seis

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Respirar.

Eu precisava respirar.

Encarei a beldade a minha frente. Sua blusa social branca de botões com os últimos abertos me dava a visão das duas andorinhas em seu tronco e de sua corrente que pendia uma cruz. Ele usava uma calça preta apertado o suficiente para delinear perfeitamente seu corpo, sapatos bege de camurça com saltos o deixavam cerca de quatro centímetros mais alto.

Novamente, a cena no estacionamento rodou minha mente e eu não sabia o que dizer. Apenas travei, meus olhos arregalados e minha boca entreaberta. Sabia estar fazendo papel de idiota mas eu estava num dos muitos momentos da minha vida que não conhecia o que fazer. Ficar encarando o garoto com os olhos quase a sair do rosto era uma das coisas que eu definitivamente não deveria realizar, com toda certeza. 

Mas o que eu diria? O que ele pensaria de mim?

Cristo, eu era a garotinha frágil que precisava ser salva. 

  — Uh, eu estava em Nova Iorque. Na premiação. Deve ser de lá que me conheces. — respondi após longos minutos a fitá-lo como louca. 

Me arrependi no instante que seguiu às palavras serem ditas. Reconhecimento passou pelo seu rosto e de repente ele pareceu preocupado. Senti-me mais incompetente  que nunca. Nada disso deveria ser sobre mim. Eu só precisava fazer as perguntas. As malditas perguntas e poderia ir embora, mas nem isso eu era capaz. 

  — Ah, sim. Tens razão. Você está bem? — o tom de sua voz fez com que eu me sentisse importante.
E eu não era importante.

Ele se preocuparia se fosse com qualquer outra pessoa, eu era apenas alguém que havia apanhado de um homem mais forte.

  — Sim, estou. Podemos continuar?  — falei numa tentativa de colocar um ponto final no assunto. Ele assentiu, de repente adquirindo uma expressão séria e eu encarei o celular em meus dedos com as malditas questões. Minhas mãos estavam trêmulas e o ar entrava com dificuldade em meus pulmões.

  — Antes de começar sua carreira solo, você era da One direction, sim? Como você fez para lidar com a morte de seu amigo?

Eu realmente me senti mal falando sobre aquilo. Ironicamente, sempre achei inconveniente as pessoas invadindo a privacidade dos outros. Como se fossem apenas brinquedos feitos para produzir dinheiro e notícias. Mas eu precisava perguntar mesmo que isso me deixasse mal, foi o que escolhi fazer. Era meu trabalho.

Ele engoliu em seco antes de responder. — Foi difícil para mim. Para todos, na verdade. Louis era um grande amigo e as vezes ainda não acredito que ele realmente se foi. Entretanto, eu aprendi a lidar com a perda e agora não dói tanto como antes, embora seja doloroso, não há como mudar isso.

Assenti e agradeci internamente quando o garçom trouxe nossos pratos. O resto da entrevista ocorreu normalmente com perguntas mais leves e simples. Pelo que vi na internet, Harry e Louis eram muito próximos. Realmente, era triste ver alguém com tanta coisa pela frente viver tão pouco tempo.

Harry me mostrou seu albúm para que eu pudesse ouvir — mesmo que eu já houvesse o escutado cinco vezes — e aguardou com uma expressão animada enquanto eu tentava me controlar para não partir meu rosto com o sorriso.

  — O que você achou? —  me perguntou depois de eu escutar algumas canções. Deveria ser crime uma pessoa bonita assim ter uma voz tão bonita. E, aparentemente um coração bonito também.

Harry Styles era tão lindo que me apetecia morrer.

  — Eu sinceramente amei. É o tipo de coisa que eu ouviria pelo resto da minha vida sem enjoar. —  o sorriso que recebi como resposta fez meu coração se aquecer. 

Carolina  {hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora