Victor sentia o cheiro e o gosto do próprio sangue.
O menino não conseguia se mover no chão molhado e a areia começava a machucar seu rosto, que estava praticamente enterrado nela.
A garoa continuava e estava aumentando.
Ouviu os passos firmes e ferozes de Lorenzo Mello aproximarem-se dele. Fechou os olhos com força, como se, assim, pudesse se teletransportar para um lugar seguro, longe daquele demônio travestido de gente.
- Seu patife! - o homem berrava, enquanto pisava forte no antebraço esquerdo do garoto - Você entrou na minha casa e roubou algo que me pertence! Você acha que vai fazer o quê? Levar a carta para a polícia?! - sorriu diabolicamente - Acaso acha que a polícia dará ouvidos a quem? A mim ou a você? Hein, seu pivete?!
Ao passo em que falava, Lorenzo colocava mais força na perna que estava sobre o braço de Victor.
- Você não vai me dedurar, seu desgraçado! - berrou o homem - Eu não matei aquela vaca da Babi! Eu não matei ninguém, ouviu?!
Lorenzo parara de falar no momento em que ouvira o barulho do motor de uma motocicleta se aproximar.
- Temos companhia! - sorriu o homem - Mas, o recado tá dado, seu merdinha! Se levar a carta pra polícia, mesmo eu sendo inocente, sua mãe vai pagar por isso, ouviu?!
Victor não conseguiu responder nada.
- Ouviu?! - berrou Lorenzo, erguendo a perna de cima do antebraço do garoto.
No segundo seguinte, o homem colocara toda a força que era capaz de fazer em sua perna, pisando abrupta e ferozmente sobre o antebraço de Victor.
O som característico foi ouvido, Victor pôde sentir sua massa óssea se rompendo, a pele sendo rasgada pelo pedaço pontiagudo do osso fraturado, o sangue quente escorrendo sobre sua pele e, depois, não viu mais nada.
Quando o menino perdera a consciência, Lorenzo entrara no carro, arrancando com força do local.
* * *
Layza e Thalita ainda viram os fundos da caminhonete em movimento, pouco antes de ela sumir numa curva.
- É o Victor! - gritara Thalita, em desespero, ao notar o menino desfalecido no chão.
Thalita pulara da moto antes mesmo de Layza desligar o motor e parar completamente.
- Meu Deus, Victor! - dizia Thalita, enquanto corria até o rapaz, jogando o capacete no chão.
Victor estava desacordado e, da pele rasgada dele, despontava um osso, além de muito sangue.
- Layza, chama o serviço de urgência, pelo amor de Deus! Ele tá perdendo muito sangue!
Layza tremia, mas, dera conta de apanhar o celular no bolso e discar os três números.
Thalita estava nervosa.
O rapaz não respondia, não se movia, mas, para alívio dela, ele respirava.
Por toda parte, muito sangue.
* * *
Nunca uma taça de vinho tinha sido tão refrescante!
Enquanto assistia a uma partida de futebol em sua TV de 60 polegadas, Lorenzo sentia-se aliviado por saber que, daquele momento em diante, os meninos que roubaram a carta de Babi não seriam mais uma ameaça a sua segurança.
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Um Bombom Sobre Minha Mesa
FanfictionThalita acabou de se mudar para uma cidade pequena. Ela acha que tudo em sua vida está um desastre, até ela se envolver numa investigação criminal e passar a ter certeza disso.