Capítulo 10.

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Maya tinha o olhar baixo ao se movimentar nas cobertas com cuidado, dividir a cama com o irmãos se tornara uma tarefa trabalhosa, uma noite atrás teve que ter muito cuidado para entrar em casa sem ser descoberta mas Laura, por algum tipo de maldição estava lhe esperando na sala, mal passou pela porta teve de escutar a madrasta.
__Isso são horas? __Maya teve de controlar o impulso de revirar os olhos para a madrasta__Isso é cheiro de álcool? Estava bebendo?
__Não é da sua conta o que faço ou deixo de fazer e cala a boca que ta tarde__Os olhos de Laura duplicaram de tamanho quando ela formou uma carranca__Escuta, eu sei que ta tarde. Concordamos com isso e desculpa por ter dito a verdade sobre o sua posição das minhas atividades pessoais mas não tenta fingir que se importa comigo.
__Você me ofende assim, Maya. Eu estava preocupada com você, seu pai não veio hoje e você não chegou como de costume, seus irmãos se trancaram no seu quarto e disseram que só sairia de lá quando você chegasse. Ana tem pavor do seu nome e... e você está cheirando a puro álcool __Maya parou no segundo degrau da escada quando ouviu fungadas baixas, ela tentou ignorar a dor que cada palavra proferida pela madrasta mas não pode ignorar o fungar dela, ela parecia a beira de uma crise naquele momento__Eu sei que não sou uma boa mãe pra você, eu não quero ser. Quero dizer, eu não quero que pense que estou roubando o lugar da sua mãe, eu sei que você percebeu que não sou muito amigável com você mas você nem tentou me conhecer, deve ter pensando que eu me joguei pra cima do seu pai na melhor oportunidade não é?
Laura fungava e falava com a voz chorosa limpando os olhos com o dorso das mãos várias vezes como uma criança mas então ela riu com pesar, Maya procurava qualquer coisa diferente em seu comportamento e notou então as bochechas rosadas da madrasta, ela queria sorrir com ironia mas desceu um degrau e continuou a fita a madrasta.
__Eu queria ser uma mulher boa e mãe então quando soube que estava grávida fiquei tão feliz, eu estava tão contente, seu pai dizia que sempre quis ter filhos e eu poderia ter isso ou não mas ainda estava tão feliz. Quando os meninos nasceram você estava com o olhar perdido e sei lá, parecia distantes mais você não quis ver meus meninos, meus menininhos__Maya sabia onde terminaria aquilo então deu as costas e começou a subir__O Nícolas era tão lindo e maravilhoso e foi ficando ainda mais, você o odiava, dava pra ver no seu olhar e quando descobrimos que ele era quebrado, que meu menino tinha algo faltando você o amou por que? Por que?
Maya teve que reprimi sua irritação quando apertou o corrimão da escada e grunhiu, ela ria com isso.
__Cala a boca.
__Ele não era tão perfeito quanto parecia, tinha o pior dos defeitos do mundo e depois de descobrir isso você o amou__ Maya sabia que a madrasta estava lhe provocando mas não conseguiu segurar um soluço, seu irmão era perfeito , mais do que tudo no mundo inteiro.
__Cala a boca!
__Nícolas é alguém quebrado, defeituoso e tudo isso é culpa minha eu deveria ter acabado com tudo quando descobrir__As mãos de Maya tremiam quando ouvirá aquelas palavras e os risos da madrasta a fizeram gritar de raiva, ela queria bater naquela mulher mais do que tudo no mundo mas sabia que se o fizesse ela teria motivos para o pai lhe mandar embora, os risos entre soluços fizeram Maya morder o lábio com tanta força que pode sentir o gosto metálico do sangue invandir sua boca, mesmo a dor no lábio não reprimia aquela que fora deixada por palavras tão cruéis__Ele deveria ter morrido, alguém quebrado como ele não deveria existir!
Maya estava lagrimando como se tivesse ferida e estava, cada palavra direcionada ao seu irmão, cujo aprendeu a amar, lhe feria como se mil agulhas lhe perfurassem profundamente e saíssem rasgando cada um de seus músculos, ela estava fraquejando e sua madrasta se divertia a suas custas, com sua dor mesmo quando a mandou se calar e sair correndo para o quarto pode ouvir os risos da madrasta, mesmo quando seu anjinho lhe abriu a porta com carinha de sono e lhe permitiu chorar com seus carinhos não pode evitar que a dor de tais palavras lhe consumissem, Mike lhe olhava como se fosse uma estranha ela mesma ae sentia assim.
Maya olhou para o teto permitindo que uma lágrima furtiva caisse silenciosa ao abraçar Nícolas com imensa proteção, ela pode senti-lo resmungar e se aconchegar em seus braços enquanto fungava levemente, ela pode ouvir os passos no corredor ao encarar a porta e se encolher como uma garotinha de quatro anos atrás, não ela não era mais aquela garota, ela era uma mulher agora, uma mulher forte e que fará de tudo pelos irmãos e que faria Laura se arrepender de ter falado cada uma daquelas palavras cruéis e odiosas, ela sabia onde tocar a ferida de Maya e os olhos verdes encaravam a maçaneta que giro algumas vezes antes da voz do pai lhe despertar por completo.
__Maya, quero falar com você__Nícolas acordou assim que ouviu a voz do pai e seu pedido, ele apertava os braços de Maya envolta de si como se fosse sua maior proteção e como se fosse a maior proteção da irmã, sua mente meio sonolenta ainda estava tentando entender o que tava acontecendo, sua mãe havia dito bobagens ao pai e ele puniria sua irmã? Não, ele não iria desgrudar um minuto que fosse dela então__Acorde os meninos também, eles tem que ficar sabendo
Nícolas pode sentir o corpo da irmã enriquecer, ele também imitava seu gesto quanto saber daquilo, ele sabia que se fosse um pedido para que a irmã fosse embora de casa ele a seguiria e se o pai tentasse lhe impedir faria tudo para tirá-lo do caminho.
Maya acordou Mike e fez os irmãos tomarem banho e se arrumarem, ela estava tensa e distante o tempo todo, Mike podia sentir a diferença da irmã quando ela suspirou fraco e olhou para ele com pesar e carinho, ela olhava para ele da mesma forma que olhou para Nícolas que estava inquieto, ele tentou mantê-los calmos e até mesmo tentou fazê-los se distrarem mais não conseguiu, mesmo tentando irritar a irmã ele não conseguiu, ambos pareciam que estavam prestes a irem para a cadeira elétrica.
Léo caminhava de uma lado para o outro pensativo, ele teria que dar a notícia de uma forma ou de outra, ele tentava ignorar a figura da esposa resmungando coisas sobre o próprio filho, coisas cruéis e que machucariam a filha se ela escutasse, ele se encontrava aflito mas mesmo assim mantinha a expressão neutra no rosto, mesmo quando o filho Mike veio lhe abraçar ele não deixo sua expressão se modificar, ele notara algo estranho no semblante da filha porém não perguntou nada, ele apenas tentou ser normal com os filhos mesmo que algo lhe dissesse que havia algo errado.

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