Anastásia Steele é uma mãe solteira de apenas 21 anos. Abandonada pelos pais ainda na adolescência, por não apoiarem a gravidez precoce, ela vai viver com o namorado, mas após perde-lo, ela se vê completamente sozinha morando em um carro com seus fi...
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Anastásia Steele
Esfrego meu rosto mais uma vez e olho para cima encarando a Lua tão grande e redonda. Está frio hoje, e mesmo com o vento chicoteando em meu rosto, eu não me sinto à vontade para entrar no carro. Eu não consigo olhar para os meus filhos mais uma vez e saber que não consegui aquele emprego. Era a nossa chance, tinha tudo para dar certo, mas sempre que eu falo que tenho três filhos, eles soltam um 'sinto muito'.
Eu já nem sei mais o que fazer. As crianças estão com fome, com frio, e sem contar que estão enfurnadas nesse maldito carro. Nós estamos aqui há mais de três meses. Eu nunca me imaginei passando por essa situação, mas talvez seja a minha culpa. Eu já nem sei mais.
Talvez meus pais estivessem certos, mas se eu tivesse feito tudo o que eles disseram, eu não teria meus filhos hoje. Meu estomago embrulha com a ideia. Tomo um pouco de folego e decido entrar no carro, Thomas e Gabriela estão dormindo tranquilamente nas cadeirinhas e Júlia está deitada no banco. Ela tem sido tão forte. Eu me sinto tão culpada por tudo isso.
Rick morreu há quase oito meses, nós ficamos com a casa até o governo nos enxotar. Eu não gosto nem de lembrar. Depois eu fui demitida, e agora posso perder as crianças. Eu não sei o que seria pior.
— Mami, minha garganta doendo — Júlia murmura e eu me viro encarando-a — está muito frio aqui dentro.
— Eu sei querida — sussurro me virando e seguro sua mão — mas tudo vai melhorar, você lembra?
— O Sr. Bigodes está com frio. Você pode abraça-lo, mamãe?
— Claro, claro que posso.
Encaro minha pequena menina enquanto ela me estende seu unicórnio de pelúcia, sorrio e aceito o ursinho. Ele já está velho, com alguns rasgos e muito sujo, mas Juju adora o Sr. Pompom, foi presente do pai dela. Aperto o ursinho contra meu peito e suspiro. Eu sinto tanta falta dele. É tão doloroso. Ele nunca me abandonou, esteve comigo em todos os momentos, mesmo quando meus pais me mandaram embora de casa por eu não querer abortar. Ele estava lá, segurando firmemente a minha mão. E agora ele se foi.
— Mami. — Viro-me e encaro Juju. — Vai ser melhor amanhã, está bem?
— Está bem. Vá dormir.
Ela sorri e se encolhe no banco puxando a coberta. Apoio-me contra o volante e suspiro. Eu queria tanto ter a fé de Juju. A Fé dela seria o suficiente para metade do mundo ou mais. Ela tem um grande coração, e eu não posso nem imaginar como seria minha vida sem ela ou seus irmãos.
Certo. Encosto-me no banco e levanto a cabeça para conter as lágrimas.
Vai ser melhor amanhã. Tem que ser.
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