❦ Protegendo-se da Chuva ❦

8.3K 826 342
                                    

Anastásia Steele

Sorrio enquanto observo as crianças brincando no gramado do parque. Eu os trouxe aqui hoje, ao menos para tentar aliviar um pouco a tensão. Nos últimos três dias Juju ficou muito doente, eu a levei no hospital, mas não tenho dinheiro algum para comprar os remédios. Isso me mata. Vê-la com dor e não poder fazer absolutamente nada. Eu me sinto uma mãe tão ruim. Eu já nem sei o que fazer.

Respiro fundo tentando não chorar e aceno para Juju que está sorrindo para mim. Enfio minha mão no bolso do casaco e retiro o papel que uma assistente social me entregou. Eu não posso mais ver meus filhos nessa situação e não fazer nada. Eles merecem o melhor. Merecem uma casa, uma mãe e um pai que façam tudo por eles. Se alguém tem que sofrer, passar fome, frio, ou qualquer coisa. Que seja eu. Não eles. Eles não merecem isso.

Encaro-os e sinto as lágrimas já escorrendo pelo meu rosto, eu sei, eu tenho que fazer o que é melhor para eles. Para mantê-los bem, mesmo que isso signifique abrir mão deles. A assistente social me disse que eles seriam adotados logo. Isso me enche um pouco de esperança... saber que eles ainda podem ser felizes. Vai ser doloroso, mas eles vão esquecer de mim uma hora, e eu vou leva-los para sempre comigo.

Pensei muito sobre isso nos últimos dias, enquanto observava Juju ardendo em febre, e não tinha como comprar um remédio sequer.

Suspiro pesadamente e enxugo minhas lágrimas antes que Juju me veja assim. Já está ficando tarde, é melhor eu voltar para o carro com eles, talvez essa seja a nossa última noite. Eu tenho que fazer o que é melhor para mantê-los bem. Levanto-me e caminho até as crianças com pesar, abaixo-me ao lado deles e ganho um sorriso de Gabriela.

— É melhor nós irmos. — Sussurro limpando as mãozinhas de Thomas. — Está ficando muito tarde.

— Minha garganta está doendo, mami. — Júlia murmura enquanto ajuda Gabriela a ficar em pé.

— Eu sei, querida. — Meu coração se aperta com o pensamento de deixá-la, mas eu não posso mais vê-la ficar doente assim, e não poder fazer nada. — A mamãe vai dar um jeito. Ok?

— Está bem, mami.

Sorrio e toco a ponta de seu nariz. Pego Gabriela e Thomas no colo e Juju segura a barra da minha blusa. Começamos a andar e logo avisto o carro. É a única coisa que ainda tenho do meu namorado. Olho para baixo e encaro minha filha, ela me encara com seus grandes olhos azuis e apenas sorri ruborizando. Como eu vou viver sem isso? Como vai ser não ter esse sorriso todos os dias?

Tomo folego e olho para frente. Eu não posso chorar agora. Não posso.

Finalmente chegamos ao carro, bem a tempo de fugir da chuva, abro a porta e coloco os bebês dentro, então me viro para pegar Júlia. Ela está com os olhos arregalados olhando algo atrás de mim. Meu coração dispara e eu me viro lentamente vendo um homem com uma arma apontada para mim. Automaticamente as lágrimas começam a escorrer.

— As chaves. — Diz apenas.

— Por favor... não faz isso. — Imploro entre lágrimas.

— As chaves! — Grita e eu me encolho.

Estendo-lhe as chaves com o pesar. Meu Deus! O que vai acontecer conosco agora?

— Meus bebês estão no carro. — Sussurro quando ele pega a chave.

— Pega eles e vaza! — O homem grita e eu me encolho.

Balanço a cabeça e me viro rapidamente tirando Thomas e Gabriela de forma desajeitada do carro, o homem me empurra e eu trôpego caindo no chão com meus filhos enquanto ele entra no carro e arranca fugindo. As lágrimas começam a escorrer de forma frenética e tudo que consigo fazer é puxar Júlia para os meus braços ao mesmo tempo em que a chuva começa a cair sobre nós.

À Procura do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora