dois

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Os seguranças que seguravam Simon o deslocaram  para longe dali enquanto o mesmo me insultava de todas as maneiras possíveis.

Encarei meus pés no chão que já doíam devido o aperto e altura do sapato. Minhas mãos tremiam e lágrimas silenciosas escorriam pelo meu rosto, fazendo um caminho até meu pescoço e se perdendo no meu colo. Não conseguia olhar para a pessoa a minha frente e nenhum som coerente saía da minha garganta se não os soluços baixinhos. Meus braços se cruzaram a minha frente e inclinei meu tronco pra baixo forçando o ar a entrar nos meus pulmões.

Um toque suave no meu ombro e eu o encarei. Seu olhar era acolhedor mas também parecia perdido e confuso como se não soubesse o que fazer.
Seu contato não me incomodou, ao contrário, me transmitiu um pouco de segurança e eu não quis me afastar. Sua outra mão foi até minhas costas e sua palma fez um carinho por lá numa tentativa de me acalmar.

 —Você está bem? —  sua voz era baixa porém firme.

Eu não considerei antes de levar minhas mãos até sua cintura e o aproximar de mim. Meus soluços se tornaram mais intensos enquanto eu desabava em seus ombros e ele me segurava apertado, seus dedos passeando pelo meu cabelo.
Não sei exatamente quanto tempo ficamos ali naquela posição, mas quando meu choro havia se acalmado e os soluços cessados, ele me afastou pelos ombros para que pudesse me encarar a tornou a perguntar se eu estava bem.

 — Agora estou —respondi baixinho e funguei, recebendo um sorriso pequeno como confirmação.

Me afastei mais dele e olhei ao redor, só agora percebendo a presença de um dos seguranças. Questionei-me onde estava o outro com Simon mas afastei a pergunta da minha mente. Isso não me interessava.

 — 'Pra onde você estava indo? —  voz incrivelmente rouca falou novamente e encarei o dono dos lindos olhos verdes obrigando-me a reconhecê-lo.

Era Harry Styles.

Não sei quanto tempo fiquei a encará-lo como uma idiota mas acordei do meu transe quando ele pigarreou.

- Uh... Estou no Cosmopolitan.

Ele fitou o segurança que estava um pouco distante de nós e o homem assentiu, falando em seguida pela primeira vez.

 —É na mesma que estás hospedado.

— Tudo bem se eu levá-la até lá? — indaga de um jeito amável e tímido.

Ponderei ir com ele. Mas o que eu estava pensando?! Não podia aceitar sua carona, de forma alguma. Ele é um cantor famigerado e eu sou uma repórter. Já tive o suficiente por hoje.

—  Obrigada mesmo, mas eu posso ir sozinha. Mas muito obrigada... Er... Por tudo...  —respondo-o obrigando meus músculos a se movimentarem. Procuro a chave do carro com os olhos e abaixo para pegá-la no chão. Apertei o objeto com força entre meus dedos tentando esconder o tremular de minha mão.

— Tem certeza? — assinto.—  Certo. Hum... Espero que fique tudo bem. Se estiver precisando de ajuda, não hesite em pedir.

Sorrio sem mostrar os dentes, meus lábios se transformando numa linha reta e me despeço antes de dar a volta e entrar no carro. Me apoio no volante e acalmo minha respiração tentando digerir tudo o que aconteceu nos minutos anteriores. Depois de três tentativas, consigo encaixar a chave no buraco e dou partida no carro vendo que Harry e seu segurança não estão mais ali.

Cheguei ao Cosmopolitan cerca de quarenta minutos depois. Havia olhado meu reflexo no espelho e meu estado era deplorável. Olhos vermelhos e inchados, nariz vermelho, alguns hematomas e a maquiagem completamente borrada (eu estava parecendo um panda!). Estacionei o carro no parque e me dirigi até o elevador descalça com os enormes saltos na mão. Evitei fazer contato visual com os demais presentes no recinto  mas senti os olhares das pessoas me queimando.

Felizmente, não havia ninguém no elevador então pude subir tranquila até o oitavo andar que era onde meu quarto ficava. Caminhei sob o carpete vermelho até a imponente porta marrom de número 103 e coloquei meu cartão no leitor torcendo para que minha amiga já estivesse dormindo. Tamanha foi minha decepção quando encontrei a mesma sentada no sofá com diversos livros ao seu redor encarando a televisão que passava uma série qualquer que ela provavelmente já vira incontáveis vezes. Assim que entrei e fechei a porta, Alice se virou pra mim com um sorriso enorme que foi morrendo conforme seu olhar passeava pelo meu corpo. Deixei que os saltos caíssem no chão e apoiei meu peso na porta.  Alice se levantou do sofá em um sobressalto e se dirigiu até mim com um olhar curioso e preocupado.

— Mas que p*rra aconteceu? — diz um pouco alto demais para minha dor de cabeça. Em outra ocasião, eu a repreenderia pelo palavreado mas no momento não dava a mínima.

Caminhamos juntas até o sofá cinza em forma de L e ela empurra os livros para um canto e pausa a TV. Nos encaramos por alguns segundos.

— Simon aconteceu.

—Ele brigou com você? — confirmo. — Seu rosto está marcado... ele te bateu?! — seu tom cuidadoso e indignado de quem perdeu alguma coisa. Assinto antes de começar a pensar em como vou contá-la tudo que aconteceu até hoje.

Alice sabia muitas coisas sobre mim, nós nunca tivemos segredos entre nós até Simon chegar. Ela sabia apenas do ciúmes dele mas não sabia que isso o deixava descontrolado e por isso ele me batia.

 Alice sempre desconfiou das minhas desculpas esfarrapadas. Nem um cego caía tanto da escada quanto eu. Mas ela não me pressionava, só me incentivava a pôr um fim no nosso relacionamento. Segundo ela, um relacionamento é uma troca, e se só eu amava, só eu abria mão das coisas, não era uma troca justa.

Contei a ela desde a primeira vez que ele me bateu— quando falei que não pararia de falar com Tristan— até hoje. Quando terminei nós duas chorávamos abraçadas.

 —Por que você não me contou antes? Eu teria te ajudado, amiga. Você devia ter me deixado ajudá-la.

— Era um segredo, se eu te contasse teria que te matar — faço referência a uma de suas séries favoritas e rimos. — Brincadeiras a parte, eu tinha vergonha, sabe? Você sempre foi tão resolvida e autossuficiente. Eu não queria que ficasse decepcionada comigo.

— Amiga... A culpa não era sua, nem nunca será. Não se culpe por um erro de alguém, muito menos por fazer o que é melhor pra você. Tu é a pessoa mais doce e gentil que eu conheço e eu te admiro muito por isso— me abraça— Não se preocupe com nada, okay? Iremos resolver isso juntas.

—  Obrigada, amiga. Eu preciso de um banho e muitas horas de sono mas prometo que amanhã lhe contarei todo o resto. Você não vai acreditar em quem me ajudou! 

Me levanto e dou um beijo de boa noite em sua testa. Ignoro seus gritos e xingamentos e me tranco no quarto, tirando minhas roupas no caminho até o banheiro. Fico no banho por diversos minutos. Esfrego meu corpo com o intuito de tirar qualquer resquício de Simon da minha pele, já que não podia tirar da minha mente. O cheiro de cigarro saiu e junto com ele o perfume doce de Harry.



...

Olá, vocês! Turo bom?

Acho que eu demorei um pouco pra postar o capítulo mas estou com algumas problemas pessoais e não estou conseguindo fazer nada ultimamente. Eu estou muito sadgirl e fico sofrendo o dia todo rs

Bem, eu particularmente gostei muito desse capítulo. Espero que também tenham gostado. Não deixem de votar e comentar se puderem :)

Alguém além da   vai no show do Hazz? Se sim, do de SP ou do RJ? Se não, me abracem e vamos chorar.


música do capítulo:  a.m - one direction

Carolina  {hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora