A?A! - Capítulo 17 - Pray You Catch Me

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Revisado por Luiz Monteiro.

Não preciso dizer que a conversa com Gabriel não foi nada produtiva, na verdade tinha sido um desastre. Gabriel era gay sim, mas odiava isso. Mesmo já estando envolvido com Scott. E naquele momento ele era a minha principal preocupação.

Gaby ainda respirava profundamente depois de despejar todas aquelas "verdades" em mim. Aquilo tinha me magoado, principalmente porque eu não sabia exatamente o que Linkin tinha dito. Então respirei fundo, mudando de tática.

― Se você quer ser gay ou não, isso você não pode escolher. Você nunca vai poder escolher entre ser gay e hétero, Gabriel, mas colocar Scott em perigo é uma escolha sua, de vocês ― disse. Os olhos dele se arregalaram.

― O... Que quer dizer com isso? ― perguntou ele aflito. Preocupação. Era isso que tinha nos olhos dele e isso mostrava que ele se importava com Scott, poderia usar isso para ajudá-lo no futuro, mas naquele momento, salvar Scott era mais importante.

― Você não parou para pensar no emprego dele? Na carreia dele? Sabe o que vai acontecer com Scott no momento que seu tio descobrir que vocês estão tendo um caso? ― perguntei sendo duro, Gabriel precisava de um choque de realidade.

― Tio Linkin não pode fazer nada, ele também é gay. Ele não seria homofóbico ― disse ele.

― A questão não é ele te aceitar ou não, na verdade a questão não chega nem perto disso ― disse olhando diretamente para aqueles olhos acuados ― Mas sim que um dos funcionários dele de 24 anos, contratado para auxiliar ele e sua família está de caso com o sobrinho dele de 17 anos. Para Linkin, Scott quebrou todos os protocolos e códigos de ética quando ficou com você. Para ele, Scott seduziu o sobrinho dele, Linkin não vai deixar isso barato. Scott vai ser demitido como também nunca mais vai trabalhar nessa cidade.

― Não, ele não me seduziu, ele me ajudou e acabou acontecendo. Ele não tem culpa ― disse ele acuado.

― Não vai ser assim que vai parecer, Gabriel ― disse. Ele ficou tão atordoado que saiu do carro em disparada, deixando a porta aberta, aquela conversa não tinha sido boa, mas uma semente eu tinha plantado. Só esperava colher a planta certa.

Liguei o Jeep e segui para casa dos meus pais, naquela noite eu dormiria com eles. A minha vida está sendo um desastre.

***

A minha rotina não estava sendo muito diferente, meu pais continuavam a me encher o saco. Mamãe ia todos os dias na casa da minha sogra para ajudar com os meninos, papai saia com Gabriel para Deus sabe onde. Ele já não fazia uma careta ao ouvir o nome do meu marido, mas ainda não ficava feliz. O motorista ia pega-los para levar à escola. Resolvi dar um pouco de espaço, à noite, antes da faculdade eu ia vê-los. Meus colaboradores estavam mantendo tudo em ordem. Parecia que tudo ia entrar nos eixos.

Meu aniversario cairia em uma sexta, por isso os meus alunos começaram a fazer pequenas festinhas na escola para mim, não preciso dizer o quanto isso me alegrava. Passei uns três dias comendo bolo em quase todos os tempos, meus colegas até ficavam com um pouco de ciúmes.

Tudo foi muito bom, eu trabalharia na sexta, por isso decidi com meus pais de fazer algo no sábado, apenas para nós.

Naquela mesma sexta feira eu recebia a última festa da turma do terceiro ano C. Foi incrível, ganhei alguns presentes. Muito bolo, balões, promessas que eles iriam melhorar as notas, tudo aquilo de sempre. Coloquei tudo no meu carro e fui para casa dos meus pais. Estranhamente, estava tudo calmo, subi para o meu quarto e coloquei tudo na cama.

Tomei um banho, troquei de roupa e fui ver o que eu tinha ganhado. Entre roupas, livros, comida, revistas e aeromodelos, eu tinha ganhado algo incomum. Um porta-retrato, quando abri a caixa, continha uma foto minha e de Linkin, mas não era qualquer foto, era uma cópia menor da que ele tinha me dado de natal quando me contou do nosso primeiro beijo. Só Linkin tinha aquela foto. Abri um sorriso pensando que ele tinha subornado um dos meus alunos para me dar aquele presente, mesmo sendo repetido. Eu sorria quando notei um pequeno papel por trás da foto, o porta-retrato era fundo e tinha um espaço pequeno ali.

Aceito? Aceito!  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora