17 - Um porto seguro (+18)

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"Evitar o perigo não é, a longo prazo, tão seguro quanto expor-se ao perigo. A vida é uma aventura ousada ou, então, não é nada".

Helen Keller

Eu tinha plena consciência de que estávamos indo rápido demais. Sabia que era uma loucura e que se parássemos pra analisar ou conversar seriamente sobre o que estávamos fazendo seria fácil enxergar que era cedo demais. Mas parecia tão certo.

Passamos mais de seis meses tentando evitar que os sentimentos que nutríamos um pelo outro tomassem conta de tudo e nos fizessem perder o controle sobre a situação. Era nítida a batalha que travávamos dia após dia para que esse turbilhão de sentimentos não acabasse com a nossa capacidade de discernir o certo do errado. Mas bastou um único toque, um único beijo, uma única noite juntos para que todo o esforço dos últimos meses se tornasse em vão. Ele jogou tudo pro alto pra me assumir, sem pensar duas vezes. Ele me fez duvidar de todas as convicções que eu tinha sobre o amor, dos julgamentos que eu fazia, porque desde a primeira vez que me tocou ele teve certeza do que sentia que arriscou tudo por mim. E eu o admirava por isso.

A grande verdade era que eu já o amava antes mesmo de ser tocada por ele. E não tinha ideia de como era me sentir assim. De como era amar alguém assim. É algo que entorpece e perfura ao mesmo tempo, um sentimento que me faz sentir como se estivesse viva pela primeira vez e morta de muitas outras maneiras - memórias mortas do que era estar com outra pessoa antes desse homem; memórias mortas de como era viver a quilômetros de distância dele, sem conhecer o seu sorriso, a intensidade de seus olhos azuis, o calor do seu abraço forte. E conforme o tempo foi passando eu já não sabia mais como viver sem ele.

Eram os olhares apaixonados trocados no trabalho, sem conseguir disfarçar. Os sorrisos roubados com um simples toque. Foi o momento que ele segurou a minha mão e não soltou enquanto me apresentava para os seus filhos. Eram as gargalhadas que ecoavam pela casa enquanto eles brincavam. Taylor transformou toda a minha vida e se transformou no meu lar.

Meu coração parece se arrastar até a garganta quando me percebo ao lado dele, fazendo coisas casuais, cotidianas. Às vezes, no meio de nossas conversas diárias, percebo que a forma como ele me encara é mais íntima do que seria qualquer beijo, qualquer sexo, qualquer coisa e eu me pego ainda sem acreditar que nós estamos mesmo ali, juntos, conversando, e até mesmo brigando, mas principalmente nos amando acima de tudo.

De todos os filhos de Taylor, eu enfrentava resistência apenas de Penny. Ela era extremamente ligada à mãe e não conseguiu aceitar bem o divórcio. Taylor se preocupava com as coisas que a Natalie falava pra ela e, por mais que ele insistisse, Penny não queria frequentar a nossa casa. Eu ficava angustiada ao vê-lo triste daquele jeito. Presenciava longas discussões entre ele e a Natalie ao telefone. Além de dificultar a relação dele com a filha, Natalie se recusava a aceitar o acordo proposto no divórcio. Mesmo assim, ele precisava se afastar de Tulsa por conta do trabalho.

Passamos três semanas longe de casa. Três semanas entre Los Angeles e Nova York numa rotina massacrante de entrevistas, programas e sessões de fotos para a capa e divulgação do álbum.

Nós brigávamos constantemente e depois fazíamos amor como se não houvesse amanhã. Aquilo me deixava louca. Levávamos o trabalho a sério demais e raramente concordávamos. Mas eu adorava assisti-lo trabalhando. Ele era um cretino porque era intensamente impaciente e ao mesmo tempo obcecado pela perfeição; ele esperava de todos o mesmo padrão que mantinha para si mesmo e não aceitava nada menos do que o melhor de cada um. Mesmo que nem sempre gostasse de seus métodos, eu tinha de admitir que sempre gostei de sua expectativa de que eu trabalharia mais duro, melhor e de que eu faria qualquer coisa para conseguir resultados. E eu conseguia. Porque amava o meu trabalho. E acreditava no que estava vendendo.

COM TODO MEU AMOR (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora