um riso cínico ao olha-la de maneira maliciosa, Maya acabou cruzando os braços com uma ponta de irritação diante do olhar tão pouco reservado.
__Se eu soubesse não estaria aqui__Disparou o garoto ao bagunça os cabelos
__Ana. Esse nome te diz algo?__ Maya teve de reprimir um sorriso, a expressão do garoto mudou totalmente se tornando irritada
__Não repita o nome dessa garota. É quase uma afronta ter que me lembrar daquela garota diabólica__Ele estava cuspindo cada palavra com raiva mas então ele olhou para Maya e riu__Ela tá na sua casa não é? Ela já mostrou as garrinhas por trás daqueles malditos sorrisinhos patéticos?
__Parece que ela te irritou bastante__Os passos de Maya eram calmos enquanto andava de um lado ao outro__Mas... Você não tem cara de santo e mesmo se tivesse posso te garantir que de santo eu desconfio
Maya segurou nos ombros de André apertando levemente antes de voltar a caminhar de um lado ao outro. André a olhava com a sobrancelha arqueada, estava curioso mas sabia que Ana não deveria ter dito nada aquela garota, qualquer coisa ele era uma vítima de Ana Grace.
__Ana me fez odiá-la como nunca odiei ninguém. Ela quebrou meu braço e brincou com os cabelos das garotas do orfanato só porque ajudamos ela com o chiclete que grudou nos cabelos dela__Os passos de Maya se cessaram e ela encarou o garoto, seu semblante era neutro, quase poderia se dizer que sua expressão fora congelada
__Ah voltamos a história do chiclete, meio irônico já que não acreditei em nada__Ela deu de ombros ao encarar o garoto cujo o olhar se tornará afiado__ Apostaria uma unha que é mentira. O que fizeram de verdade?
__Se eu fosse você tomaria cuidado com suas apostas. Eu já disse o que aconteceu se não quiser acreditar pergunte as garotas__Cada palavra saia como veneno apesar da expressão calma
__Não precisa ficar nervoso. Mantenho minha aposta mas...__Maya se aproximou o suficiente para pegar a mão direita do garoto analisando seus dedos __Se eu ganhar você vai ter que dar adeus a uma de suas unhas. E se acha que Ana é uma garota diabólica deveria ter cuidado com muita gente, pra sua preocupação, é somente um aviso afinal você diz a verdade não é?
Calmamente Maya pode analisar o semblante do garoto de olhar perverso se tornar uma carranca, puxando a mão ele se levantou e sorriu.
__Já disse, se não quer acredita o problema é seu
__Ana me falou sobre bondade falsa assim como outras coisas,  preocupação foi algo que me fez vir aqui, engraçado né?
O olhar e expressão de André vacilaram ao encarar Maya a sua frente, as íris penetrantes o fitavam e o que vinha delas eram algo gélido.
__Também contou sobre uma aranha o que achei bem suspeito, como poderia aparece uma aranha daquele tamanho em seu quarto?
__Não sei do que ta falando
__Tem certeza? Nenhuma idéia? Eu também aposto que você tem alguma participação nisso.
Seu tom era frio e direto, ela já havia se controlado o suficiente. Tentou evitar encarar o garoto de olhar perverso mas era quase impossível, suas mãos foram direcionadas aos ombros de André, a força exercida nestes o fizeram se encolher e até mesmo resmungar, seu olhar a fitava com surpresa, não acreditava que aquela garota tinha tal força. Os braços de André foram de encontro aos braços dela e exerciam força também, força está que deixava sua pele avermelhada e branca mas Maya apenas apertou com mais força conseguindo arrancar gemidos de dor as laterais de seu pescoço quando fora forçado a sentasse.
__Eu só quero entender por que motivo Ana é daquele jeito. Ela se fechou para todos e usa uma máscara de falsidade quando tudo que quer é acreditar que alguém realmente se importa__O sorriso desdenhoso voltou aos lábios de André, apesar deste vacilar várias vezes em sua expressão de dor__Posso te dar um aviso. Se não quer me contar por bem irei arrancar as respostas de você e mais uma coisinha, se contar a alguém vou ser obrigada a cortar sua amável língua
A expressão de Maya era de serenidade, o olhar de André era um tanto surpreso e desacreditado,  até mesmo riu sem humor mas se convenceu quando ela manteve seu olhar fixo aos deles, quando olhou para o lado ela o soltou e justamente a porta se abriu e duas mulheres apareceram, a madre e uma outra que comprimento Maya.
__Soube que está tentando descobrir algumas coisas sobre Ana__A mulher sorria ao ver que André passou por ela rapidamente__Estava tentando fazer o André lhe falar sobre ela aqui?
__Sim mas,ele não disse muita coisa __Maya fitou a madre__Poderia vim aqui outro dia
__Claro menina, venha quando deseja__Maya deu um pequeno sorriso, enquanto voltou o olhar a mulher de cabelos castanhos
__Aliás, não me apresentei. Sou Maya Voltaire__Estendeu a mão para a mulher que retribuiu o gesto com um sorriso.
__Sou Dominique Frayson__O olhar de Maya fixou-se ao da mulher cujo conhecia apenas pelo nome, aquela era a Mãe de Chloe.
Maya suspirou ao sair de seus devaneios, levantou de sua cama e seguiu até o closet abrindo a porta olhou seu reflexo no espelho e levantou a blusa, seu olhar fixou-se na cicatriz presente em sua cintura. Seus dedos contornavam a marca quando ouviu passos no corredor, ela ajeitou a blusa e fechou a porta do claset mantendo suas mãos sobre está, ela tinha o olhar fixo aos dedos quando a porta do quarto se abriu e Nícolas adentrou o quarto procurando pela irmã,  quando a encontrou se aproximou e abraçou-lhe pela cintura.

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