cinco

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Ao chegar ao aeroporto de Nova Iorque, num domingo à noite, uma pontada de tristeza me atingiu ao perceber que com de excessão Alice, eu não tinha mais ninguém.

Todas as pessoas que estavam comigo, foram afastadas por mim por influência de Simon.

Eu pensara que ao terminar o namoro, tudo que Simon havia trazido de ruim para minha vida iria embora com ele. Mas não era bem assim, as consequências estavam ali e não havia como mandá-las embora apenas com um 'não dá mais'.

Peguei um táxi até meu apartamento e fui trabalhar depois de um banho e uma xícara de chá, ambos quentinhos.
Meu trabalho consistia em avaliar e escrever matérias para a Clark. Eu costumava ir até o prédio da revista depois da faculdade mas a maior parte do trabalho eu fazia em casa.

O e-mail que recebi não saía da minha cabeça, tal como Harry. Se eu fechasse os olhos e me esforçasse para lembrar, conseguiria sentir seus braços ao redor do meu corpo, seu cheiro suave e sua voz dizendo pra mim que ficaria tudo bem enquanto seus dedos passeavam pelo meu cabelo.

Quando decidi que já estava bom e que já estava tarde para quem acordaria cedo, me deitei e tentei dormir.

Os últimos meses da minha vida passando na minha cabeça como um filme numa televisão. Tudo que alcancei e tudo que perdi por ter alguém.

Mas eu não podia culpar Simon por tudo, apesar de ser coagida na maioria das vezes, eu fazia por conta própria. Eu parei de falar com meus amigos, eu quem me afastei.

Quando os pensamentos foram demais para minha cabeça, mergulhei na inconsciência e na escuridão que logo foi substituída por belos olhos de esmeralda.

...

Estávamos no mesmo lugar que há alguns dias, falando sobre a mesma pessoa, porém a edição da revista era diferente e mais nova. Na página 23, lá estava uma foto minha e de Simon de mão dadas, a foto cortada no meio e cada um de um lado.

Já mais embaixo, numa entrevista, Simon insinuara que eu o havia traído.

"É triste saber que você se dedicou completamente a uma pessoa enquanto ela se dedicava a outra que não era você."

Logo embaixo a revista fazia especulações e falava sobre mim e sobre quem seria a outra pessoa. No mesmo texto, defendiam Simon e insinuavam coisas horríveis sobre minha pessoa e meu caráter 'duvidoso'.

- Amiga, você não pode deixar ele destruir sua imagem dessa maneira. Você não pode deixar ele te mostrar como vilã quando quem fez o mal foi ele - Alice dizia pra mim com cautela e doçura na voz.

- Eu sei que não, mas o que eu vou fazer? Ele é adorado por diversas pessoas e eu não tenho provas do que ele fez.

- Você precisa dar a sua versão da história, sim? Faremos a denúncia e você irá escrever uma matéria falando sobre tudo que houve entre vocês. Você não está sozinha, Cah. Há muitas pessoas que passam pelo que você passou, tens que falar sobre isso e incentivá-las a denunciar.

- Você tem razão... Eu vou pensar.

...

Estava arrumando minha mesa no trabalho para finalmente ir para casa. Como da última vez, recebi olhares e indagações silenciosas de todos colegas que me conheciam e sabiam sobre mim e Simon. Mas eu não ousei retribuir nenhum e nem iria falar sobre isso com ninguém que não confiasse. Minha chefe pediu para eu esclarecer as coisas, visto que a revista Jones era uma forte concorrente no mercado, mas disse que respeitava meu tempo e que se eu precisasse de algo poderia contar com ela.

Carolina  {hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora